- Eu nunca disse que a amava. – Balançou a cabeça e se aproximou da cama. – Você interpretou isso ontem,
a culpa não é minha.
- Como você é ridículo! –
Resmungou. – Me deixa em paz.
- Eu não vou te deixar em
paz se você tiver carregando o meu filho, Sophia. – Se aproximou ainda mais. –
Isso não vai acontecer!
- Só que se você não
acredita em mim...
- Me diz como que você tem
tanta certeza! – Pediu, nenhum dos dois conseguia desviar o olhar.
- Porque eu sempre me
cuidei com ele. – Deu de ombros. – Diferente da gente que você sabe muito bem.
- Pelo menos se cuidou nos
pulos por ai, não corri o risco de pegar uma doença por sua causa! – Ela faz
uma careta, não acreditava que ele estava dizendo uma coisa daquela, estava a
ponto de gritar e expulsá-lo do quarto. – Me desculpa. – Ele pediu baixo e com
vergonha, surpreendendo Sophia. – Eu não queria ter dito isso.
- Mas disse. – Fechou os
olhos. – Como já disse muita coisa.
- Será que você não percebe
o quão é difícil pra mim? – Abriu os olhos e voltou a encará-lo. – Você era
minha vida. Eu sonhei casar com você, ter filhos, construir uma família. Ai eu
descubro que você sempre teve um amante. Você me destruiu, Sophia.
- Eu sei. – Não tinha mais
o que dizer, ela tinha errado e sabia muito bem disso. – Eu sei de tudo o que
eu fiz, sei que a culpa foi toda minha, mas eu me arrependi tanto. Eu fui atrás
de você tantas vezes.
- Só que já era tarde
demais. – Ele não tinha mais coragem de olhar em seus olhos. Aquela era de fato
a primeira vez que conversavam sobre tudo aquilo. – Sem contar que toda vez que
eu vejo você, aquele cara tá junto!
- Coincidência. – Deu de
ombros, se lembrou das costelas depois. – No final das contas ele acabou
virando um amigo.
- Um amigo. – Riu
debochado. – Um amigo, claro.
- É, eu já não queria mais
nada com ele desde antes de você descobrir tudo, Micael. – Seu olhar debochado
voltou. – Eu já te falei isso.
- Só que não era pra você
ter começado com nada! – Controlou seu tom de voz. – Eu fiz de tudo pra você,
eu fazia tudo o que você queria.
- Menos uma coisa. –
Desviou o olhos, envergonhada.
- Sophia, era só você
conversar comigo! – Ele quase gritou, mas se lembrou de Lua na sala. – Era só
você abrir a boca e falar!
- Eu já tinha feito isso
muitas vezes e você não me escutava. – Disse ainda encarando o nada. – Eu tinha
suplicado tanto a você.
- Porque eu não queria te
machucar, como fiz daquela vez, era tudo por você. – Ele suspirou. – Você não
tinha direito de me passar pra trás dessa forma.
- E eu já tinha dito mais
de uma vez que não me importava com aquilo. Você me machucou uma vez, Micael.
Anos atrás, não era justo você me punir por aquilo o resto da vida!
- Punir? – Franziu a testa.
– Então fazer sexo comigo era punição? – Ele cruzou os braços. – Nossa, fica
cada vez melhor.
- Não quis dizer isso e
você entendeu!
- Essa conversa agora
também não vai levar a lugar nenhum. – Ele deu de ombros. – Só o que importa é
o bebê. Se é meu filho, você sabe que eu vou cuidar dele muito bem.
- Ele é seu filho! – Bufou.
– Eu já disse mil vezes.
- Vou acreditar setenta por
cento, tá legal. – Deu um sorriso de lado. – Agora deixa eu ir.
- Veio aqui pra brigar
comigo e dizer que acredita em mim setenta por cento? – Sophia colocou a mão
sobre a barriga. – Podia ter feito tudo isso por telefone.
- Na verdade, eu ia ir
fazer a janta. – Ele ergueu a sobrancelha. – A Lua queimou tudo na hora que eu
cheguei porque ficou me ameaçando com uma colher de pau. – Sophia riu, agora
relaxada, não queria que ele fosse, mesmo tendo mandado ir mais cedo. – Deixa
eu ir lá, acredito que você precisa comer comida saudável e não pizza e lasanha
congelada, que é só o que tem nessa casa.
- Ei, não é assim.
- Sempre foi assim. – Eles
riram, tinha tanto tempo que não riam juntos.
- É, você tem razão.
- Eu sei que tenho. –
Piscou pra ela e saiu do quarto.
Começou a rir quando encontrou Lua e Arthur
emaranhados no chão da sala, Arthur já sem camisa, Lua, também, com seu sutiã a mostra.
Os dois se beijavam tão concentrados que nem perceberam Micael escorado na
pilastra com os braços cruzados. – Sophia! – Micael gritou. – Você não sabe o
que a Lua e o Arthur estão fazendo na sua sala. – Ele caiu na gargalhada ao ver
o olhar assustado dos amigos.
- Não se atreva. – Lua de
sutiã ergueu um dedo. Micael saiu correndo de volta pro quarto. Lua e Arthur
foram atrás. – Eu vou matar você, Micael.
- Que isso gente? – Sophia
arregalou os olhos ao ver o estado de Lua e Arthur. – Eu não acredito que vocês
iam transar na minha casa! – Ela disse rindo.
- Se eu não pego no flagra,
com certeza iam, você não viu como estavam se embolando no chão da sala. – Micael
brincou ainda rindo com Sophia dos amigos completamente sem graça.
- Também não era pra tanto.
– Lua falou baixo. – Ele está exagerando.
- Ah, não estou não. – Ele
não tirava o sorriso do rosto. – Você está sem blusa, Lua.
- Tem um quarto de hospedes,
vocês sabiam? – Sophia debochou. – Tem porta e tudo! Só ir lá.
- Vocês dois estão muito
engraçadinhos pro meu gosto. – Arthur brincou, já um pouco menos sem graça. –
Eu queria ver se fosse ao contrário.
- A gente teria se trancado
no banheiro, como já fizemos tantas vezes! – Micael respondeu e Sophia
gargalhou. Suas costelas doeram de tanto que ria.
- Vocês o quê? – Lua disse
com os olhos arregalados. – Minha casa é um lugar sagrado!
- Ih, Lua. – Sophia disse
em meio a risos. – Já foi profanada há muito tempo. – Ela ergueu a mão boa e
Micael completou o high five. E por alguns instantes, parecia que nada tinha
acontecido entre os dois.
Chocada com esse "nd ta acontecendo"
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