- O que está acontecendo aqui? – Micael perguntou quando saiu do transe. Sua voz já era bem hostil. Sophia encarou Antônia e o menino abraçados, a mãe deu um beijo na cabeça da criança e se abaixou.
- Meu amor, preciso que você dê uma volta com a Sophia. – Antônia olhou pra loira que assentiu. – Depois a mamãe te explica tudo.
- Mas nós acabamos de chegar. –
Franziu a testa. – Eu quero ficar um tempo com você.
- Nós vamos conversar, assunto de
adulto. – Explicou com a voz calma. – Eu juro que quando vocês voltarem a gente
fica junto. – O menino assentiu. Sophia esticou uma mão pra ele e os dois saíram.
Um silêncio bem desconfortável pairou sobre a sala. – O que você está fazendo
aqui, Joseph?
- O que eu estou fazendo aqui? –
Ele falava português, mas seu sotaque era bem carregado. – Eu te liguei muitas
vezes e você não atendeu a droga do telefone. Eu estava tentando te avisar que
estava vindo trazer o Anthony.
- Do nada? – Cruzou os braços. – O
que foi que aconteceu?
- Você está há meses aqui,
Antônia, seu filho sente sua falta. – Estava irritado. – Ou você acha que falar
com ele no telefone é suficiente?
- Pelo menos com ele, ela falava
no telefone. – Micael sussurrou, só Jorge o ouviu.
- Será que a gente pode conversar
depois? – Olhou pra Jorge e Micael. – Por favor.
- Você que sabe. – Rolou os olhos.
– Eu vou te mandar o endereço do hotel que estou hospedado e você leva o
Anthony lá depois, pode ser? – Ela assentiu e ele saiu da casa sem falar mais
nada. A mulher andou até a porta e a fechou, deu um longo suspiro antes de
encarar o olhar do filho e do ex marido.
- Eu... – Não sabia como começar.
- É uma abandonadora de filhos. –
Micael começou a acusar. – Quantos anos esse menino tem? Dez também? Deve ser
sua especialidade criar os filhos até os dez e depois ir pra puta que pariu.
- Micael, você nem ouviu o que eu
tenho a dizer e já está falando barbaridades. – Rolou os olhos. – Eu não
abandonei ninguém.
- Mudou de nome agora. – Ele debochou
olhando pra Jorge. – Como chama?
- Micael, larga de ser debochado. –
Brigou. – Quando eu decidi vir pra cá, pra rever você, eu ia trazer o Anthony.
Acontece que ele não quis.
- Ele não quis? – Ergueu uma
sobrancelha. – Essa vai ser a sua desculpa?
- Que desculpa o que, Micael. –
Rolou os olhos. – Eu estou falando a verdade, eu dei essa opção pra ele, eu
perguntei se ele queria vir comigo. Ele escolheu ficar com o pai e com a vida
dele lá. Eu respeitei a decisão dele.
- Ótima, mãe. – Seguiu debochando.
- Joseph também tinha me dito que
não nunca permitiria que eu trouxesse o nosso filho. Eu sentei e conversei com
ele, disse que se quisesse vir comigo, eu brigaria na justiça pela autorização.
- Entendi. – Foi só o que
respondeu.
- Eu só quero saber como é que
esse cara sabe o meu endereço. – Jorge parecia bem tranquilo, mas eles sabiam
que não estava bem. – Porque eu com certeza não dei.
- Ele descobre tudo o que quiser. –
Deu de ombros, como se aquilo não importasse. – Quem você acha que me deu o
telefone do Micael? O endereço atualizado do restaurante? – Bufou.
- Já deu pra mim, eu vou pra casa.
– Comunicou. – Vocês que se resolvam. – Não encarou nenhum dos dois.
- Você não vai sair daqui com
raiva de mim de novo. – Se colocou na frente de Micael. – Filho, eu amo você, entende
o meu lado, por favor. – Soltou um longo suspiro. – A gente passou ótimos meses
juntos, a gente já tinha se entendido. Não fica com raiva de mim por causa
disso.
