- Você vai ficar sem falar comigo até quando? – Sophia se arrastou para a cama pouco tempo depois de ter colocado a filha no berço. – Está fazendo um drama maior do que a situação.
- Você quer deixar de amamentar a nossa filha por conta do que aquela velha fala, Sophia. Ela precisa do seu leite, ela precisa das vitaminas, dos anticorpos que vem de você. Não é justo com ela.
- Micael, ela já tem seis meses,
ela come outras coisas, ela toma mamadeira... – Rolou os olhos. – E eu disse
que ia conversar com o pediatra antes de tomar qualquer decisão. Existem
crianças que não mamam leite materno desde que nascem e nem por isso são menos
saudáveis.
- Eu odeio a forma como essa mulher
te manipula.
- Ela não me manipula. Ela só fez
uma pergunta. – Rangeu os dentes. – E eu não sei pra que te contei, devia ter
imaginado que o drama ia ser gigante.
- Drama. – Fez uma careta. – Você
quer desmamar a Mirella pra cair no mundo de novo e ficar semanas sem aparecer
em casa. A quem quer enganar aqui?
- Engraçado que na hora de
prometer que não deixaria que um filho atrapalhasse a minha carreira você fez
isso bem rápido. Na hora de cumprir, pelo contrário...
- Eu queria muito que fosse eu a
viver fora de casa pra você ter noção do quão ruim é ficar aqui sozinho. –
Encarou a esposa. – Dia após dia, sem saber quando eu ia voltar, porque no
final das contas, você me dava um prazo e nunca estava certo, né?
- Quer saber, cansei desse papo. –
Virou para o lado. – Eu só achei que seria mais fácil conversar com você.
- Mais fácil? – Ergueu uma sobrancelha.
– Você quer que eu fique feliz sem ver você por sei lá quanto tempo? Eu amo
você e quero você perto de mim, isso pode soar egoísta, mas eu gosto das coisas
do jeito que estão.
- Você achou que quando eu tivesse
um filho eu ia abandonar tudo pra ficar dentro de casa, não é mesmo?
- Eu achei que no mínimo suas
viagens durariam menos porque você ia ficar com saudade dela, já que de mim não
tem.
- E seguimos com drama por aqui. –
Bufou. – Eu sempre senti saudades de você. Eu só gosto de trabalhar.
- Olha, se eu fosse um homem mau caráter,
eu já tinha botado quinhentas mulheres nessa cama. – Virou para o outro lado
oposto ao que Sophia estava deitada. Ela se sentou no susto depois das palavras
dele. – Você dá sorte, ou não né? Não sabe mesmo.
- O quê? – Tinha os olhos arregalados
no escuro. – Está me dizendo que trouxe mulher pra cá?
- Quem sabe? – Ele deu um
sorrisinho ainda de costas. – O que os olhos não veem o coração não sente.
- Você está de brincadeira. –
Puxou o braço do marido tentando fazer com que se virasse pra ela. – Só pode
estar, como você tem coragem de me dizer uma coisa dessa.
- Ué, Sophia. – Se sentou,
tentando ficar sério. – Quem não dá assistência, abre concorrência.
- Micael isso ai é chantagem emocional.
– Tinha lagrimas nos olhos. – Você não pode dizer pra mim que se eu for
trabalhar você vai ficar com outra pessoa. Isso é ridículo.
- Ah, eu não posso? Eu tenho que
aguentar tudo calado e ficar feliz com os poucos dias que você vem pra casa, é
isso?
- Você está falando sério? – As lagrimas
agora rolavam soltas. – Teria coragem? Ou melhor, já teve coragem? – Ela soluçava
a medida que ficava desesperada. Micael logo ficou com pena e suspirou. Puxou a
mulher para um abraço, ainda no escuro.
- É claro que eu não faria isso. –
Disse por fim. – Eu só falei porque estava com raiva. Me desculpa, não precisa
ficar assim. – Ela ainda soluçava. – Ei, para. Eu não fiz nada.
- Eu não quero que a gente chegue
nesse ponto. – Tentava estabilizar a voz, mas parecia impossível.
- Não vamos chegar, você me
conhece, eu amo você.
- Eu também amo você. – Já estava
consideravelmente mais calma.
- Vem, deita aqui. – Apertou a
esposa num abraço. – Depois a gente vê como fica isso, vamos dormir.
Alguns dias depois, após Sophia
ter conseguido o aval do pediatra sobre o desmame, ela estava na casa de Lua,
junto com Mel. Heitor e Matheus brincavam em algum canto da casa. Mel segurava
Mirella.
- Vai mesmo fazer isso? – Lua perguntou.
– Abandonar sua família pra ir viajar de novo.
- É uma viagem pra Itália. –
Contou empolgada. – E eu não vou abandonar ninguém, eu vou passar uma semana e
volto.
- Nunca é uma semana, a gente sabe
disso. – Mel deu de ombros. – Mas não sou eu que vou dizer que não deve ir. No
final das contas você sempre faz o que quer.
- Ai gente, eu queria um pouco de
apoio.
- A gente te apoia sim, mas você
vai começar a emendar uma viagem com a outra e vai perder coisas importantes da
vida da Mi. – Lua tinha a voz calma. – Já estou prevendo.
- Depois de muita conversa eu
consegui fazer o Micael ficar de boa, não me façam ter que convencer vocês também.
- Sabe que eu acho que o Micael não
vai aguentar muito tempo né? – Sophia encarou Mel incrédula. – Não estou
jogando praga, é só que ele não deve ser feliz, amiga. Ele finge.
- Ele não finge. – Balançou a
cabeça.
- Ele aceita as coisas porque quer
ver você feliz, mas isso não significa que ele esteja feliz. – Lua deu de
ombros. – Ele mascara as coisas e nem mesmo a gente sabe como ele se sente a
respeito disso.
- Nossa gente, vocês estão me assustando.
– Suspirou. – Não vou emendar viagem, fiquem tranquilas. Agora eu tenho a
Mirella também, não é a mesma coisa.
- Espero que não mude de ideia
quando as propostas surgirem....
- Eu não vou, confia em mim.
Dois anos e meio depois...
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A mamãe voltou pra trazer pra vocês o final dessa historia. Sim, eu vou adiantar logo pra conseguir finalizar haha Estão por ai ainda??
simmmm continua logoooo, que medo desses anos todos 🤣🤣🤣❤️
ResponderExcluirMeninaaa, tu tava aqui sempre? Ahsuahsua eu gosto das q não abandonam hahahah
Excluirsimmm, Vez ou outra eu ficava vindo aqui pra ver se você já tinha voltado hahaha Abandonar nunca mesmo 😹💗
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