Futuro Planejado - Capitulo 42

O Velorio não durou muito e fomos ao enterro, ver aquele caixão ser enterrado doeu no fundo do meu peito. Eu achava que não era ele, mas a possibilidade de ser me deixava doente. Cada lagrima rolava com desespero em meus olhos. Eu abracei meu pai e ele me segurou, segundos antes que eu caísse no chão quando tudo se apagasse.

Acordei estava deitada em uma cama de um quarto de hospital. Olhei em volta mas não tinha nada e também não se ouvia nada a não ser o barulho irritante das gostas de soro caindo dentro do saco. Olhei para o teto e me pus a pensar nos momentos maravilhosos que eu tive com ele. Ele não podia ter ido embora assim. Eu descobriria o que o Leonardo fez. Fechei os olhos quase ao mesmo tempo em que ouvi passos do lado de fora da porta, eram três pessoas e elas conversavam num tom baixo, mas ainda sim eu ouvia.

- Como ela está doutor? – Minha mãe perguntava agitada.

- Ela está otimamente bem.  Foi apenas uma queda de pressão. – O medico disse e eu pude ouvir o ranger da porta e logo depois alguns passos adentro do quarto.

- Ai que ótimo, achamos que era alguma doença. – Meu pai dizia agora claramente aliviado.

- Não diria doença. Ela tem outra coisa. – Ele fez suspense.

- O que ela tem? Pelo amor de Deus diga que não e nada grave. Ela acabou de perder o marido, não pode ficar doente também.

- Ah, nossa meus pêsames a ela, agora nem sei se vai ser uma boa noticia. – Ele resmungou.

- Dia logo, por favor – Exclamou minha mãe aflita.

- Ela está grávida. – Ele disse por fim e eu abri meus olhos.

Naquele momento pouca coisa fazia sentido.  Eu pensava em toda minha vida e ela se resumia a nada antes de Micael. Todas as minhas lembranças que eu tinha dele, eu fazia questão de lembrar das melhores, quando tivemos nossa primeira noite de amor, quando tivemos a ultima, quando eu disse o primeiro “te amo” e quando eu rasguei aquele divorcio, todas eram abafadas pela dor da perda. Eu involuntariamente coloquei minhas mãos sobre a barriga. Ele tinha ido, mas tinha deixado uma parte de si comigo, o que era estranho pois ele sempre teve tanta precaução nessas horas. Eu senti lagrimas rolando mais uma vez, dessa vez por alegria pelo meu bebê, seguidas de tristeza, porque ele jamais conheceria o nosso filho.

- Filha como você está se sentindo? – Minha mãe chegou perto da cama e colocou a mão na minha testa.

- Tô ótima, e meu bebê? – Olhei o medico enquanto ele sorria amavelmente pra mim.

- Seu bebê ainda é muito pequenino, tem cerca de um mês de vida, por isso você ainda não tinha percebido nada, pode ter menos que isso também, você vai ter que fazer o pré-natal pra descobrir exatamente. Nós fizemos um exame de rotina em você e foi ele que apontou a gravidez, meus parabéns e sinto muito pelo seu marido. – Ele disse e seu sorriso vacilou um pouco.

- Eu vou ter um bebê, Micael vai ficar tão feliz quando o conhecer! – Eu disse em voz alta. Esquecendo-me do fato que meus pais não acreditavam em mim.

- Filha...

- Nem começa mãe, ele ta vivo e vocês todos vão ver. – Disse a interrompendo. – Quando vou poder ir? – Olhei para o medico mudando claramente de assunto.

- Você fica em observação algumas horas e em seguida assinarei sua alta.

- Obrigada. – Sorri pra ele em agradecimento.

- Com licença – ele disse ao sair do meu quarto.

Olhei novamente minha barriga e não podia acreditar que era tudo de verdade, uma nova vida estava ali crescendo dentro de mim. O que eu faria agora? Ficaria em casa vendo televisão ou iria a luta para batalhar pelo que é de fato meu e de meu marido? Meus devaneios foram interrompidos por batidas leves na porta. Eu e meus pais dissemos “entra” em uníssono.

Um policial entrou com um bloco de notas e uma caneta em mãos.

- Pois não? – Dizia minha mãe cordialmente.

- Boa tarde, sou delegado Ferreira. Gostaria de tomar o depoimento da... – Ele olhou em suas anotações – Senhora Sophia Sampaio Abrahão Borges. – Disse olhando pra mim.

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Não fiquem aflitos gente, tudo se resolve!