Depois do Para Sempre - Capitulo 5

 - Quê? – Franziu a testa. – Eu nunca disse uma coisa dessa!

- Mas você faz parecer. – Sophia ficou em silêncio aguardando Arthur concluir o pensamento. – Bater no trabalho dele pra pedir ao chefe que o deixe sair cedo porque você marcou uma resenha hoje. Me parece bastante isso.

- É o pai dele. – Estava indignada. – Eu marquei pra hoje porque não sei quando que a Beth vai chamar de novo.

- Viu só. – Gesticulou pra ela. – O trabalho dele fica como dispensável na sua tabela de critérios. Micael jamais pediria a você pra sair cedo por algo. E não importa se é o pai dele, chefe é chefe.

- Eu não penso assim não. – Cruzou os braços. – Eu só fui lá porque ele jogou na minha cara hoje que eu não fazia mais nada.

- E estava errado? – Douglas chamou a atenção do outro lado e ela virou a cabeça. – Acho que não.

- Meu Deus, é todo mundo contra mim mesmo? Não basta o Micael me infernizando em casa, Lua me tratando com mil pedras na mão quando vim aqui mais cedo e agora vocês resolveram que também vão reclamar?

- Micael te infernizando? – Arthur achou graça. – Maior cadelinha, Sophia. Aquele lá aceita tudo o que você diz. Se bobear é por isso que esse casamento de vocês já dura dois anos.

- Ah, pronto! – Ficou de pé. – Vocês só podem estar de brincadeira comigo.

- Estamos tentando te alertar. – Lua deu de ombros. – Ela concordou em engravidar.

- Lua, pelo amor de Deus! – Sophia a encarou muito sério. – Guarda essa língua dentro da boca.

- Te acobertar cansa sabia, Sophia? – Ficou de pé e olhou no fundo dos seus olhos. – Eu falei que não ia mais acobertar traição.

- Traição?! – Os três arregalaram os olhos e falaram quase ao mesmo tempo.

- Que porra você está fazendo, Sophia? – Arthur se levantou bem rápido. – Eu não acredito numa porra dessa de novo não.

- Merece uma surra. – Mel comentou, igualmente indignada.

- E eu achando que ela aprendeu da primeira vez. – Douglas achou graça e os amigos olharam pra ele. – Que foi gente? Não sou o amante, se é o que vocês acham.

- Não tem traição nenhuma, não tem amante nenhum. Lua está exagerando, como sempre.

- É uma forma de traição. – Sophia não estava acreditando que a amiga teria coragem de contar. – Micael pediu um filho, ela disse que sim. Veio aqui em casa mais cedo me pedir pra entrar em contato com a farmácia pra pedir o anticoncepcional dela, sem que ele saiba.

- Pelo menos não tem nenhum amante. – Tentou justificar. – Eu não faria isso com ele, de novo.

- Sophia, você devia contar a verdade. – Mel aconselhou. – Ele vai ficar furioso quando souber. Todo mundo aqui na sala sabe o quanto ele quer ser pai.

- Ele não me escuta, Mel. – Seguia procurando argumentos. – Ele fica me cobrando o tempo todo como se fosse minha obrigação engravidar.

- Você devia ter contado essa merda toda antes de casar. – Lua disse com um bico. – Eu não sei como que fui deixar chegar nesse ponto.

- Está me saindo uma bela fofoqueira. – Atacou Lua. – Não pensei que fosse me expor dessa maneira.

- Eu estou é cansada dessas mentiras que você conta para o Micael e que acaba sobrando pra mim te acobertar. – Rolou meus olhos.

- Você está falando como se fosse frequente. – Rolou os olhos. – Foi uma vez, Lua. E faz anos. – Estalou os dedos repetidamente. – Aquilo sim foi uma traição, isso de agora é só uma mentirinha boba.

- Eu desisto. – Olhou para os amigos alternadamente. – Alguém mais quer tentar fazer ela ver a razão ou nós vamos fazer um bolão pra ver quanto tempo mais dura o casamento de Micael e Sophia?!

- Para de exagerar. – Rolou os olhos. – Meu casamento não vai acabar, ele não vai descobrir nada, a não ser que um de vocês conte.

- Eu não precisei contar pra ele descobrir seu caso, precisei? – Mais uma vez Lua jogou na cara. – Ele não é cego, Sophia.

- Eu vou pra casa. – Pegou a bolsa. – Foi uma péssima ideia mesmo fazer essa resenha. – Celular dela tocou antes que tivesse saído do lugar. Olhou no visor e lá estava “vida” escrito. Respirou fundo e atendeu. – Oi, amor.

- Oi, vida. – Tinha um tom simpático. – Eu só consegui sair do restaurante agora, estou indo prai. Estão todos ai ainda né?

- Na verdade, eu já estou indo pra casa. – Não encarou a nenhum dos amigos. – Foi uma péssima ideia, vamos remarcar.

- Está falando sério? – Seu tom deixava claro que estava decepcionado. – Quer que eu vá ai te buscar?

- Não precisa, já estou esperando um carro. A gente se vê em casa. Amo você. – E a ligação foi desligada. – Tchau gente.

- Juízo, Sophia. – Lua advertiu pela última vez.

- Eu tenho de sobra. – E saiu da sala sem nem olhar pra trás uma outra vez.          

 

- Cês acham mesmo que Micael descobre? – Douglas perguntou quebrando o silêncio que tinha se formado na sala. – Eu acho ele meio tapado pra enxergar as coisas que vem da Sophia.

- Ele só não faz questão de procurar cabelo em ovo. – Arthur defendeu.

- Ele é lesado pra enxergar as tramoias de Sophia, gente. – Douglas seguia achando graça. – Não é possível que só eu perceba isso. Quer dizer, só eu e Sophia né?! – Os amigos o encaravam sérios. – Ele vai demorar meses até descobrir que ela não parou com o remédio coisa nenhuma.

- Como é que você tem tanta certeza? – Arthur perguntou. – Quando ela não engravidar ele vai começar a desconfiar.

- Vai nada. – Douglas deu de ombros. – Ele vai procurar um médico, ele vai fazer mil testes pra saber se há algum problema com ele e falar pra Sophia fazer também, mas desconfiar que ela mente, duvido.

- Você realmente fala com conhecimento de causa.

- Exato. – Deu de ombros. – Quanto tempo eu e Sophia não enrolamos ele? – Questionou os demais. – Meses, e olha, não foi porque a gente fazia bem feito não, porque era tudo de qualquer jeito, cada desculpa esfarrapada em cima da hora.

- Nossa, Douglas. – Mel fez uma careta. – Você não precisa falar assim.