Reviravolta - Capitulo 89

Sua mãe riu, talvez da maneira que eu falei. E Micael me abraçou.

- Deixa ela ouvir você a chamando de bebê. - Ele gargalhou e eu tive que rir junto.
- Ela não gosta? - Minha sogra perguntou.

- Se acha adulta! É terrível, mãe. - Ele tinha um sorriso de adoração. - A senhora tem que conhecer.
- Estou louca pra conhecer! - Eles tinham o mesmo sorriso. - Só pelo pouco que falaram. Por que não trouxeram ela?
- Eu não sabia se ia encontrar a senhora, foi melhor deixar ela lá. - Micael deu de ombros.
- Tá certo, mas já sabem onde eu moro. Podem trazer minha neta aqui. - Ela falou e se levantou, colocando as xícaras na pia.
- Traremos sim, com certeza.

Ficamos ali por um bom tempo conversando. Micael e a mãe tinham muitas coisas pra falar, muitas novidades desses vinte anos que se passaram. Me dei conta da hora quando ela começou a fazer o almoço e quando ele ficou pronto eu olhei a hora outra vez e já ia dar uma da tarde. Ouvimos a porta fazer barulho e por ela passou uma menina baixa, com calça jeans rasgada e uniforme do estado. Ela era um pouco mais clara que Micael e seu cabelo era vermelho sangue, estava mascando um chiclete. Estranhou quando nos viu, jogou a mochila no sofá da sala e nem se deu ao trabalho de nos cumprimentar e seguiu para o quarto com os fones no ouvido e mexendo no celular.

- Bruna?! - Antônia meio que gritou, mas foi ignorada. - Bruna?! - Mais uma vez.
- Deixa pra lá, mãe! - Micael segurou em seu braço.
- Essa menina está terrível. - Ela negou com a cabeça e se sentou na cadeira.
- Adolescência. - Micael respondeu e ela o olhou, como se pudesse ler seus pensamentos.
- Eu lembro que tinha mechas roxas no meu cabelo. - Eu falei, pra distrair um pouco.
- É verdade, quando te conheci você tinha algumas mechas roxas. - Ele voltou pra cadeira ao meu lado e passou a mão no m eu cabelo. -  Mas você não era mais adolescente.
- Não. Eu estava passando por uma fase meio sinistra. - Eu dei de ombros sem querer entrar em detalhes.
- Deve ser a mesma fase que a Bruna está passando, porque ninguém segura essa menina. - Ela franziu a testa e se levantou pra terminar de colocar o almoço na mesa.

Bruna apareceu pra comer, tinha tomado banho ou só trocado de roupa, sei lá. Estava de short curto preto e uma camiseta também preta. Chegou perto de nós como se fossemos alguma ameaça e disse um "oi" timido antes de se sentar junto com a gente.

- É só isso que fala Bruna? - Ela olhou pra mim e bufou, a ignorando. Eu olhei Micael e vi que ele já estava ficando com raiva. - Fala com eles direito.
- Não sei nem quem são, mãe. - Ainda estava com o chiclete na boca.
- Se apresenta. Parece que não tem educação. - Ela suspirou e nos olhou, agora claramente se demorando nos detalhes. Seu olhar parou em Micael, isso realmente me incomodou.
- Nossa, que gatinho. Prazer, Bruna. - Ela estendeu a mão. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Antônia falou.
- Garota, olha o respeito. Três coisas, primeira, ele está acompanhado, segunda, ele tem o dobro da sua idade e terceira, é seu irmão. - Ela já estava com raiva.
- Irmão? - Ela olhou confusa e chateada. - Como assim?
- É o Micael. - Antônia disse com adoração nos olhos.
- Ah, o perfeitinho fujão. - Ela debochou e eu vi que ele ia começar a falar. - Um desperdício.
- Que tal você começar a respeitar a minha noiva? - Ele disse grosso.
- