- Ela não pode fazer isso comigo. – Sophia comentou com Lua ainda dentro da agência. – Eu agora não posso mais ter vida pessoal? Não tem espaço no meu casamento pra eu chegar e falar pro Micael que não dá pra termos um filho.
- Crise no casamento é? – Fernanda
comentou antes que Lua respondesse, as duas viraram pra ela com cara de poucos
amigos. – Acontece sempre por ai.
- Fofoqueira. – Sophia suspirou. –
Você é tão insignificante que nem tinha te visto ai.
- Mas que grosseria gratuita,
Sophia. – Soltou uma risadinha. – Não precisa disso tudo, eu ouvi por acaso.
- A surra que eu te dei não foi o
suficiente pra você não olhar mais na minha cara né? Está querendo outra, só
pode. – Sophia deu um passo pra frente, mas Lua segurou pelo braço. – Me larga
Lua.
- Você não vai voar em cima dessa
mulher de novo. – Sophia a encarou. – Sua vida mudou, Sophia, deixa essa menina
por ai sozinha, a vida dela já é triste o suficiente.
- Minha vida não é nem um pouco
triste. – Colocou as mãos na cintura.
- Imagino que não. – Lua debochou.
– Vamos sair logo daqui porque esse lugar tem uma energia carregada demais. –
Saiu da agência puxando Sophia que ainda estava doida de vontade de arrumar
briga com Fernanda.
- Você devia ter me deixado ao
menos dar um tapa. – Resmungou já dentro do carro. – Já era alguma coisa pra
que eu pudesse extravasar a raiva que eu estou sentindo. – Suspirou. – O que eu
vou fazer, Lua?!
- O que vai fazer sobre o quê? –
Balançou a cabeça sem entender.
- Sobre a minha carreira, você
acha que a Beth realmente falou sério sobre me expulsar se eu engravidar? –
Encarou a amiga por alguns instantes enquanto o sinal estava vermelho, mas logo
prosseguiu.
- Bom, nós realmente não vimos
nenhuma gestante andando por lá, se vi, não me lembro. – Deu de ombros. – Por
favor me diz que isso não fez você repensar...
- Se eu já não queria engravidar
antes, imagina agora?! – Suspirou. – O que eu vou fazer da minha vida? Micael
me pressionando de um lado, o trabalho de outro e eu no meio completamente
perdida.
- Perdida uma ova, você não vai
adiar os planos por causa dessa velha recalcada. – Lua falou mais alto. – Se
você fizer isso, Micael termina de sair de casa, você sabe.
- Eu sei, ele nem a mala desfez
ontem. – Suspirou novamente. – Eu não queria estar nessa situação.
- Então devia ter jogado limpo com
ele desde o começo. – Deu de ombros e encarou Sophia. – Como eu disse pra
fazer.
- E ai ele não tinha casado
comigo. – Bufou. – Belíssima solução. – Agora depois de dois anos juntos ele já
saiu de casa imagina naquela época.
- Sophia, você vai ter que
escolher o que é mais importante pra você, modelar ou o seu casamento. – Sophia
encostou na frente da casa de Lua, mas nenhuma das duas se mexeu pra sair do
carro. – Pelo jeito que você falou com a Beth eu achei que a sua decisão já
estava tomada.
- Eu não vou desapontar o Micael
de novo. – Encostou a cabeça no banco. – Eu já fiz tanto isso.
- Pois é, essa noção você tem. –
Repreendeu. – Você não precisa da Beth, existem outras agências, você está
conhecida e consolidada no mundo da moda. Quando você anunciar que rompeu o
contrato, vão te disputar aos tapas, mesmo grávida.
- Obrigada por me acalmar. –
Sorriu. – Eu não sei o que faria sem você. – Deu um abraço na amiga e ela abriu
a porta do carro pra descer. Não quer ir lá pra casa mesmo?
- Tenho que dar almoço pro
Matheus, não gosto muito de deixar ele muito tempo com babás. – Lua deu de
ombros.
- Se quiser, eu espero. – Lua negou
com a cabeça.
- Vai pra casa, toma um banho e
pensa sobre o que você quer fazer. Mais tarde eu passo lá pra te ver e a gente
fazer alguma coisinha a tarde. Aproveitar que Arthur está em casa.
A loira chegou em casa antes do almoço,
mas nem fome sentia. Jogou a bolsa no sofá e seguiu para o banheiro, precisava
de um longo banho de banheira. Aquela banheira era praticamente enfeite na
suíte dos dois, já que quase não a usavam, mas agora, tudo que ela queria era
relaxar na água quente e espumada.
Não cronometrou quanto tempo
passou ali dentro, mas quando olhou os dedos das mãos e os viu enrugados,
decidiu que era hora de sair. Enrolou-se numa toalha e foi procurar um pijama,
sim, era apenas meio dia e ela já colocaria um pijama.
Caminhando pelo corredor, com
celular na mão, com destino a cozinha, Sophia parou diante de uma das portas do
apartamento. Uma porta que nunca fez questão de abrir desde que se mudou, mas
agora, algo fez com que quisesse entrar.
Olhou para os quatro cantos do
quarto vazio e sorriu. Conseguia imaginar como ficaria todos os moveis do
quartinho reservado ao filho desde que compraram o apartamento. Atualmente, o
quarto não tinha nada, apenas umas caixas com coisas velhas que Micael
provavelmente trouxe da mudança.
Soph se sentou no chão e continuou
a imaginar como seria quando tivesse grávida, como seria, quando já tivesse seu
bebê e por um momento ela percebeu que todo o medo que tinha com relação a ter
um filho, estava mascarando que na verdade ela queria ser mãe. Tinha entrado
numa paranoia tão grande a respeito de engravidar que não a deixava ver.
Sentada no chão puxou uma caixa
pra perto de si e começou a vasculhar, curiosa pra saber que tipo de coisas
Micael não tinha se dado ao trabalho de guardar. Abriu uma pasta e encontrou
alguns documentos, algumas contas velhas e sorriu ao encontrar o exame de DNA
que Micael ainda tinha guardado.
O papel completamente amassado fez
com que Sophia sorrisse, a mulher tinha os olhos repletos de lágrimas. Se
lembrou daquele dia e sorriu ainda mais com a felicidade estampada na cara de
Micael com o resultado positivo.
Sophia acordou quando ouviu a
campainha tocar, acabou adormecendo no chão do quarto, ainda com o papel nas
mãos. Saiu correndo para atender, com certeza era Lua. Abriu a porta e lá
estavam os quatro e Matheus.
- Mas gente, vocês não tem nada
pra fazer não? – Sophia perguntou aos amigos. – Sexta feira, oito horas da noite
e todo mundo aqui. – Deu espaço para que entrasse. – Arthur que não saia da empresa, agora pelo
visto não vai é lá mais. – Sophia deu um beijinho no afilhado.
continuaaaaaaa❤️
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