- O-o quê? – Sophia gaguejou quando ouviu a voz do namorado ali,
não esperava. – Não!
- Não foi o que pareceu. – Tinha os braços cruzados e uma
cara de bravo. – Estava me parecendo uma crise de ciúme.
- Micael, você por um acaso ouviu a conversa toda? – Liz perguntou,
na falsa tentativa de ajudar Sophia. – Não é bem isso que você está pensando.
- Ah, dá um tempo também, Liz. – Foi grosso. – Será que dá
pra sair daqui e deixar eu conversar em paz com a Sophia?
- Meu Deus, você também não precisa falar assim com ela! –
Sophia defendeu e Micael bufou. Liz se aproximou da amiga.
- Não precisa se preocupar, eu vou esperar você em outro
lugar. – Sophia assentiu pensando que ela ia entrar no restaurante. – Vou lá
pra agência, e quando for embora você me liga pra chamar.
- Ei, ficou louca? – Micael ergueu uma sobrancelha. – A gente
nem almoçou.
- Sophia... – Liz alternou olhares entre Sophia e Micael. –
Eu acho melhor a gente comer em casa. – Saiu apressada e deixou Sophia com ainda
mais raiva. Micael tinha certeza que a mulher fazia aquilo pra irritar a loira
e com isso deixa-lo mais irritado.
- Você tinha que ser ignorante com ela? – Sophia reclamou
ainda observando a amiga se afastar. – Precisava disso?
- Está preocupada que ela tenha ido encontrar com ele? É
isso? – Por mais irritado que estivessem, os dois falavam baixo.
- Sim, é exatamente isso. – A mulher debochou. – Eu não
quero que a Liz se envolva com ele.
- E você fala isso assim, na minha cara? – Riu, incrédulo. –
Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. E eu fiquei sabendo por ai
que você está com saudade dele e eu não acreditei. Burro. – Se xingou.
- Quem te falou uma coisa dessas? – Franziu a testa
interessada. – Eu nunca disse isso.
- Mas olha, tá parecendo.
- Deixa de ser cabeçudo, Micael. – Rolou os olhos. – Eu não
quero que esses dois se envolvam porque ela é uma das minhas melhores amigas.
Você já imaginou se ela fica aqui no Rio por causa dele? Se em todo rolê que a
gente tiver ela o levar? Imagina o estresse.
- Uma ova que é por causa disso. – A mulher rolou os olhos. –
Você inventou essa bosta agora.
- Micael você está perdendo a razão de novo. – Falou
entredentes. – Eu não inventei nada!
- Só que me pareceu uma ceninha de ciúmes, Sophia. –
Mantinha os braços cruzados. – Eu não estou reclamando com você atoa dessa vez.
Eu queria ver se fosse eu reclamando que um amigo meu não pode pegar a Fernanda.
- Pelo amor de Deus. – Falou um pouco mais alto. – Eu nunca
tive ciúmes dele, porque teria agora, do nada? Não tem sentido uma coisa dessa.
Para de fantasiar coisas, eu já disse porque não quero os dois juntos.
- Tá bom, Sophia. – Suspirou. – Eu vou trabalhar. – Virou as
costas e entrou sem dizer mais nada. Sophia decidiu não ir atrás e comprar
outra briga, conversariam em casa. A mulher pegou o telefone e ligou pra Liz,
pediu a ela que viesse a seu encontro para irem pra casa.
No carro nenhuma das duas falou nada, Sophia mantinha a cara
de bunda. Liz não falou muito coisa até entrarem em casa. A mulher largou a
chave no sofá junto com o celular e entrou no banheiro.
Quando Sophia saiu encontrou a amiga sentada no sofá
assistindo sessão da tarde, se sentou ao seu lado e deitou a cabeça no colo
dela novamente. Liz começou a fazer cafuné.
- Está melhor? – Perguntou baixo. – Quer conversar?
- Não estou melhor, estou chateada com tudo o que aconteceu.
- Amiga, você tem que entender o lado dele, ele chegou na
hora exata que eu te fiz aquela pergunta, não julgo ter ficado com raiva. –
Sophia a olhou sério. – Ué, ele tem o pé atrás quando se trata desse assunto.
- Liz, você devia estar do meu lado.
- Ah tá bom. – Rolou os olhos. – Você vai me dizer que
aquele mini chilique não era ciúme? – Ela riu. – Porque eu vou concordar com o
Micael, pareceu demais.
- Pareceu nada. – Se sentou. – Se você ficar com ele, vai
trazer ele pra dentro da minha vida de novo e eu não estou nem um pouco afim.
Eu gosto dele, ele é meu amigo, mas deixa o Micael inseguro e eu não aguento
mais essas briguinhas.
- Tudo medo de uma recaída. – Ela falou rindo. – Menina,
olha. – Fez sinal de ok com a mão. – Quando você me contou lá em Sampa eu
fiquei chocada, mas hoje depois que eu conheci, entendi o motivo da traição.
- Liz! – A repreendeu, mas logo em seguida caiu na risada. –
Para de palhaçada.
- Garota, ele é maravilhoso. – Sophia seguiu rindo. – Queria
muito dizer que é gostoso, mas isso não posso afirmar, não provei ainda.
- Ah, ele é. – Sophia confessou. – Eu me arrependi muito de
tudo o que fiz, mas...
- Mas...? – Liz instigou. – Imagino que o sexo daquele homem
seja inesquecível.
- Também não exagera, vai. – Desconversou rindo. – Mas é
muito bom.
- E você não quer que eu experimente? – Se sentiu ofendida. –
Que egoísmo é esse Sophia?
- Eu só não quero ele nos rolês, eu não quero obrigar o Micael
a ter que conviver com ele. Por que isso só vai causar um milhão de brigar e eu
quero viver na paz.
- Eu estou falar de dar pra ele, não de namorar. – Virou de
frente pra mulher. – Se for ciúme, você me avisa que eu não faço nada. Agora se
for só por causa do Micael, eu garanto que vai ser só uma vezinha.
- Tudo bem, Liz. – Se deu por vencida. – Divirta-se.
- Pode deixar que eu vou me divertir, combinei com ele de
sair hoje à noite. – Sophia arregalou os olhos.
- Rápido assim? – Liz balançou a cabeça empolgada.
- Claro, daqui a pouco eu vou embora e não quero correr o
risco de não dar tempo. – Sophia riu. – E mais, eu não quero estar nessa casa e
ouvir a briga que você vai ter com o Micael.
- Eu vou tentar conversar e explicar pra ele que não tem ciúme
nenhum. – Deu de ombros. – Tarefa bem difícil.
- Então, prefiro estar bem longe. – Piscou pra amiga. As
duas encerraram o assunto e seguiram vendo televisão.
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