- Como assim seu filho? – Sophia levou alguns instantes pra se acostumar com a ideia. Tinha os olhos fixos na fotografia, reconhecendo traços de Micael na criança. – O Micael tem um irmão e você não contou nada?
- Anthony tem onze anos. – Ela
tinha um sorriso no rosto ao falar do menino. – É muito esperto e carinhoso.
Amo demais o meu menino e é por ele que eu não posso ficar aqui, entende?
- Por que você não trouxe ele? –
Ainda estava se recuperando do choque.
- Joseph nunca daria permissão,
assim como Jorge não deu pra eu levar o Micael. – Deu de ombros. – Eu estava
disposta a entrar numa briga judicial por ele, sabe? – Soph assentiu. – Mas ele
me disse que não queria vir comigo. – Foi a hora que as lágrimas apertaram. –
Ele disse que preferia ficar com o pai, com seus amigos, com sua escola. Ele
disse que a vida dele era lá. Agora você vê, um menino de onze anos.
- Meu Deus, Antônia. – Estava
perplexa ainda. – Por que você nunca contou nada disso?
- Quando eu cheguei, eu não quis
começar dando munição pro Micael dizer que eu abandonei outro filho. Eu não
queria ser julgada por isso e ainda mais com a doença, tudo o que eu queria era
fazer as pazes com ele. Não contei nem ao Jorge.
- Mas e depois?
- Eu nunca soube como contar isso,
pensei que eles iam ficar com raiva de mim por conta disso e fui adiando.
- Então o Joseph te liga pra falar
disso?
- Que liga é o Anthony. – Sorriu
novamente. – Joseph não dá um telefone pro menino, diz que é muito novo, ai ele
me liga do dele. – Segurou nas mãos de Sophia de novo. – A questão é, não
importa que eu ame o Jorge, eu não vou poder ficar aqui, vai chegar uma hora
que eu vou ter que voltar pra cuidar do meu filho. Micael já é um homem, vai
casar com você, daqui a pouco vocês tem seus próprios filhos. – Sophia fez uma
leve careta – Eu não quero me dar o luxo de cometer o mesmo erro duas vezes,
entende?
- É claro que entendo, mas
Antônia, você precisa conversar com eles. Vão entender e te apoiar, não é
possível que vão fazer você escolher entre seu filho criança e eles.
- E eu vou começar esse assunto
como? – Suspirou. – “Oi, gente. Eu tenho um filho e escondi de vocês esse tempo
todo.” – Debochou um pouco.
- Talvez com menos deboche. – Ela
soltou uma risada. – Olha, eu só acho que você não devia deixar os dois achando
que você é uma ingrata e tals. Eles merecem saber.
- Dar conselho é muito mais fácil
do que seguir, Sophia. – A loira desviou o olhar se lembrando das palavras de
Lua sobre o desejo de não ter filhos. – Falar é sempre muito mais fácil.
- Eu sei. – Suspirou. – E como
sei.
- Está acontecendo alguma coisa? –
Perguntou desconfiada. – Sua expressão mudou de repente.
- Talvez. – Pensou de deveria ou
não confiar na mãe de Micael, mas precisava desabafar com alguém mais velho e
infelizmente sua mãe estava a quilômetros de distância. – Se eu contar uma
coisa, você promete que não vai contar pro Micael?
- Chega fico com medo quando
começa a falar assim. – Ela tinha rugas de preocupação na testa. – Está
escondendo algo grave? O que você fez?
- Não tenho um amante, se é do que
tá desconfiando. – Rolou os olhos pra sogra. – Preciso que prometa.
- Tudo bem, eu não vou contar,
você parece agoniada. – Sophia assentiu várias vezes. – Fala, filha.
- Eu não sei se quero ter filhos.
– Falou bem rápido. – Pelo menos não agora, talvez um dia.
- E isso é uma coisa muito
horrível? – Ergueu uma sobrancelha sem entender. – Pode ser conversado, não
precisa fazer essa cara.
- Eu tenho medo de abrir o jogo
com o Micael e ele desistir de casar comigo. – Agora a mulher mais velha se
espantou. – Ele é louco pra ser pai, e se essa vontade for maior do que o amor
que ele tem por mim?
- Se for o caso, não é melhor
saber logo ao invés de depois que tiver casada? – Ergueu uma sobrancelha. – Só
vai ter mais burocracia pra separar.
- Nossa, Antônia. – Ficou de pé. –
Quanto apoio! – Arrancou risadas da mulher que a pouco estava chorando.
- Eu acho que se você chegar e
conversar com ele sobre isso ele vai entender de boa. – Deu de ombros. – “Olha,
Micael, eu não quero filhos agora por conta disso, disso e disso. A gente pode
conversar sobre o assunto novamente daqui a um tempo.” – Sophia olhou com
atenção. – Ele faz tudo o que você quer, duvido que não vai entender esse seu
desejo.
- Realmente dar conselhos é mais fácil
do que seguir. – Ela voltou a se sentar e riu. – Nós duas praticamente nos
demos o mesmo conselho, ir lá e falar a verdade.
- Pois é, talvez seja o certo a se
fazer mesmo. – Antônia concordou. – Mas é complicado.
- Eu vou sentar pra conversar com
ele depois do casamento. – Cruzou os dedos. – Eu juro. Quando a gente voltar da
Lua de Mel eu vou abrir o jogo e conversar.
- Eu vou cobrar hein. – Disse rindo,
mas logo se calou. – Eu vou falar antes de voltar.
- Você devia falar de uma vez. – As
duas ficaram de pé. – Eu sei que vai adorar dar uns beijinhos no Jorge de novo.
– A jovem senhora ficou completamente sem graça. – Ah, para! Não precisa ficar
sem graça, dá pra ver na cara de vocês.
- Eu não sei nem como puxar o
assunto. – Balançou a cabeça.
- Eu ajudo você. – Estendeu a mão
e Antônia a segurou. As duas começaram a caminhar de volta pra sala e ouviram a
campainha tocar. Chegaram a tempo de ver a porta se abrir, uma fração de
segundo se passou e Anthony estava abraçado a Antônia.
- Eu estava com saudades, mãe. – O
menino disse alto e o olhar da mulher foi logo pra Micael que estava parado com
os olhos arregalados, sem entender absolutamente nada.
o barraco ta armado! KKKKKKKK
ResponderExcluirAnsiosa pela continuação 😗😗
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