Já ia completar seis horas da tarde quando Isabella passou pela porta com um grande sorriso no rosto, aparentemente empolgada pela noite com sua amiga. Mal podia esperar pra contar tudo o que tinha acontecido a sua familia, mas quando olhou seus avós, ou pais, como se acostumou a chama-los, seus rostos estavam preocupados.
- Eiii, cheguei. - Disse alegre e correu para abraçar Sophia e Micael. Sem ainda se dar conta de que tinha gente demais naquela sala. - Foi tão legal, mãe. A mãe da Sula fez varias coisas gostosas pra gente comer.
- Meu amor, a gente precisa conversar com você. - Sophia disse apreensiva e a menina fechou o riso de empolgação.
- O que aconteceu? - Só então ela pareceu se dar conta de que tinha mais gente na sala. Ela olhou nos olhos de Laura e fez uma careta tentando lembrar. Até que... - Mãe?
- Oi, filhota. - Laura disse com os olhos cheios de lagrimas, mas Bella não foi até ela dar-lhe um abraço, permaneceu abraçada a Sophia.
- A sua mãe voltou e quer conversar com você. - Micael disse firme, estava tentando ser forte, mas aquilo tudo acabava com ele. Isabella assentiu. Soph e Mica pegaram Aninha e saíram da sala.
- Filha, você pode me dar um abraço? - Isabela ainda não sorria, tudo aquilo era muito confuso pra ela ainda. Ela não tinha raiva da mãe, mas também não morria de amores, afinal, nem a conhecia.
- Por que você foi embora? - Falou olhando nos olhos de Laura, ela não tinha se mexido para abraçar a mãe.
- Porque eu precisava me encontrar. - Laura desviou os olhos, aquilo era mais difícil do que ela imaginava. - Eu tive você muito cedo, eu não tinha nem uma profissão. Eu fui em busca de algo que desse sentido a minha vida.
- Entendi, levou quase oito anos pra sentir minha falta? - Disse receosa.
- Não, logico que não. - Sentou um pouco mais perto. - Eu senti sua falta por todos os dias, mas só pude voltar agora.
- Aquela menininha é minha irmã? - Laura assentiu. - Pelo visto você conseguiu estabilidade há alguns anos.
- Filha, eu voltei pra te buscar. - Bella arregalou os olhos. - Eu encontrei uma pessoa bacana, um bom pai, ele vai te tratar bem. Nós vamos ser felizes.
- Ou ou ou - Se levantou do sofá num pulo. - Eu não vou a lugar nenhum.
- Você não quer morar comigo? Com a sua mãe? Eu já conversei com os seus avós, tá tudo certo. - A menina ficou ainda mais indignada.
- Eles não se importaram de você aparecer do nada e querer me levar pra Nárnia? - Disse um pouco alto, mas controlou sua voz, não podia acreditar naquilo. - Eu não consigo acreditar que não se importam.
- Filha, eles disseram que você ia decidir, que não iam interferir na sua decisão e eu realmente queria que nós ficássemos juntas de novo. Eles podem te visitar sempre.
- Onde você tá morando? - Ergueu uma sobrancelha, Laura hesitou em dizer mas não teve muita escolha.
- Em São Paulo. - A menina riu.
- Tá, nesse caso eu vou ficar por aqui mesmo. - Laura também se levantou e pegou suas mãos.
- Filha, nem é tão longe assim. - Tentava de tudo, mas no fundo sabia que não ia conseguir convencê-la.
- Olha mãe, eu tenho onze anos, eu tenho a minha vida, meus amigos, minha escola e meus avôs. Eu não quero e não vou me afastar deles por uma mãe que sumiu e apareceu agora do nada. Eu os amo. - Laura ia falar, mas Bella não deu chance. - Isso não significa que eu não te ame, mas pensa bem, quando a vovó voltou, você largaria meu vô pra ir morar com ela?
- Não, claro que não. - Disse baixo.
- Então pronto, eu quero ficar aqui, eu posso ir visitar você nas ferias, ficar uns dias, mas eu não vou embora. - Disse por fim e Laura suspirou.
- Tudo bem, eu prometi que ia respeitar. - Bella balançou a cabeça, se aproximou da mãe e a abraçou. Laura chorou como uma criancinha, Isabella era muito importante pra ela. - Eu te amo, filha.
- Eu também te amo mãe. - Disse de volta e então, alguns minutos no abraço, Laura chamou seus pais pra sala. Micael e Sophia bastantes nervosos com medo da resposta de Isabella. Aninha tinha dormido no quarto. - Vocês dois - Isabella começou. - Acharam realmente que iam se livrar de mim tão fácil assim? - Abriu um sorriso tranquilizando o coração de Micael e Sophia.
- Ah, minha pestinha! - Micael disse e a puxou para um abraço. - Eu sabia que ia escolher ficar aqui, eu sou muito mais legal que essa sua mãe.
- Ah, pai. - Laura limpou as lagrimas de novo. - Não vem implicar comigo agora não tá! - Micael a puxou para um abraço.
- Eu te amo menina. - Deu um beijo em sua cabeça. Ouviram um barulho e era Eric chegando da escola. Ele sempre chegava depois de Isabella.
- Tá ai uma cena que não se vê todo dia. - Se referia a Micael abraçando Laura.
- Deixa de ser chato, pirralho! - Ela respondeu rindo.
- O que acham da gente pedir uma pizza hoje? - Todos concordaram.
E assim, nem que fosse naquela noite, a familia Borges estava reunida. Sem magoas, sem brigas e sem estresse. Apenas se amando, apenas sendo felizes.
FIM.
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