Futuro Planejado - Capitulo 56

Seguimos de carro até o terminal rodoviário, nos teríamos que ir de ônibus, uma vez que ele não saberia o caminho.
Achar o Palheiros x São Paulo Centro foi simples, pagamos passagem e nos sentamos no final do ônibus.
- Tô um pouco aflita. - Eu disse, Clarinha estava no meu colo dormindo.
- Calma, vai ser rápido amor. Bem rápido. - Ele tentou me confortar.
- E se tiver alguém lá a sua espera. - Perguntei apreensiva.
- Leonardo não é louco, ele ta foragido da polícia. Não estaria justo lá.
- Ou estaria, amor, ele pode estar lá achando que ninguém vai o encontrar. Se a gente aparecer lá, vai ser perigoso.
- Calma, eu preciso ajudar aquela senhora! Ela que me ajudou. - Disse e me deu um selinho. - Descansa também amor. O dia deve ser longo.
Eu me escorei em seu peito e ele passou um braço pelas minhas costas, não tinha noção só sei que apaguei ali por um tempo.
Quando acordei estávamos em um lugar que só se via mato. Dos dois lados. Clarinha ainda tava agarrada a mim, então eu soube que não dormi muito, Micael olhava pela janela.
- Quanto tempo eu dormi? - Perguntei e passei uma mão no olho, esfregando.
- Mais ou menos uma hora - Disse tranquilamente.
- E ela não acordou? - Disse espantada.
- Não, acho que o balanço do ônibus a deixa com sono. - Disse olhando pra fora sem me dar muita ideia. - Acho que estamos perto.
- Mas amor, não tem nada aqui além de mato. - Falei olhando pra fora tentando achar algo.
- Eu sei, mas é por aqui. - Disse com certeza. Ah olha lá! - Apontou alguma coisa a frente, parecia um sítio, mas estava muito longe ainda.
Ele se levantou com a bolsa da Ana e eu fui logo atrás com ela no colo ainda dormindo. Depois de uns cinco minutos nós descemos do ônibus, éramos nós e o nada. Já estava ficando apavorada. Andamos em direção aquele sítio ele estava mudo, ao que parecia lembranças vinham em sua cabeça ao passar por aquele lugar novamente, então decidi não me meter.
Levamos vinte minutos caminhando, eu já estava ficando com sede, mas também por que eu não tinha trago água? Que idiota!
- Vamos bater? - Perguntei quando chegamos a porta.
- Vamos! Não sei se ela não está em casa. - Disse e deu três batidinhas na porta. Não tivemos nenhuma resposta, mas três batidas e ainda sim nada, por fim mas algumas batidas e uma senhora simples veio atender a porta.
- Bom dia? - Perguntou olhando pra mim, eu estava mas a frente, olhei Micael e a senhora seguiu meu olhar. - Meu filho, você voltou.
Foi o que bastou pra senhora abrir a porta com um sorriso no rosto. Micael deu um passo a frente e abraçou ela. Que logo depois fez sinal para que entrassemos.
Passei pela porta e o lugar não era nada agradável. O que parecia ser uma sala, tinha apenas uma TV de 14" e um sofá que com certeza tinha  uns 100 anos. A casa era feita de madeira, então tinha algumas partes que o cupim já tinha tomado conta. Entramos mais um pouco e eu me assustei ao ver o quarto.
Tinha uma cela no meio do quarto, na verdade parecia que o quarto todo era uma grande cela. Eu apertei um pouco mais a Clarinha nos meus braços.
- Bem vinda à minha ex casa. - Ele disse sorrindo falhado e me deu um beijo na cabeça.
- Amor... - Eu já estava chorando, era difícil de imaginar ele ali, preso por um ano.
- Ei tá chorando por que? Amor, já passou! - Disse e me abraçou.
A senhora levantou uma sobrancelha quando viu ele me chamar de Amor. Ele me largou e ela se aproximou.
- Eis então a famosa Sophia! - Ela sorriu pra mim e eu com uma mão livre passei no rosto secando algumas lágrimas.
- Famosa não sei, mas Sophia sou eu! - Disse e forcei um sorriso pra ela.
- Micael só falava de você enquanto tava aqui, e Leonardo só vinha trazer notícias suas! - ela riu mais ainda. - Vamos sentar gente. 
Nós fomos sentar na cama que tinha em frente a grande jaula.
- Eu voltei pra senhora conhecer minha mulher e minha filha! - Disse cheio de orgulho.
- Filha! Olha que menina linda, foi pai então né. - Ela olhou simpática.
- Descobri estar grávida assim que ele sumiu - Expliquei a senhora.
- Ela é linda!! Parabéns aos dois.
- Eu vim também ajudar a senhora, quero que venha conosco, posso te dar uma casa em São Paulo, posso lhe arranjar um emprego...
- Meu filho, minha vida é aqui. Não posso ir embora. Além de que, do que eu trabalharia?
- A Clarinha precisa de uma Babá, e acho que seria ótimo a senhora, já que ajudou tanto meu marido! - Dei a ideia e Micael sorriu, pegou minha mão e beijou.

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