- Soubemos que você passou mal na semana passada. – Sophia interveio também. – Não acho uma boa ideia ficar sozinha assim logo de cara.
- Ai ai, vocês acham que eu virei uma invalida né? – Ela alternou olhares entre os três. – Eu sou capaz de me cuidar sozinha.
- A gente sabe, mãe. – Micael estava pronto pra alfinetar o
pai mais um pouco. – Mas o meu pai adora fazer isso. – Soltou uma boa gargalhada
com a expressão de Jorge. – Deixa o velho ser feliz.
- Micael! – Ela disse sem graça. Eles foram interrompidos
pelo toque do celular de Antônia que estava sobre a mesinha de centro. – Pega pra
mim?! – Apontou para a mesa. Micael se virou e pegou o celular, mas antes de
entregar a mãe, leu o nome no visor.
- Joseph? – Franziu a testa pra mãe. – Pensei que você não falasse
mais com esse cara. – Antônia deu de ombros.
- De uns tempos pra cá ele passou a me ligar. – Ela pegou o
telefone e enviou a chamada pra caixa de mensagens. – Mas eu não atendi a
nenhuma das chamadas.
- E ele continua ligando? – O moreno parecia bravo. – Mãe você
não está dando confiança pra esse cara de novo não né?
- Me respeita, Micael. – Disse brava. – Eu sou sua mãe e não
uma adolescente por ai.
- Esse papo está super estranho! – Seguia desconfiado. – Se você
não atendeu a nenhuma chamada, por que ele continua ligando?
- Não sei, Micael. – Ficou de pé. – Eu não atendo. – Saiu da
sala um pouco apressada, resmungando algo sobre aquele monte de perguntas.
- E você, como está com isso? – Micael perguntou ao pai, que
estava bem quieto depois do telefonema. – Não parece que está bem, mas também
não parece surpreso.
- Eu já tinha percebido sua mãe cochichando por ai no
telefone e que era claramente pra eu não ouvir. – Deu de ombros. – O que eu
posso fazer? É a vida dela.
- Ingrata do caramba! – Estava um pouco irritada. – Ela não
pode aparecer na nossa vida depois de mais de quinze anos, doente, sem teto, ai
quando fica boa começa a se engraçar com esse gringo idiota de novo.
- Micael, fala baixo. – Sophia pediu. – A sua mãe pode
ouvir.
- Mas ela tem que ouvir, Sophia. – Manteve o tom. – Ela acabou
de dizer que está quase boa, aguenta umas verdades. – Bufou. – Isso não é justo
com a gente, nem comigo e muito menos com ele. – Apontou para o pai. – Meu pai
parou metade da vida pra ficar cuidando dela, pra ficar acompanhando em médico,
em sessões de quimio. Pra agora ela chamar o bonitão e ir embora pra puta que
pariu.
- Ela não é obrigada a ficar. – Jorge enfim se manifestou. –
Eu ajudei porque ela estava doente e precisava de alguém, mas isso não faz ela
ter obrigação de ficar comigo.
- Mas é uma puta falta de consideração. – Estava revoltado. –
Ela usou nós dois.
- Gente, pelo amor de Deus, vocês estão tirando conclusões precipitadas.
– Falou para os dois. – Antônia nem falou nada.
- Ela falou que já estava na hora
de “caçar um rumo” e logo depois o telefone toca e é o gringo. Isso não me
parece muita coincidência. – Disse ainda com raiva. – Ela vai dar no pé e sumir
por outros quinze anos.
- É isso que te preocupa? – Ele se
sentou no sofá e colocou as mãos na cabeça. – Ela não vai cometer o mesmo erro.
– Sophia se sentou ao lado de Micael e passou as mãos pelas costas do noivo. –
E além do mais agora você é um adulto.
- Se a gente sobreviveu uma vez,
sobreviveremos outra. – Jorge deu de ombros como se não ligasse, mas a expressão
no rosto dele o entregava.
- Eu não preciso dizer de novo que
vocês estão se precipitando né? – Alternou olhares entre os dois. – Vocês três
tem que conversar pra saber o que está acontecendo.