- Você podia ter contado que eu
tenho um irmão. – Cruzou os braços, mas sua voz era bem mais branda. – Eu teria
gostado de saber.
- Ok, eu reconheço que errei, mas
por favor, não vamos brigar de novo. – Juntou as mãos como se tivesse
implorando. – Além do que o Tony vai adorar te conhecer, ele sempre quis.
- Ele sabe que tem um irmão? –
Ergueu uma sobrancelha.
- Eu não apaguei você da minha
vida quando fui embora. – Ela bufou. – Claro que ele sabe.
- Você e esse cara estão... –
Tentou formular uma frase mas não deu muito certo. Antônia conseguiu ver a
careta se intensificar ainda mais no rosto de Jorge. – Juntos de novo.
- Claro que não e nem vamos estar.
– Suspirou. – O único motivo pelo qual eu estava pensando em voltar, era pelo
Tony. Eu não podia ficar aqui pra sempre, por mais que eu quisesse. – Saiu da
frente de Micael e caminhou um pouco mais pro lado de Jorge. – E eu quis, mas
não dá pra deixar ele lá pra sempre, desconfio que Joseph não seja tão bom pai
quanto você. – Jorge deu uma risada.
- Isso significa que se eu tivesse
sido um péssimo pai você teria voltado antes? – Seus olhos brilhavam. – Por que
eu não pensei nisso antes?
- E você foi um bom pai? – Micael alfinetou.
– Não estou lembrado. – Os dois encararam Micael sério e ele ergueu as mãos em
sua defesa. – Foi só uma brincadeirinha. Azar do Anthony que não tem um paizão
que nem eu tenho. – Debochou.
- Micael, eu juro que eu vou te
dar a surra que nunca dei. – Jorge ameaçou e arrancou uma risada do filho. – Só
isso que faltou pra eu ser um bom pai.
- Eu vou deixar vocês ai
conversando e vou atrás da Sophia. – Os dois assentiram. – Não exagerem aqui na
sala, vamos chegar a qualquer momento. – Piscou um olho pro pai e saiu da casa
rindo.
- Micael é tão idiota. – Antônia disse
com vergonha. – Talvez você não tenha feito um trabalho tão bom assim.
- Claro que fiz, responsável,
trabalhador, formado, educado... – Fez uma pausa. – Educado nem tanto e as
vezes é irresponsável também, mas fora isso... – Os dois começaram a rir, mas
logo o momento voltou a ficar sério. – Eu criei o nosso filho com todo amor do
mundo, mas que quando ele completou seus doze anos e começou a entrar na adolescência
a gente brigasse direto. Fiz o melhor que pude e sabe, eu tenho muito orgulho
do homem que ele se tornou.
- Eu também tenho. – Se aproximou
um pouco mais. – Eu sinto muito por não poder ficar, eu não sei se você vai me
entender, mas eu não posso cometer o mesmo erro, eu quero estar ali pro Anthony
e fazer as coisas certas dessa vez. Eu só vim por causa da doença, eu precisava
me desculpar com ele. – Jorge colocou as mãos no pescoço de Antônia e fez
carinho nas bochechas com os polegares.
- Eu ainda amo você. – Antônia sorriu.
– Todo esse tempo e eu nunca deixei de amar.
- Eu também amo você. – Ele também
sorriu. – Já refleti tanto sobre nós, se tivéssemos tentando mais um pouco
antes da decisão de separar, se eu não tivesse feito a maluca e ido embora com
o Joseph. As coisas seriam tão diferentes agora.
- Não fala mais nada. – Colou as
testas. – Mesmo que vá embora, agora, não fala mais nada. – Antônia assentiu e
logo o beijo foi iniciado.
eles podiam ficar juntos tbm 😪
ResponderExcluircontinuaaaa
posta maaaaais 🙏🏻
ResponderExcluirPosta mais!
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