Futuro Planejado - Capitulo 41

Acordei sem animo esperando que tudo aquilo não passasse de um simples pesadelo. Olhei para os lados e tive tristeza ao constatar que eu estava no quarto na casa da minha mãe e mais uma vez me pus a chorar.

Continuei deitada na cama até que minha mãe entrou no meu quarto.

- Filha já acordou? - Ela chegou devagar perto da cama.
- Já mãe, eu preferia estar dormindo ainda! - Disse sem animação.
- Eu vim te acordar, são dez e meia. O velório será as onze. - Disse cautelosa.
- Ok, eu vou levantar. - Disse chorando mais.
- Filha, esteja preparada. Você sabe que não vai conseguir identificar o Micael lá. - Ela tocou meu braço.
- Mãe, eu vou nesse enterro, mas eu sei que o Micael esta bem. Ele tá vivo. - Eu dizia quase sem esperança me obrigando a acreditar naquelas palavras.

Minha mãe só assentiu e saiu do quarto me dando um curto espaço de tempo pra levantar e agir. Fui no armário tinham poucas peças ali, mas tinham algumas pretas. Peguei um vestido básico e fui tomar banho. Não demorei e já estava pronta pra ir. Fui a sala e todos me esperavam.

- Vamos filha? - Meu pai sorria tentando me encorajar, eu segurei seu braço com medo de desabar a qualquer momento.

Entramos no carro e fomos em direção ao cemiterio, logo na entrada eu vi a familia dele, seus irmãos chorando bastante e até seu pai. A sua irmã que era a do meio estava muito abalada abraçada a Marcelo que tinha do lado, Luan o caçulo que tinha uma expressão seria. Jorge parecia se controlar, parecia forte, ao contrario de mim que cheguei naquele lugar e desabei no choro de novo.
Lidiane, a irmã de Micael veio me abraçar.

- Não chora princesa! - Ela tinha por volta de uns 15 anos.
- Como você me diz pra não chorar, chorando? - Ela disse, coberta de razão.

Nós duas nunca fomos exatamente amigas. Mas eu sabia que ela era a xodó de Micael, sua menininha. Quando ela me abraçou senti uma ligação incrivel com aquela menina.

- Sabe, eu sinto aqui - Pus a mão em meu peito - Que ele tá vivo.
Ela levantou o olhar e me encarou.
- Eu também, mas ninguem acreditou em mim.  - Me abraçou outra vez.
- Então só nós duas sabemos que ele tá bem, já que ninguem acredita. E esse homem que está ai - Disse apontando pra dentro do cemiterio - Vai ter um enterro digno, mas não terá sua familia aqui olhando por ele.

Ela sorriu e meio as lagrimas e eu retribui. Era bom encontrar alguem que tivesse o mesmo pensamento que eu. Nós entramos devagar até uma capela que tinha um caixão no centro, só que ele estava lacrado.

- Não vamos poder ver ele? - Eu disse, mas não sabia se realmente queria ver ou não.
- É melhor não, o corpo foi carbonizado, não esta reconhecivel. - Jorge se forçava a dizer ao mesmo tempo que forçava as lagrimas a não cair.
- Esse não é ele. Acreditem no que quiserem. - Eu acreditava não ser ele, mas as circustancias não eram nada favoravéis a minha teoria.

Ficamos por um tempo naquela capela, o lugar estava cheio, familiares, amigos, colegas de trabalho e o Leonardo. Em algum momento eu juro que o vi sorrir para o caixão. Quando ele viu que eu olhava rapidamente parou.
Sai de perto de Micael uma das poucas vezes e fui falar com ele.

- O que você fez com ele? - Perguntei cochichando pra Leonardo.
- O que eu fiz com quem? - Se fez de bobo.
- Com o Micael, você fez alguma coisa, mas aquele que está dentro do caixão não é ele. Você não o mataria.
- Sophia, você esta ficando louca. - Ele me disse na cara de pau.
- Você ficou com raiva por que eu me apaixonei por ele, por que eu o amava de verdade. Micael fazia de tudo pra esfregar na sua cara o quão bem nós estávamos. Depois daquela vez no celular, você ficou com ódio. - Eu disse o encarando séria.
- Você definitivamente não está falando coisa com coisa! - Ele sacudia a cabeça negativamente, até que eu vi um sorrisinho debochado em seu rosto.
- Eu vou infernizar a sua vida. - Disse por fim e me afastei dele, não valia a pena.