Inevitável - Capitulo 37

- Sophia, você não pode fazer isso! – Meu pai disse e eu revirei os olhos.
- Não respondeu minha pergunta. – Falei rispidamente.
- Porque era o marido dela, Sophia. – Minha mãe jogou na minha cara. – Parece que você sempre esteve de olho nele.

- Não! Você e todo mundo sabe que não. – Eu suspirei. – Mas cansei desse jogo.

Subi para o quarto onde fiquei olhando as paredes rosadas por tempo demais. Estava dividida pela vontade de querer Micael e o fato de ser unanimidade que não devemos ficar juntos. Não costumo me importar com o que os outros dizem, mas depois da conversa com meus pais, meio que eu cansei de suportar tudo e a pressão provavelmente vai piorar. Ouvi o toque do meu celular e então atendi com os olhos fechados.

- Alô? – Disse com a voz fraca, não tinha percebido, mas estava chorando.
- Está chorando, Sophia? – A voz reconfortante de Micael me fez abrir os olhos e seca-los com as costas da mão.
- Não, eu só estava pensando. – Dei de ombros, mesmo que ele não possa ver.
- Sobre? – Parecia curioso.
- Sobre a vida confusa, sobre nós. – Ele pareceu se alarmar, ficou um tempo em silencio.
- E então...
- Eu cheguei à conclusão de que sou absolutamente apaixonada por você – Meus olhos teimosos já estavam chorando de novo. – Mas que não podemos continuar...
- O quê? Está de brincadeira, só pode. – Disse alto, praticamente gritando. – Você vive dizendo que é para eu não me importar com o que dizem para mim sobre nós, mas na primeira pressão com você, você desiste?
- Não é isso. – Fiz uma pausa sem saber como continuar. – É a Luiza...
- Luiza está morta, Sophia. – Ele falou seco. – Não a coloque no meio disso tudo. Você cedeu à pressão dos seus pais, mas olha – Ele suspirou. – Tudo bem! Se você prefere assim, tudo bem. – E desligou na minha cara.

Minhas lagrimas agora eram frenéticas, eu tive a melhor semana da minha vida, Micael faz eu me sentir viva e eu não podia sentir isso por causa da minha mãe. Não sei se foi certo o que eu fiz, mas sei que vou descobrir com o passar dos dias...

2 semanas depois.

Quase quinze dias e eu não tive nenhum contato com Micael. Eu estava morrendo de saudades, tanto dele quanto do Felipe, mas não ligaria. Queria muito pegar um ônibus e ir para casa dele, mas também não faria. Isso, a distância, é o certo para nós. Nesses dias que se passaram eu não saia do quarto para quase nada e também não comia direito. Estava nitidamente mais magra e a dor em meu peito parecia que nunca ia sumir. Impossível estar assim por causa de uma paixão que não durou nem um mês. Na verdade, não é impossível, estou descobrindo agora.
Como será que ele está? Será que está pegando aquela vagabunda, a Carla, ou qualquer outra? Será que sente minha falta também? Ai, preciso parar de pensar nisso. Vou dar uma volta por aí.
Levantei e fui tomar um banho, vesti um vestido roxo sem estampa e uma sapatilha preta. Não fiz maquiagem e peguei minha bolsa. Ao descer as escadas vi minha mãe conversando com alguém e me surpreendi ao ver Marco ali.

- Oi Sophia... – Ele parecia meio constrangido.
- O que você está fazendo aqui? – Disse sem emoção alguma na voz e ele se retraiu.
- Sophia, isso são modos? – Minha mãe me repreendeu.
- Tudo bem, Branca. – Deu de ombros. – Sua mãe me chamou para ver você, disse que estava triste. – Então eu revirei os olhos.
- Estou ótima, não preciso de ajuda. – Me virei e fui em direção a porta. – Tchau.
- Aonde você está indo? – Minha mãe gritou, mas eu ignorei e apenas sai.

Dei voltas e mais voltas no parque até sentar em um banco com um algodão doce na mão. Foi uma péssima ideia ter saído. Então peguei meu celular e liguei para uma amiga.

- Ei, Soph! – Lua atendeu no primeiro toque. – Como está, gata?
- Estou bem. Posso ir aí? – Perguntei receosa da resposta.
- Claro, estou de bobeira mesmo.

- Vinte minutos e eu chego, beijos! – Desliguei e então fui andando devagar para lá, tudo era melhor do que encarar minha mãe e Marco juntos.

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