A menina passou o final da festa chorando por conta da promessa quebrada, mas logo Micael conseguiu dar um jeito de distrair a menina e na hora do parabéns ela saiu sorrindo nas fotos. Agora, ela estava dormindo no colo de Micael enquanto ele juntava algumas coisas no salão.
- Pode ir pra casa. – Mel avisou.
– A princesa já está apagada!
- Eu não vou deixar vocês com a
bagunça pra arrumar. – Balançou a cabeça em negativa.
- Não se preocupa com isso, a
gente sabe que se fosse ao contrario você faria o mesmo. – Arthur afirmou. –
Leva ela pra casa, você também precisa descansar e esfriar a cabeça.
- Minha cabeça não está quente com
nada, Arthur. – Os amigos soltaram um riso. – Eu vou levar a Mi pra casa então.
Amanhã a gente se fala. – Se despediu dos amigos e logo estava no carro rumo a
seu apartamento.
Acordou a menina pra dar um banho
nela, mas a mesma logo voltou a dormir rapidamente, aparentemente tinha gastado
todas as energias brincando com as crianças a tarde toda e o finzinho da noite.
Foi para o quarto, afinal também
precisava de um banho. Estava evitando pensar no problema que seria quando
visse Sophia depois daquele furo. Se deitou na cama pra tentar descansar um
pouco, mas era impossível, sua cabeça não parava de rodar e ficar pensando no
ocorrido.
Logo pela manhã, Mirella ainda
dormia, mas Micael já estava na cozinha fazendo seu café da manhã. Ouviu o
barulho da maçaneta e respirou fundo, a porta estava trancada, só podia ser
Sophia. Não saiu do lugar, continuou mexendo o copo de leite e achocolatado que
claramente não tinha mais nada pra misturar.
- Amor, eu... – Ouviu a doce voz
de Sophia, que agora estava parada no meio da cozinha.
- Me poupe de desculpas, por
favor. – Ele falava baixo, não tinha intenção nenhuma de acordar a filha. – Já sei
tudo que você vai dizer sobre imprevistos e tal. Tudo bem.
- Não está tudo bem, eu sei que não.
– Suspirou. – Eu peguei o avião ontem de manhã, como eu tinha dito, mas houve turbulência
e pouso de emergência no meio do caminho. – Ele levantou a cabeça para
encara-la, aquela desculpa nunca tinha ouvido. – O voo ficou suspenso até hoje.
- Interessante. – Deu de ombros e
voltou a se concentrar no café da menina, passando geleia no pão. – Que bom que
está bem.
- Eu não estou inventando nada. –
Rangeu os dentes. – Eu passei a tarde e a noite inteira sentada numa cadeira desconfortável
até que o voo fosse liberado.
- E o celular? – Perguntou, mas
ele mesmo respondeu. – Presumo que descarregado?
- E estava mesmo.
- Sophia, você acha que eu sou
idiota, só pode. – Bufou. – Você ia pegar um voo de horas até o Brasil logo
pela manhã e quer que eu acredite que esqueceu de carregar seu celular a noite?
Porque se carregou a noite, como eu acho que carregou, não estaria sem bateria
na hora que o voo fosse interrompido. Pelo menos um sms você conseguiria mandar
pro trouxa aqui, não é mesmo?
- Eu não estou mentindo. – Cruzou os
braços. – Por favor, acredita em mim.
- Fala a verdade logo, o que
aconteceu? – Voltou a encara-la. – Desfile acabou tarde e você dormiu demais,
perdeu a hora do voo? Acho mais plausível e seria bem melhor se você chegasse
me dizendo isso.
- Ai eu chegaria mentindo. – Deu uns
passos pra se aproximar dele. – Por favor, acredita em mim.
- Acontece que eu cansei de
acreditar. – Suspirou. – Ontem, eu vi a minha filha chorando no meio da festa
dela porque você prometeu e não apareceu. Você pode furar comigo quantas vezes
você quiser, mas com a minha filha não.
- Nossa filha.
- Minha filha. – Disse um pouco
mais alto. – Você parece uma tia distante que vem pra dar brinquedos a menina.
Só que adivinha só, ela não precisa de brinquedos, ela precisa de atenção, de
carinho, precisa da mãe. Brinquedos eu compro.
- Você está sendo duro demais
comigo.
