Depois do Para Sempre - Capitulo 2

 - Vai sair? – Micael perguntou quando viu a namorada arrumada, tomando café junto com ele. – Agora de manhã?

- Vou lá na casa da Lua. – Se sentou ao lado do marido. – Será que rola uma carona?

- Ué, você dirige agora, por que não vai com seu carro? – Bebeu um gole de suco e achou graça da careta que Sophia fez.

- Você sabe muito bem que eu tirei carteira, mas que eu odeio dirigir. Puta coisa chata, não sei como vocês tem paciência. – Passou geleia na torrada. – Toda hora sinal, toda hora trânsito. Nervoso só de pensar.

- E então você tem um carro de enfeite. – Tentou prender o riso, mas não conseguiu.

- Eu tenho o seu Audi que você achou ultrapassado e quis outro, como se a gente jogasse dinheiro fora. O carro novinho!

- Eu sou um amante de carros. – Brincou e pegou um pão de queijo que ele tinha colocado á mesa. – Não resisto quando sai um modelo novo. E eu ia passar o antigo, você que pediu pra ficar com ele.

- Ué, vou falar igual a você quando doou meus móveis. – Fez uma pausa. – Um carro não vai deixar a gente mais pobre ou mais rico. – Ele se engasgou com o suco porque começou a rir.

- Você já viu o preço do IPVA desse carro? – Ergueu uma sobrancelha pra ela. – Com certeza ele é capaz de deixar a gente mais pobre. – Seguia bem humorado. – Mas a senhora está pretendendo voltar como? De ônibus?

- De Uber. – Falou como se fosse óbvio. – O seu cartão que lute.

- Muito bem, Dona Sophia, muito bem. – Balançou a cabeça. – Vamos logo, porque ultimamente meu pai tá mais chato do que nunca.

- Seu pai continua o mesmo. – Rolou os olhos.

- Isso é porque você não convive. – Se levantou com a jarra de suco pra colocar na geladeira. – Vai pegar a bolsa que a gente já sai. – Começou a guardar o restante e deixou a louça na pia.

 

- Você está linda demais. – Elogiou enquanto iam pra garagem. – Não sei lidar com tanta gostosura.

- Para de graça, eu estou igual a todo dia. – Sorriu e entrou no carro, logo afivelou o cinto.

- Está errada, cada dia está mais maravilhosa.

- Você acordou com um ótimo humor. – Ele deu partida no carro. – Não que seja mal humorado nos outros dias.

- Nós vamos ter um filho, não tenho motivos pra ficar triste. – Saiu do condomínio e tomou rumo a casa de Lua. Sophia fez uma leve careta, mas logo disfarçou. Não respondeu nada. – Quando é a sua próxima viagem?

- Nada certo ainda. – Deu de ombros. – Depois vou ter que ir na agência conversar com a Beth sobre isso, e deixar ela avisada que logo, logo estarei imensa.

- Para com isso, não vai estar imensa. – Rolou os olhos. – Vai ser a grávida mais linda.

- Infelizmente, meu amor, não é só a sua opinião que importa. – Ele desviou os olhos da estrada por alguns segundos. – A de muita gente importa.

- Mas devia ser só a minha mesmo. – Sophia bufou. – Você sabe que pode muito bem dar uma pausa e eu banco os nossos gastos, pelo menos enquanto está grávida e uns meses depois que o bebê nascer.

- Vamos deixar pra conversar sobre isso quando eu estiver gravida, pode ser? – Micael assentiu. Logo Sophia mudou de assunto e a conversa se seguiu leve até a casa de Lua. – Até a noite, te amo.

- Até mais. – Falou um te amo somente com os lábios e ficou observando a esposa entrar na casa de Lua. Logo seguiu seu caminho para o trabalho.

 

- Lua, liga pra farmácia agora! – Sophia entrou na sala falando rápido, Lua tomou um susto.

- Você ficou doida? – Ficou de pé, estava claramente confusa. – Como tu entrou aqui, mulher?

- A porta não estava trancada, eu girei a maçaneta e entrei. – Deu de ombros. – Agora tenho que ficar batendo na porta?

- Não, você sabe que não. Eu só estou surpresa, nem sabia que estava no Rio. – Fez uma careta. – Pensei que estava no Amapá, ou será que no Acre? Sei lá né, você nunca está disponível pra gente.

- Você vai começar de novo com isso só porque eu não fui na festa do Matheus? – Sophia olhou em volta procurando o menino pela sala. – Eu mandei um presente pra ele, eu expliquei a você o que aconteceu.

- Mandou um presente. – Lua olhou debochada. – Que se dane o presente, Sophia. Nós temos dinheiro pra comprar quantos presentes a gente quiser pro nosso filho. Arthur trabalha, se você não sabe. Você é madrinha dele, a sua presença era mais importante.

- Você jura que vai realmente brigar comigo? Tem meses que a gente não se vê!

- Tem né, meu filho já já faz três anos. O bebê da Mel está quase nascendo. – Jogou na cara mais uma vez. – A gente fala com você por mensagem, porque pessoalmente é quase impossível.

- E ai eu apareço na sua casa e você ao invés de me dar um abraço você briga comigo. – Cruzou os braços como se estivesse certa.

- Você apareceu aqui pra me pedir ajuda. – Mantinha o deboche. – É só nessas horas que você lembra de mim, Sophia. Isso cansa, sabia?

- Pelo amor de Deus, Lua. – Se aproximou da amiga. – É trabalho, eu não estou longe de vocês porque eu gosto, eu estou trabalhando.

- Você pode parando com isso, sabemos muito bem que você não tem necessidade nenhuma de trabalhar isso tudo. Micael paga todas as contas da casa, o cartão de credito que você usa é o dele também. Pra que, Sophia? Pra que passar semanas longe de casa desse jeito, viajando que nem uma maluca pra cima e pra baixo.

- Não trabalho por dinheiro, trabalho por amor. Amo fotografar, amo desfilar...

- Como que teu marido aguenta isso hein? – Ergueu uma sobrancelha. – Não deve ter mais mão pra bater punheta.

- LUA! – Praticamente gritou.

- O que foi? – Foi a vez dela cruzar os braços. – Pra não arrumar uma amante por ai, deve ser isso que ele está fazendo todo dia. Se fosse outro homem, você ia ter tanto chifre que não ia estar aguentando andar com a cabeça erguida.

- Você vai parar de me atacar em algum momento?