- É que parece que tá bem claro o
que está acontecendo. – Ele ergueu a cabeça. – Eu não preciso ir até lá gastar
a minha saliva.
- Meu Deus, vocês dois são muito
cabeça duras, não é atoa que vivem brigando, ninguém aguenta isso. – Bufou e
saiu de perto deles, indo em direção ao quarto que Antônia ocupava. A porta
estava entreaberta e Sophia entrou devagar, viu a sogra deitada na cama com o
que parecia ser uma foto na mão. – Antônia?! – Chamou a atenção da mulher que
não demorou a esconder o retrato embaixo das cobertas. – Me desculpa, a porta
estava aberta, eu não queria atrapalhar.
- Encosta pra mim? – Pediu com a
voz baixa, apontando pra porta e não demorou a Sophia fechar e logo se sentar
junto a ela. – Aconteceu alguma coisa?
- Vim ver como você está. –
Sorriu. – Micael e Jorge são demais as vezes.
- Eu ouvi as coisas que o Micael
falou de mim quando eu sai da sala. – Tinha os olhos cheios de lágrimas. – Não
adianta eu tentar me redimir pelo que passou. Eu marquei o Micael pra sempre,
não posso fugir disso.
- Ele só tem medo de te perder de
novo. – Segurou a mão de Antônia. – Ele não quer que você vai embora, e ao invés
de dizer isso e pedir com carinho dizendo que se importa com você, ele vai te
atacar com as piores palavras que você já ouviu. É o jeito dele.
- Me parece que você fala por experiência
própria. – Soltou uma risadinha. – Imagino que esses quatro anos não tenham
sido fáceis.
- Já ouvi tanta coisa. – Fez uma
careta. – Não posso dizer que não mereci, mas é duro, ele sabe ser cruel quando
está com raiva. – Antônia assentiu, tentando ao máximo prender as lágrimas. –
Ele já vai se acalmar e te pedir desculpas.
- E será que eu mereço esse pedido
de desculpas? – Sophia franziu a testa sem entender. – Eu não sou mesmo uma “ingrata
do caramba”?
- Está realmente pensando em ir
embora de novo? – A loira tentava se manter neutra. – Sabe que eu até pensei
que você e o Jorge iam se entender de novo.
- Existem coisas mais importantes
do que os meus sentimentos por ele. – Secou algumas lagrimas que insistiam em
escorrer por sua bochecha. – Esses meses que eu passei aqui, ele fez eu me
lembrar do motivo de ter casado com ele. – Tinha um sorriso no rosto. – Alegre,
brincalhão, atencioso, carinhoso...
- Brincalhão. – Ela riu. – Eu vejo
muito mais ele sério do que brincalhão.
- É porque sempre tem algo
estressando ele, Jorge trabalha demais. – Justificou. – Eu me recordei do
motivo de ter vivido bons momentos, antes do batalhão de brigas começar e eu não
aguentar mais.
- Fala a verdade, você o ama
ainda. – Encarou a sogra. – Você já teria dado entrada no divorcio se não amasse.
Quando eu vejo vocês dois juntos, o jeito como ele te olha e te trata, o olhar
de admiração que você tem por ele, é o que eu quero pra mim no futuro. Essa
cumplicidade.
- Vocês tem isso. – Passou uma das
mãos no rosto de Sophia. – Mesmo com todas as turbulências, é possível ver isso
no olhar de vocês.
- Então por que você não admite
que ainda o ama e fica por aqui?
- Como eu disse, as coisas vão
além dos meus sentimentos por Jorge. – Antônia suspirou e pegou a fotografia
que estava olhando quando Sophia invadiu o quarto. A loira olhou e não entendeu
nada. Era um menino, com cabelos castanhos tão claros que beirava o loiro. Os olhos
negros em contraste com a sua pele clara. Tinha um sorriso banguela que
contagiava. O menino lhe parecia familiar. – Esse é Anthony, meu filho.
Puta que pariu, agora que o Mika não perdoa ela mesmo
ResponderExcluir😱 antonia tem outro filho socorro micael e jorge vao ficar doido com a novidade KKKKKKKKK
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