Inevitável - Capitulo 38

Lua e eu sempre nos damos bem. Nós nos conhecemos na escola e essa amizade se estendeu por além dos anos. A casa dela sempre foi perto da minha e então nem demorei e cheguei, pouco mais do que vinte minutos. Toquei a campainha e quem me atendeu foi seu namorado, que também era nosso amigo da escola.



- Oi, Arthur! - Eu disse desanimada.
- Oi, Soph. - Abriu caminho pra eu entrar - Entra, Lua tá te esperando no quarto dela.

Eu assenti e entrei na grande casa, Arthur ficou na sala com um dos irmãos da Lua, Daniel, eles estavam jogando vídeo game. Disse um singelo "oi" pra ele e meio que acelerei o passo. Hesitei ao chegar a porta e então suspirei e entrei. Ela veio correndo me abraçar.

- Amigaaaa! - Me apertou forte até demais.
- Oi, amiga. - Sorri quando ela me soltou.
- Nossa menina, o que aconteceu com você? - Perguntou me reparando de cima a baixo.
- Nada, eu tô bem! - Tentei mentir, mas a vontade de chorar já estava presente de novo.
- Eu te conheço menina, alguma coisa com o Marco? - Então eu comecei a chorar e ela me puxou para deitar em seu colo. Ficou me fazendo cafuné.
- Tem muito tempo que a gente não conversa pelo jeito. - Dei um sorriso forçado, mas ela não podia ver. - Terminei com o Marco.
- Mas por quê? - Surpresa era notável em seu tom de voz.
- Porque me apaixonei pelo Micael. - Outra onda de lagrimas veio.
- Mentira, aquele marido da sua irmã que você não suportava? - Ela agora segurava o riso. Eu me sentei.
- Pois é. - Assenti e suspirei. - Micael é a pessoa mais romantica e legal que eu conheço.
- E eu vivi pra ver você dizer isso. - Ela agora deixou escapar uma risadinha.
- Nós nos aproximamos depois da morte da Luiza, eu estava ajudando com o Felipe e nós nos demos muito bem, até que rolou.
- E você tá triste porque então? - Ela agora parecia confusa, eu sequei meu rosto com as minhas mãos.
- Minha mãe disse que é errado, me fez terminar com ele. - Dei de ombros. - Tem duas semanas já.
- Ah, faça me o favor né Sophia! - Ela meio que gritou e eu me assustei. - Quantos anos você tem? 15? Vai ficar deixando sua mãe te controlar pra sempre?
- Ei, Lua! - Não sabia o que responder, então ela continuou.
- Você ama o cara, ele te ama, e você simplesmente termina porque seus pais não apoiam? Coisa de namoro adolescente.
- Lua, era marido da minha irmã! - Ela riu,
- Era Sophia, você disse certo. - Fez uma pausa, mas logo prosseguiu. - Desculpe a insensibilidade, mas sua irmã morreu e mesmo se não tivesse, se fosse ex-marido já dava pra pegar. Não dê importância ao que os outros dizem, vai ser feliz menina.
- Eu disse tanto isso pra ele... - Já estava chorando de novo. - Mas quando chegou a minha vez eu não soube fazer.
- Olha - Ela me segurou pelos ombros. - Você vai ligar pra ele e dizer que quer conversar.
- Ah, Lua... - Eu disse meio hesitante. - Acho que ele tem raiva de mim.
- Não é pra menos, você se deixou influenciar feito uma criança. - Tinha um olhar bravo. - Liga pra ele, agora!

Tentei ligar, mas todas as três vezes caia na caixa postal, o que será que ele estava fazendo pra desligar o celular? Será que estava com alguém? Só de imaginar meu peito já doía.

- Deixa um recado. - Lua mandou.
- Acho melhor não né...
- Para de ser medrosa. - Ela tomou o celular da minha mãe e gravou o recado.

"Ei, Micael né? Meu nome é Lua e eu sou amiga da Sophia, ela ta arrependida, ta tentando falar com você e não consegue. Ficou de gracinha pra gravar esse recado - Luaaaaaaa! - Então eu gravei. Entre em contato com ela."

- Saiu sua voz no  meu recado! - Ela fingiu estar brava.
- Viu as coisas que você falou? - Provavelmente estava com o rosto vermelho.
- Só verdades. - Ela deu de ombros.
- Tá certa. - Fiz uma pausa. - Vou embora. Hora de enfrentar a dona Branca.
- Boa sorte, amiga. - Me abraçou de novo. - Se tudo der certo, me conta.
- Pode deixar.

Ela me levou até a saída e eu disse um "tchau" aos meninos que estavam jogando. Não andei rápido então demorei cerca de uns quarenta minutos pra chegar em casa. A cada minuto eu espera uma ligação de Micael, mas nada. E então quando eu cheguei, o carro estava lá. Não o de Marco, como quando eu sai, mas o de Micael. Entrei as pressas, lá estavam todos na sala. Minha mãe com Felipe no colo e Micael ao lado de meu pai. Todos olharam pra mim quando ouviram o ranger da porta e então eu sorri, como há muito tempo não fazia.

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