- Sophia, nós tivemos um desentendimento no passado, mas já faz meses. – Beth
abaixou o tom de voz novamente. – Fica e escuta sobre o trabalho, por favor.
- Lembro de ter dito que você iria me implorar pra vir aqui.
– Sorriu de lado. – Estou muito feliz de ver isso acontecendo.
- Ok, você tem todo direito de me esnobar, mas e o trabalho?
- Se você está tão decidida a me fazer aceitar, significa
que alguma exigência sobre mim deve ter. – Sophia se sentou com um sorriso. –
Não é?
- Vou abrir o jogo com você. – Mantinha a voz controlada. –
Um amigo meu, editor chefe da Moda e Mulher, me pediu a modelo pra capa da
próxima edição. – Sophia arregalou os olhos. – Só que ele quer você, ele cismou
com você. E eu prometi a ele que te convidaria.
- Capa? – Seguia com olhos arregalados.
- Capa e entrevista também, algumas páginas serão dedicadas
a você. – Sorriu de canto já tendo certeza de que Sophia estava completamente
decidida. – Eu sei que você ainda não assinou contrato de exclusividade com
nenhuma outra agência, que não tem nenhum agente fixo, então nada te impede de
aceitar. Eu prometo que vou te tratar bem.
- Me tratar bem é o mínimo que você pode fazer. – Soph cruzou
os braços. – Afinal pra você estar se dando ao trabalho de estar aqui sendo
simpática, deve ter bastante dinheiro envolvido pra você. Fico me perguntando o
que acontece se eu me negar a trabalhar com você.
- Você está no seus cinco minutos de fama e sabe que a minha
agência é a mais bem vista aqui no Rio, você trabalhou aqui muitos anos. –
Sophia tinha um sorriso no rosto. – Eu posso te ajudar a crescer bastante e
você sabe disso.
- Tudo bem, Beth. – Suspirou. – Você pode ajeitar tudo, mas
vou avisar logo que não vou aturar ser destratada não. Na primeira
gracinha que rolar eu saio e nunca mais volto.
- Pode deixar. – Sorriu. Ficou de pé pra apertar a mão de
Sophia. – Vou entrar em contato pra você quando o contrato estiver pronto.
- Estarei esperando. – Ficou de pé e manteve o sorriso. –
Tchau, Beth. – Sophia saiu da sala e tinha um sorriso de satisfação, tinha
adorado ver a antiga chefe praticamente implorando por aquilo.
- E ai? – Lua perguntou empolgada ao encontrar a amiga.
- Aparentemente o editor de uma revista me quer na capa e
ela foi praticamente obrigada a me convidar. Você tem noção disso? É a capa de
uma revista. – Tinha um longo sorriso aberto. – Eu queria poder contar pro
Micael.
- E por que você não conta? – Ergueu uma sobrancelha. – Está a
apenas cinco minutos ele, e até onde eu sei, vocês não estão brigados.
- Mas não vai ser estranho eu chegar lá do nada? – Franziu a
testa. – Tem quase duas semanas que eu não falo com ele, nem um oi.
- Sophia, para de drama. – Lua soltou uma risada. – Você terminou
com ele por causa daquele ciúme, não porque você deixou de amá-lo.
- Já não tem mais nada meu na casa dele, a gente já não se
fala... Você não acha que talvez ele tenha seguido a vida dele?
- Para com isso. – Rolou os olhos. – Você e Micael me
cansam. É um chove não molha que ninguém aguenta mais.
- Nossa, Lua...
- E eu tô falando alguma mentira por um acaso? – Cruzou os
braços por cima da barriga. – Vocês dois viviam um relacionamento de conto de
fadas até tudo acontecer. Depois, puta que pariu, se resolvem um dia e brigam
dois.
- Infelizmente eu não tenho como resolver isso. – Suspirou. –
Me desculpe por te incomodar com os meus problemas.
- Não é isso. – O olhar de Lua ficou mais suave. – Eu só
quero que você seja feliz, ou você se resolve logo com o Micael, ou segue sua
vida. A Mel decidiu e resolver, agora segue super bem com o Douglas, porque não
teve toda essa indecisão.
- Tudo bem, Lua. – Fez uma leve careta. – Eu vou ver o
Micael, mas não pra resolver a nossa relação, só porque eu estou com saudades
mesmo. Não acho que estou preparada pra uma conversa definitiva.
- Você complica tanto a sua vida. – Lua rolou os olhos.
- Tchau, Lua. – Sophia sorriu, deu um beijo na amiga e em
seguida saiu da agência e caminhou pro restaurante de Jorge. Era quase onze da
manhã, o restaurante ainda tinha as portas abaixadas, mas Sophia sabia que já
tinha gente ali. Bateu a porta e logo Jorge apareceu para atender. – Ei, Jorge.
- Soph, que surpresa. – Ele deu passagem pra mulher passar. –
Se veio almoçar eu lamento informar que você chegou um pouco cedo. – Ele brincou
já do lado de dentro.
- Na verdade, eu estava aqui na agência, passei pra ver se o
Micael já estava aqui. – Ela estava um pouco sem graça.
- Eu imaginei que fosse pra falar com ele, comigo que não seria
né? – Jorge seguia brincando. – Você sabe que ele está. – Sophia sorriu. – Ele está
no estoque, pode ir lá, sei que você sabe o caminho.
- Obrigada, Jorge. – Deixou de ficar sem graça e Jorge
sorriu.
- Fico feliz de ver você aqui. – Se aproximou e deu um beijo
na testa de Sophia. Os dois caminharam, Soph foi para o estoque e Jorge pra sua
sala. A loira encontrou Micael em pé, olhando alguns produtos, ele tinha a
prancheta na mão e anotava alguma coisa, talvez a data de validade, Sophia não
tinha como saber. A mulher cruzou os braços e se escorou na porta.
- Queria saber se vai ter canard á l’orange hoje. – Ela chamou
atenção de Micael e ele se virou surpreso.
- Pra você sempre tem. – O sorriso apareceu quase que
instantaneamente. – O que faz aqui? – Largou a prancheta e se aproximou da
mulher. – Não esperava te ver.
- Você sumiu, tive que vir. – Ela mantinha um sorriso bem
aberto, estava feliz em revê-lo. Lua tinha razão, quem complicava as coisas na
vida dela era ela mesmo. – Pra ter certeza de que não seria trocada por uma
outra modelinho meia boca.
- Trocada? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Você terminou
comigo, não tem como ser trocada.
- Sempre tem. – A mulher caminhou para perto dele e lhe deu
um abraço apertado.
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