- Xô tristeza! – Ela disse
quando viu a sombra da culpa voltando para o rosto da amiga. – Eu não quero
mais saber disso, daqui pra frente só felicidade.
Lua e Arthur ficaram com
Sophia quase o dia todo e a distraíram de todos os pensamentos tristes que ela
pudesse ter. Ouviram as recomendações do médico com olho de mar, e Sophia sabia
que dali pra frente sua vida seria bem complicada, levantando apenas quando
extremamente necessário. Tinha recebido alta, mas ainda não tinha falado pra
com a mãe, então, Lua se prontificou a ficar com ela naquele dia. Arthur não
gostou muito da história, queria fazer companhia as duas, mas foi excluído por
Lua, que o designou a ir falar com Micael, mas não falou isso na frente de Sophia,
ela não precisava ficar nervosa pra saber o que foi que aconteceu.
- Eu acho que essa sua alta
foi muito precipitada. – Lua disse ao sair do elevador e entrar no apartamento
de Sophia. – Você foi atropelada, corre risco de perder o bebê e o médico bonitão
te deixar vir embora pra casa?
- Eu gostei, não queria
ficar lá por ainda mais tempo. – Se sentou na cama com cuidado. – Já que a
orientação é ficar deitada, eu posso fazer isso daqui. – Se recostou, estava
sentindo aquela dor maldita nas costelas, com certeza a pior das dores que
tinha. – Você não precisa ficar comigo, se não quiser. A única coisa que vou
fazer é dormir mesmo!
- Sophia, são seis horas da
tarde, antes de dormir, você vai comer. – Lua chiou. – Você tem que se
alimentar direito, nós temos que nos alimentar direito. – Passou a mão na
barriga. – Sabe que eu gostei de saber que estamos gravidas juntas? – Se sentou
na cama. – A gente ter essa experiência vai ser ótima! Podemos ir a consultas,
podemos escolher o quartinho deles, podemos fazer o enxoval, tudo juntas.
- Você pode fazer isso né,
meu amor, eu vou ter que fazer tudo isso pela internet, já que não posso ficar
em pé. – Fez uma careta. – Eu não queria que minha primeira gestação fosse
assim, eu queria curtir tudo, assim como você.
- Ei, foi você que se
enfiou debaixo de um carro. – Lembrou a amiga com uma careta. – Agora aguenta
as consequências. – Cruzou os braços.
- Se eu soubesse que estava
gravida... – Colocou as mãos na barriga. – Agora vou ter que me afastar do
trabalho e ser encostada pelo INSS. Eu quero só ver como que vou sobreviver até
começar a receber.
- Como assim? – Lua franziu
a testa.
- Não é imediato, é a maior
burocracia pra receber, pelo menos é o que dizem. E eu tenho condomínio, luz,
agua, cartão de credito, internet... Quer que eu continue listando a infinidade
de contas que eu tenho que pagar sem nenhum centavo?
- Ei, eu e Arthur vamos
ajudar você com isso. – Ela balançou a cabeça negando. – Nem pense em dizer que
não. Eu não vou deixar você ser expulsa daqui por não pagar condomínio. Mas
isso nós não vamos discutir agora, vou preparar uma comidinha bem nutritiva pra
gente. – Deu um beijo na amiga e saiu do quarto rumo a cozinha.
Ali perto, mais perto do
que Micael gostaria de morar, Arthur batia em sua porta. Ele estava sozinho,
vestia uma bermuda tactel e seus cabelos bagunçados com algumas gotas que
pingavam indica que ele havia acabado de sair do banho. Abriu a porta com um
sorriso ao ver Arthur do outro lado.
- E ai, está tudo bem? –
Seu sorriso se fechou um pouco ao lembrar de Sophia, imaginava que era por isso
que o amigo estava ali em sua porta, ainda mais com aquela cara. – Sophia está
bem? – Era mais forte que ele, precisava perguntar.
- Recebeu alta hoje, está
em casa já. – Seus ombros relaxaram, seu sorriso voltou ao rosto. – A questão é
outra. – Ainda tinha a expressão preocupada, ele não sabia como contar a
Micael.
- O que foi que aconteceu?
– Saiu da porta e entrou, Arthur o seguiu, fechando a porta atrás de si. – Se
ela está bem, porque essa cara?
- Você está sozinho? – Ele
perguntou com a voz baixa.
- Sim, Fernanda tinha umas
fotos pra fazer hoje. Arthur, você está me deixando preocupado. – Arthur
respirou fundo e decidiu falar tudo de uma vez, sabia que Micael ia surtar, não
tinha pra onde correr.
- O médico foi falar com a
Sophia quando ela acordou, ele disse que estava bem apesar de tudo o que
aconteceu... Ele disse que ela ia precisar se cuidar muito, porque a vida do
neném estava em risco. – Micael ficou parado, com olhos arregalados enquanto
tentava assimilar tudo aquilo. – Ela recebeu ordens pra só sair da cama em
casos de extrema necessidade... – Arthur continuou falando um monte de coisas,
mas Micael não conseguia mais prestar atenção. Sophia estava gravida? Era isso
que Arthur estava lhe dizendo? Isso não parava de ecoar em sua cabeça.
- Sophia está gravida? –
Ele perguntou com a voz baixa, teve que força-la a sair. – Gravida, gravida?
- Sim, descobriu hoje mais
cedo. – Arthur não conseguia decifrar a expressão de Micael.
- Gravida de quem? – Ele
finalmente perguntou e o amigo soltou um longo suspiro. – Você não vai me dizer
que ela teve a cara de pau de dizer que é meu? – Passado o choque, ele riu. –
Ela só pode estar de brincadeira.
- Ela disse ter certeza
disso. – Ele riu ainda mais, debochando. Saiu da sala e foi até o quarto
vestindo uma camisa, voltou pra sala e pegou a carteira, celular e chave do
carro.
- Eu vou tirar satisfação
com aquela sem vergonha agora! – Falou bravo. – Ela não pode vir com uma dessa,
não a essa altura do campeonato.
- Eu prometi que não
deixaria você ir até lá pra brigar com ela. – Arthur se pôs de frente a porta.
– Ela não pode se estressar, uma briga com você não ia fazer nada bem para o
bebê.
- O bebê dela e do Douglas
que ela insiste em dizer que é meu! – Estava indignado. – Ela quer bagunçar a
minha vida, mas ela não vai conseguir.
Como uma pessoa pode ser tão teimosa, meu Deus Micael
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