- Eu não achava que nosso
namoro era tão frágil a ponto de você fazer chantagem com ele. – Ela balançou a
cabeça incrédula. – Você está sendo um babaca, e eu espero que enxergue isso
antes que seja tarde demais. – Saiu do grande salão apressada. Lua, Arthur,
Chay e Mel seguiram a modelo. Micael ficou ali um tempo sozinho, era coisa
demais pra sua cabeça.
- E se ela não sobreviver?
– Lua falou baixinho, já a caminho do hospital com Arthur. Vestia uma calça
jeans e uma camiseta preta, sapatilhas baixas era o que tinha nos pés. – Ela
não pode fazer isso, Arthur. Ela não vai ver nosso bebê? Não vai pegar no colo?
– Resmungava por todo caminho. – Era pra ela ser dinda dele, nós sempre
sonhamos com isso, desde que nos conhecemos, não é justo.
- Ei, se acalma. – Ele
passou a mão no rosto da mulher enquanto estavam parados num semáforo. – Sophia
via ficar bem, Douglas não já avisou que ela foi encaminhada para exames? Ela
está viva e é forte o suficiente pra permanecer viva.
- Acontece que ela já
desistiu da vida, senão não tinha feito essa loucura. – Abaixou a cabeça no
painel do carro. – Eu devia ter levado ela pra um tratamento psicológico, ela
disse muitas vezes que se mataria se Micael aparecesse com outra. Gente, como
isso tudo parece surreal agora.
- Não se culpa, você não
tinha como saber que ela faria isso de verdade. – Não tinha sucesso em acalmar
Lua.
- Douglas avisou que
Fernanda acabou de chegar lá no hospital. – Ela disse após o telefone apitar,
estivera trocando mensagens com Douglas desde que entraram no carro. – E sem o
Micael.
- Isso já era de se
esperar, com o show ridículo que ele deu lá no salão. – Balançou a cabeça
negativamente. – Eu vou te falar, eu não esperava que ele estivesse tão seco em
relação a Sophia a ponto de não se importar com esse acidente.
- Eu não sei não, pra mim
ele não quis deixar transparecer nada. – Lua falou baixinho. – Micael é muito
reservado, fica naquela de durão e paga de idiota ao invés de dizer logo o que
sente.
- Só que isso faz mal pra
todo mundo. – Arthur falou num suspiro. Os dois ficaram em silencio e não
demoraram muito a chegar no hospital. Douglas e Fernanda sentados num canto, o
casal foi até eles.
- Alguma notícia. – Douglas
balançou a cabeça como resposta a pergunta de Arthur.
- Eles encaminharam ela
para a emergência, assim que chegamos, me pediram pra preencher uns papeis ali
na recepção, e desde então ninguém apareceu pra falar nada, já tem mais de uma
hora. – Ele tinha a voz tão baixa que parecia que ia chorar a qualquer momento.
– Disseram que só podemos esperar, que quando tiverem alguma notícia, vão
aparecer.
- Ela vai ficar bem. – Fernanda
segurou a mão do amigo. – Isso tudo vai ser só um susto. – A amizade dos dois
era real, se conheciam há tanto tempo que nem se lembravam mais. Lua sorriu ao
ver os dois, eram gente boa, metidos na confusão chamada Sophia e Micael.
- Quem está com Sophia
Abrahão? – Ouviram uma voz perguntar depois de um tempo. Chay e Mel já estavam
presentes. Os seis se levantaram quase que ao mesmo tempo, mas foi Lua quem
respondeu ao médico. – Ela está bem, está dormindo e seu quadro já é estável.
Sophia quebrou três costelas, teve uma pequena fratura no braço direito e uma
concussão devido a ter batido a cabeça no asfalto. Fizemos todos os exames, e
por enquanto só podemos esperar pra ver como ela vai reagir quando acordar.
- Quando nós vamos poder
vê-la? – Lua perguntou aflita, só acreditaria que a amiga está bem, quando a
visse com seus próprios olhos.
- Eu posso até liberar a
entrada de vocês, mas vai ser por um breve período, ela tem direito a um
acompanhante só. – Ergueu a mão mostrando um dedo. Todos assentiram e o médico
virou de costas, começou a caminhar, sendo seguido pelos amigos a passos lentos
pela ala das internações.
- Meu Deus. – Lua exclamou
chorando novamente ao olhar a amiga deitada naquela cama, imóvel. Tinha a
cabeça enfaixada, igualmente com o tórax, seu braço com o gesso, além de muitos
hematomas na pele clara. Lua encarou a bolsa de sangue pendurada e antes que
perguntasse o médico respondeu.
- Ela perdeu bastante
sangue, estamos fazendo essa transfusão. – Apontou pra bolsa. – Vou deixar vocês
com ela, por alguns instantes. – Disse antes de se afastar.
- Eu vou matar a Sophia
quando ela acordar. – Lua falou chorosa. – Ela não pode fazer uma coisa dessa
comigo.
- Calma, Lua. – Mel pediu
com a voz baixa. – Ela já está bem, tudo deu certo, é o que importa.
- A gente não pode passar a
mão na cabeça dela não! – Resmungou novamente. – Isso foi muito irresponsável. –
O celular de Fernanda tocou e fez com que todos a encarassem, ela olhou para o
visor, bufou e desligou na cara de Micael.
- Você tem certeza de que
não vai atender? – Chay perguntou apreensivo, não tirava totalmente a razão de
Micael.
- Você não viu o chilique
que ele deu mais cedo? – Estava verdadeiramente magoada. – O jeito que falou
comigo, a chantagem ridícula que fez? – O telefone tocou mais uma vez, e
novamente ela desligou.
- Mas não dá pra tirar toda
a razão dele. – Chay continuou a defender. – Você entrou no carro dele. – Olhou
de lado para Douglas, era o único dos quatro que não ia com a cara do rapaz,
por solidariedade a Micael.
- Idai, ele sempre foi meu
amigo. – Douglas riu, um pouco sem graça, percebendo que ainda não tinha tido
tempo de explicar pra ela tudo o que tinha acontecido. – Era uma emergência,
ele não tinha que ter feito aquele show todo. Sem contar que a menina foi
namorada dele, ele devia estar um pouco mais preocupado.
- É porque é complicado. –
Douglas coçou a cabeça.
- O que você fez de tão
ruim pra ele te odiar tanto? – Perguntou com os braços cruzados e ele por
reflexo olhou Sophia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário