16/06 – Ás 20:54h.
Micael andava de um lado pro
outro, extremamente nervoso e suando em bicas. Tinha um lenço pra passar no
rosto, mas nem isso estava dando vazão. Ele estava no salão de festas, todos os
convidados estavam ali, já passava das oito da noite e Sophia estava atrasada
há mais de duas horas.
- Ela desistiu de casar, não é possível.
– Disse numa sala reservada que tinha no andar de cima do salão, preparada para
os noivos. – Ou aconteceu alguma coisa com ela!
- Para de surtar. – Arthur,
Douglas e Jorge estavam com ele ali. – A Lua está com ela, se tivesse desistido
de casar, eu já saberia.
- Ela está mais de duas horas
atrasada. – Olhou para os rapazes. – Duas horas, se ela estiver fazendo isso de
brincadeira comigo!
- Meu filho, noivas atrasam, é
normal. – Jorge tentou aconselhar. – Só quem já passou por isso sabe.
- Tanto assim? – Olhou para os três.
– Não lembro da Lua ter atrasado nem meia hora Arthur.
- Ah, claro, ela tinha certeza de
que queria casar comigo. – Implicou com Micael e ele arregalou os olhos quase
instantaneamente. – Foi só uma brincadeira, se acalma. – Prendeu o riso.
- Brincadeira nada, você sabe de
algo, fala de uma vez. – Quase voou pra cima de Arthur. – O que a Lua disse?
- Foi uma brincadeira, meu
celular nem tocou! – Ergueu as mãos pro alto.
- Brincadeira estupida, né
Arthur?! – Douglas o repreendeu. – Micael falta só tirar a calça pela cabeça e
você ainda vem com uma dessa. – Rolou os olhos e depois se virou para Micael. –
Olha, relaxa. Muita coisa pode ter acontecido pra justificar esse atraso, mas
eu tenho toda certeza do mundo que desistir do casamento não é uma delas.
- E como é que você pode ter
tanta certeza. – Estava irritado demais, falava alto. – Ela está fazendo mil
viagens e se conheceu alguém? Ai, meu Deus. Eu não tinha pensado nisso até
agora. Sophia fugiu!
- Micael, pelo amor de Deus! –
Douglas seguia falando. – A Sophia ama você, sempre amou. O dia de hoje é a
realização do sonho dela. Acredita em mim, ela não fugiu com outro pra lugar
nenhum, daqui a pouco as meninas aparecem, a marcha nupcial toca e vem a Sophia
de branco pro altar.
- Então por que não dá notícia? –
Estava visivelmente menos transtornado. – O que custa?
- Se acalma e para de se bagunçar
atoa. – Colocou uma mão no ombro de Micael. – Já está ai com a gravata toda
torta e o paletó amassado no sofá por causa de uma bobeira. Sophia vai chegar e
você vai ter que ficar correndo de um lado pro outro. Então, se apruma, joga
uma água no rosto e aguarda a tua noiva chegar, porque do jeito que todo mundo
conhece ela, já deve estar doida no meio do caminho com esse atraso todo.
- Verdade, se não foi algo
planejado por ela, com certeza ela já deve estar arrancando os cabelos. –
Soltou uma risadinha, mais calmo. – Obrigado!
- A função do padrinho é essa. –
Tirou a mão do ombro de Micael. – Vai dar tudo certo!
Micael deu um passo pra frente e
inesperadamente abraçou Douglas, foi rápido, mas significativo. Jorge e Arthur
estavam boquiabertos.
- A amizade é algo lindo mesmo, não
é, Jorge? – Arthur debochou. – Quem diria.
- Arthur, eu vou te dar uma surra
quando eu puder. – Micael sorriu e foi pra frente do espelho ajeitar a gravata.
– Não é de hoje que estou te avisando.
- Cala a boca que você não está
com nada, Micael. – Os quatro deram risada. Chay entrou no reservado, um tanto
quanto sem graça.
- Micael? – Ganhou a atenção de
todos. – A sua noiva chegou! – O sorriso se abriu instantaneamente, ficou sem
reação, paralisado. Ficar preocupado com o fato de Sophia não chegar, distraia
ele do fato de que uma hora ela chegaria e tudo seria real. Suas mãos tremiam, não
saia do lugar. Douglas bateu palmas.
- Reage, Micael! – Despertou o
moreno de um transe paranoico. – Ela está na porta, falta só você assumir o seu
lugar. Chegou a hora!
- Vamos. – Disse baixo, pegou o paletó
do pequeno sofá e o vestiu. Desceu pro altar e viu os padrinhos saírem em
direção a porta. Sua mãe e seu pai também saíram. O rapaz que fazia a filmagem
se posicionou, o ok para a marcha nupcial foi dado e numa fração de segundo as
portas se abriram. Era a hora.
16/06 ás 18:36h.
- Sophia, a gente vai acabar se
atrasando. – Lua comunicou a amiga que tinha acabado de sentar na mesa pra
começar o penteado. – Acho que você ficou tempo demais nas massagens.
- Eu estava extremamente nervosa,
precisava relaxar de alguma forma. – Deu de ombros. – Mas vai dar tempo, ainda são
seis e meia.
- Seu casamento é ás sete. –
Cruzou os braços. Branca, Mel e Lua já estavam prontas. – Micael vai surtar.
- Noivas atrasam. – Olhou para o
espelho. Karla já se aprontava pra fazer o coque. – Ele vai entender.
- Atrasam pouco né Sophia e não chegam
no final da festa. – Branca disse com a voz um pouco angustiada. – E o juiz de
paz que está lá no salão com certeza deve ter tolerância a atraso.
- O salão é aqui do lado gente, meia
hora e a gente chega lá, o carro com o motorista já está aqui na frente, é só
finalizar e a gente já vai.
- Ok, o casamento é seu! – Ergueu
as mãos e desistiu. As três se sentaram um pouco pra trás e ficaram observando
enquanto a mulher fazia o penteado.
Sophia ficou pronta já era quase
sete e meia. Se olhou no espelho com o vestido e mal podia acreditar que
finalmente estava vivendo aquele momento. Seus olhos encheram de lagrimas, mas não
chorou, por mais que a maquiagem fosse a prova d’agua, era melhor prevenir.
Entrou no carro com as madrinhas
e a mãe. Suas mãos tremiam tanto que ela não conseguia segurar o buquê. Olhava
pela janela, os prédios ficando pra trás, a cada segundo estava mais perto de
seu sonho. E então, sentiu a velocidade do carro diminuindo até que parou.
Olhou pra frente e se assustou ao ver a quantidade de carro que tinha parado.
Um puta engarrafamento, no sábado à noite, parecia brincadeira.
- Que merda aconteceu aqui? –
Soltou alguns tons mais alto que o normal. – Hoje não é dia de ter
engarrafamento!
- Imprevistos acontecem, você
devia ter pensado nisso! – Mel repreendeu. – A gente não vai chegar lá nunca.
Olha só, não anda!
- Micael vai surtar e achar que
eu fugi. – Se recostou no banco. – Só o que me faltava.
- Vai nada, os meninos estão lá
com ele, vão acalmar. – Mexeu na bolsa carteira. – Pior é que meu celular está
sem rede.
- No meio da cidade? Só pode ser
complô. – Soph rolou os olhos. Mel, Branca e o motorista também disseram estar
sem rede. – Não é possível gente, vocês estão de brincadeira com a minha cara.
- Não, é real! – Branca estendeu
o celular. – Todo mundo aqui é da mesma operadora, deve ser um problema geral.
- Eu nunca vi tanto imprevisto no
mesmo dia. – Rangeu os dentes.
O motorista ligou o rádio pra tentar ouvir
alguma notícia do que tinha acontecido ali. Como era de se esperar, um acidente
entre dois caminhões tinha fechado completamente as duas pistas, desde cedo.
Bombeiros tentava de tudo pra tirar o motorista de um dos caminhões com vida, o
mesmo estava preso nas ferragens.
- Não dá pra fazer retorno,
estamos presos aqui. – Comunicou as mulheres. Sophia fechou os olhos e
suspirou. “Vai dar tudo certo” ela tentou mentalizar.
Ficaram quase uma hora parados no
mesmo lugar até que finalmente duas das faixas tinham sido liberadas. Não
escondeu o alivio quando o carro finalmente andou.
O motorista encostou na frente da
igreja e Branca saiu correndo pra pedir que alguém avisasse a Micael e para
chamar Renato. Ela saiu e logo as amigas a ajudaram a se ajeitar, estava impecável,
nem parecia que ficou mais de uma hora sentada num carro.
Renato apareceu, logo depois
Douglas e Arthur. Uma música alta para que os pais e os padrinhos entrassem
tocou. Logo Sophia se viu de frente a porta, Marcha nupcial tocando e de braços
dados com o pai. Não demorou a caminhar em busca de sua felicidade.
meu Deus esses imprevistos 😱pelo menos deu tudo certo, micael ia morrer 😹
ResponderExcluirMEU DEUS A GENTE ESPEROU TANTO POR ESTE MOMENTO!!!!!
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