- O que rolou? Que cara é essa? – Lua perguntou a Sophia que olhava o celular sem entender nada.
- Micael desligou sem dar nem tchau. – Devolveu o celular a Lua. – Ele disse “Expulsa a Lua desse quarto.” E desligou. – Engrossou a voz para imitá-lo e arrancou risos da amiga. – Abusado.
- Ele vai te ligar. – Ficou de pé.
– E vai tá com o pau na mão.
- Ô, Lua! – Repreendeu sem graça e
fez a amiga rir ainda mais alto. – Pelo amor de Deus.
- Eu adoro quando você paga de
virgem e fica sem graça quando eu falo besteira. – Disse entre os risos. – Eu vou
indo, porque é certeza que ele vai te ligar pra conversar uma putaria.
- Mas por que tem que ser putaria
gente?
- Porque é essa a linguagem que
vocês conhecem, putaria ou brigas. E se ele parou de brigar...
- Nossa, como você é escrota!
- Ah, agora eu estou falando
mentira? – Cruzou os braços. – Você estava viajando há quase um mês, voltou e
ele te colocou pra fora. Está aqui há o quê? Duas semanas? Esse homem já deve
estar louco.
- Vai dormir, vai Lua.
- Vou sim, pode fazer o seu sexo
virtual ai de boa. – Sophia arremessou um travesseiro e Lua saiu do quarto
rindo. A loira ficou olhando a tela do celular imaginando se ele ligaria ou
não, quase dez minutos depois, deu um pulo quando ouviu o toque. Já estava
cochilando.
- Te acordei? – A chamada era de vídeo.
– Desculpa.
- Eu cochilei com o telefone na
mão, não sabia se ia ligar novamente. – Deu um singelo sorriso. – Podia ao
menos ter dado tchau antes de desligar na minha cara né?
- Ah, foi sem pensar. Demorei a
retornar pra dar tempo da Lua sair daí. – Ele tinha um braço atrás da cabeça. –
Me conta, quantas besteiras ela disse antes de ir.
- Se eu tivesse contando todas as
vezes que ela fala besteira pra me deixar sem graça, eu já não seria mais amiga
dela.
- É, você tem um ponto. – Deu de
ombros. Alguns instantes em silêncio foi quebrado por Sophia.
- A sua raiva de mim já passou? –
Ele trocou o sorriso por um suspiro.
- É complicado...
- Você me ligou por vontade própria.
– Ergueu uma sobrancelha. – A sua raiva de mim já passou, eu te conheço!
- Primeiro que eu não estava com
raiva de você, eu estava chateado.
- Chateação longa... – Rolou os
olhos. – Ninguém está só chateado quando bota outra pessoa pra casa e ainda
pede o divórcio. Não era só isso.
- Ninguém mandou você mexer com a
Mirella. – Deu de ombros.
- Isso ai foi uma bela desculpa.
Não foi só a festa, Micael.
- A festa foi o estopim, Sophia. –
A conversa era franca. – Foi o meu limite, não dava mais.
- Você podia ter conversado comigo
antes de chegar a esse extremo.
- Não é possível que você não estava
vendo na minha cara que eu não estava feliz com essa situação. Estava se
fazendo de cega.
- Tudo bem, eu sou egoísta, só
olho para o meu próprio umbigo, mas você podia ter falado. Não joga tudo pra
cima de mim, joga só oitenta por cento. – Deu um sorriso no final.
- Noventa!
- Noventa? – Abriu a boca
indignada. – Nada disso, é injusto.
- Injusto nada, eu acho que você
merece. – Debochou. – Ainda estou concordando em não deixar você carregar os
cem.
- Promete pra mim que vai cancelar
o processo do divórcio? – Mudou de assunto bruscamente, aproveitando o bom
humor. – Processo esse que você nunca devia ter entrado, foi muito precipitado.
- Não achei não.
- Você sabe que eu não vou assinar
nada né? – Ergueu uma sobrancelha e observou Micael rir. – Se você quisesse
mesmo esse divórcio, tinha entrado com litigioso direto, como disse a Lua, você
estava curtindo com a minha cara.
- Lua disse isso?
- Não com essas palavras. - Suspirou. – Achei cruel.
- Você mereceu cada segundo de
desespero.
- E como sabe que eu fiquei
desesperada?
- Não ficou? – Questionou olhando
em seus olhos. – Eu tenho a leve impressão que ficou sim!
- Fiquei, é logico que fiquei,
como você se sentiria se eu entrasse com um pedido de divórcio? Ainda mais sem
te avisar? Do nada só um oficial chegando na porta com um envelope pra você.
- Deve ter sido ótimo. – Deu risada.
– Eu dava tudo pra ser uma mosquinha.
- Eu não vou conseguir te fazer
sentir culpado né?
- Não vai.
- Tudo bem, eu desisto. – Ergueu uma
mão. – Estamos bem? Quero saber quando eu vou poder voltar pra casa.
- Não sei ainda.
- Micael! – Quase gritou. – Para de
putaria.
- Ué, só estamos conversando, não é
instantâneo assim.
- Então quer dizer que você ainda
está chateado? – Ele balançou a cabeça positivamente. – E o que eu posso fazer
pra essa chateação ir embora?
- Esperar! – Fez uma careta. – Só o
tempo cura as feridas.
- Aff, Micael. – Bufou. – Largou o
celular em cima da cama e foi trancar a porta.
- Ei, cadê você? – O moreno só
conseguia ver o teto. Sophia tirou a camisola e se cobriu até o pescoço antes de
pegar o celular de volta. – Sophia!
- Estou aqui. – Disse coberta.
- Fez o quê? Por que está coberta
assim?
- Eu fui tirar a minha camisola. –
Foi sincera. – Agora estou nua.
- Você está de brincadeira! – Deu
uma risada nervosa. – Você não gosta desse tipo de coisa, vive falando que tem
vergonha.
- Será?! – Descobriu os seios por
um breve instante e os olhos de Micael quase saltaram pelas orbitas. – O que
foi?
- Isso ai é ser cruel. – Mantinha
os olhos fixos na tela do celular. – Não devia me provocar.
- Eu adoraria te mostrar mais, mas
acontece que você sendo meu ex, fica bem difícil.
- É incrível como você sempre
consegue me enrolar com sexo. – Disse já irritado consigo mesmo. – Eu sou muito
fraco.
- Acho melhor a gente ir dormir.
- Vem passar a noite aqui. – A
ideia dele era como se fosse um convite, mas soou mais como uma convocação.
- Já passa das onze, não é hora
deu sair na rua pra ter recaída com ex.
- Pode parar de me chamar de ex,
por favor? – Disse entredentes. – Você está de carro, é só vestir uma roupa e
vir.
Ela se sentou, deixando os seios
completamente a mostra. – Você não vai fazer eu ir prai pra me comer e depois
mandar eu ir embora não né?
- Você sabe que não é justo conversar
comigo desse forma né? – Balançou a cabeça. – Essa conversa não pode ser de
manhã?
- Micael, Micael... – Fez uma
pausa. – Me engana que eu gosto!
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