- Devo presumir que pela ausência de gritos tudo ficou bem? – Sophia perguntou quando ouviu os passos vindo por detrás.
- Ai, Sophia... – Se sentou no sofá novamente ao lado da noiva. – Você é tão marrentinha.
- Claro que não. – Riu. – É que vocês não são discretos, se
tivessem brigado mais todo o prédio saberia.
- A gente se entendeu, eu continuo aqui, pode ficar feliz
que não vai me ter por perto. – Fez uma careta. – Sei que era esse seu plano.
- Tudo o que eu mais quero é ter você de volta pra mim,
amor. – Agarrou o moreno. – Quero que passe logo essa fase pra gente ter o
nosso canto e ser feliz pra sempre.
- Feliz pra sempre? – Ergueu uma sobrancelha. – Em que conto
de fadas é esse que você acha que está vivendo? Somos nós dois, sempre tem algo
pra atrapalhar.
- Cruzes, larga de ser pessimista. – Sophia bufou. – Não vai
ter mais nada pra atrapalhar a gente depois que você voltar pro Rio, o único obstáculo
é você estar aqui.
- Isso é o que você acha, minha linda. – Tomou um tapinha de
Soph. – Bom, fiz um novo acordo com meu pai, ele me pediu pra ficar aqui mais
um mês. Disse que vai começar a fazer entrevistas pra colocar alguém no meu
lugar e eu finalmente vou poder voltar pra casa.
- Sério? – Quase deu um pulo. – Então está mais perto do que
eu imaginava, mês que vem a gente casa?
- No caso a gente tá no final de Março. – Viu a careta se
formar no rosto de Sophia. – Mês que vem eu tenho que estar aqui né?!
- Maio então? – Ele deu de ombros, logo depois franziu a
testa quando viu a careta se intensificar no rosto da noiva. – Não rola, a
atendente da loja me deu de prazo quarenta e cinco dias pro vestido ficar
pronto. Na hora eu não achei que fosse fazer diferença, porque faltavam três
meses pra você voltar, agora eu já começo a me arrepender.
- Então no final das contas, a gente vai acabar casando em
junho. – Deu uma risadinha. – Não adiantou foi nada essa minha volta pro Rio
antes da hora. – Seguiu rindo. – Culpa do seu vestido.
- Ah, nem me fala.
- Para, pelo menos é o vestido que você mais gostou, vai
valer a pena a espera. E a gente pode organizar as coisas com mais calma. Como
faltam menos de três meses, a gente pode dar entrada no cartório, no final de
semana eu vou pra lá e a gente faz isso.
- Sério que você vai? – Seu sorriso se iluminou. – Mas pera,
final de semana o cartório não abre.
- Putz, esqueci. – Os dois riram. – Vou ter que conversar
com meu pai sobre ficar lá até a segunda então. Ai a gente vai no cartório e da
entrado nos papéis. E ai, já com a data, a gente já consegue organizar as coisas
né?
- Mas a gente não escolheu a data. – Franziu a data. – Só junho.
- Ué, tem que ser no nosso dia, dia dezesseis.
- Mas e se for uma quarta feira? – Perguntou rindo. – Não dá
pra casar numa quarta-feira, os convidados tem que trabalhar.
- Os convidados que lutem. – Ele deu de ombros. – Esse ano a
gente nem comemorou nosso aniversario de quatro anos.
- Claro que não, a gente estava separado em outubro, se você
não lembra. – Bufou. – Vamos olhar no calendário.
- Eu não lembro, porque esse ano foi uma loucura só. –
Ergueu uma sobrancelha. Os dois olharam para o telefone enquanto Sophia via a
agenda. – Sábado, eu não acredito que é um sábado.
- Está tudo conspirando. – Riu novamente. – Então dia
dezesseis de junho vai ser o nosso dia.
- Ain, agora com a data eu fico ainda mais empolgada. –
Bateu palminhas. – Já vou chegar e começar a ver as coisas. Salão, buffet,
organizadora, fotografo, meu deus, são muitas coisas.
- Não surta, tem uns dois, quase três meses, relaxa que tudo
dá certo.
- Será que vai ter comida nessa casa hoje? – Jorge apareceu
com o cabelo molhado aparentemente depois de tomar um banho. – Vou ter que
comer miojo?
- No dia que você achar miojo ou qualquer coisa instantânea pra
comer na casa do Micael, seu filho tá doente. – Sophia deu risada. – Saudades eu
tenho de uma lasanha.
- Faça uma lasanha. – Micael bufou. – Não precisa ser
congelada, cheia de conservantes. Faz uma massinha, bota um recheio saudável.
Não cai a mão, sabia?
- Mas dá trabalho, não é nem um pouco prático. Em menos de 15
minutos a congelada já está pronta e é só comer. Agora, quanto tempo eu vou
levar se tiver que preparar até a massa da lasanha?
- Então melhor nem comer né, aproveita que você nem pode
mesmo. – Ganhou um tapinha de Sophia. – Ué, meu forte é comida francesa, não
italiana.
- Mas você tem que saber fazer de tudo.
- E eu sei, só não quero mesmo. – Seguiu dando risada.
- Egoísta demais, vou comprar uma lasanha no mercado amanhã
quando tiver em casa e te mandar a foto só pra você morrer do coração.
- Ele vai surtar. – Jorge disse da cozinha. – Vai pegar o
primeiro voo só pra dar um chilique.
- Falando em pegar o primeiro voo. – Micael se virou pra
encarar o pai. – Vou precisar de um dia de volta no Rio.
- Como assim? – Franziu a testa. – Final de semana está ai
por isso.
- Não dá. – Suspirou, tentou suavizar a voz ao máximo pra
não entrar em outra briga com o pai. – A gente decidiu a data do casamento,
preciso estar lá em dia de semana pra conseguirmos dar entrada nos papeis.
- Ah, e pra quando é? – Jorge sorriu.
- Dezesseis de junho. – A loira tinha uma expressão que
contagiava os dois. – Tão perto e tão longe.
- Quando você menos esperar já chegou o dia. – Jorge começou
a encarar o nada, se via de longe que as lembranças inundavam sua mente. – E ai
vai ser só correria, o medo de tudo dar errado, um monte de atrasos, coração
quase saindo pela boca. – Seu sorriso se alargou ainda mais. – Muita coisa não vai
sair como planejado, mas vai ser perfeito. É uma sensação boa.
- Tá vendo que ele tá lembrando do casamento dele né? –
Micael implicou. – Foi em mil e novecentos e ele ainda lembra dos detalhes. –
Gargalhou. – As fotos todas em preto e branco.
kkkkkkkkk passo mal de rir com esses dois
ResponderExcluir