- Sophia, eu vou sair com a
Mirella daqui a pouco e você vai ter tempo de sobra pra arrumar as suas coisas
e sair do meu apartamento.
- Você está me expulsando de casa?
- Não, estou pedindo gentilmente
que saia. – Deu de ombros. – Esse casamento já deu né? Se não deu pra você, deu
pra mim. O bom é que você vai poder ficar livre pra fazer quantas campanhas
quiser sem se preocupar com voltar pra casa. Aproveita!
- Ei, eu não vou sair nada.
- Espero que saia, não quero te
encontrar aqui quando voltar, estou bastante decepcionado. – Passos leves foram
ouvidos e os dois olharam pra menina que vinha com os cabelos bagunçados e cara
amarrotada.
- Mirella acordou. – Ela disse com
manhã. – Mas ainda tá com soninho.
- Vamos tomar um banho e escovar
esses dentes que o soninho vai embora. – Micael pegou a pequena no colo e saiu
dali. A menina nem tinha visto a mãe parada próximo.
Os dois não demoraram a voltar pra
cozinha e a Mirella sentou-se na mesinha de crianças que tinha ali pra comer.
Micael se sentou ao chão perto da menina, porque com certeza aquelas
cadeirinhas de plástico não o aguentariam.
- Vamos na pracinha hoje? – Chamou
a menina depois que terminou de comer. – A gente também tem que passar na casa
da tia Lua pra pegar as coisas que sobraram da festa, deve ter um monte de doce
lá.
- E bolo! – Disse feliz. – Aquele bolo
estava muito gostoso! – Achou graça. – E a mamãe? – Seu sorriso se fechou
imediatamente.
- A mamãe chegou agora de manhã. –
Ao contrário do que pensou, a menina não sorriu. – Deve estar lá no quarto.
- Ah. – Foi só o que disse.
- Não vai lá falar com ela? – A menina
não teve tempo de responder, Sophia apareceu ali na cozinha novamente. – Olha ai...
– Disse sem ânimo.
- Oi, princesa. – Se aproximou e
ganhou um abraço da menina, que saiu de perto logo em seguida. – O que você
falou pra ela?
- Nada. – Deu de ombros. – Você está
se esquecendo que a menina está crescendo, Sophia. Ela não é mais um bebezinho
que se esquecia de tudo no momento em que te via. Tá certo que eu não ache que
vai durar essa raiva dela, mas ela está crescendo.
- E a gente vai ficar como?
- Eu já disse, quero você longe
daqui. – Deu de ombros. – Vou sair com a Mirella pra ela não ver você indo
embora. Seja rápida. – Saiu em direção ao quarto da filha.
- Como assim você botou a sua
esposa pra fora de casa? – Luiza, uma colega que tinha feito ao levar a filha
na pracinha, tinha os olhos arregalados. – Menino, isso é muito sério.
- Eu sei. – Deu de ombros. – As coisas
que ela faz também são sérias. – Os dois estavam sentados num banco olhando as
meninas brincarem empolgadas com as outras crianças. – A gente vive nesse vai e
volta, ela sempre promete que vai melhorar e não muito depois lá estamos nós de
volta nessa situação.
- Mas é sempre pelo menos motivo? –
Perguntou curiosa e Micael parou pra pensar.
- Não, se for olhar por esse lado,
ela sempre cumpriu quando prometeu não fazer mais. – Soltou uma breve
risadinha. – O problema é que ela deixa as coisas chegarem no extremo de eu
sair de casa ou de pedir que ela saia. Só assim é que as coisas se resolvem.
Parece que antes, não tem dialogo.
- E você tenta conversar antes de
explodir no final? – Ergueu uma sobrancelha.
- Claro. – Parou pra pensar um
pouco. – Na verdade, acho que não. Eu sou mais do tipo que releva e guarda,
sabe?
- Só que você sabe que isso não ajuda
em nada né? Como que a menina vai saber que você não está contente se você não falar?
- Ah, ela é cega também né? –
Cruzou os braços. – Ela não apareceu no natal, no nosso aniversário de
casamento, no ano novo chegou depois da meia noite e agora faltou a festa de aniversário
da nossa filha. Me diz como faz pra defender essa mulher?
poxa 😪 Queria eles juntos, mas a Sophia não colabora, me ajuda a te ajudar kkkkkkkk
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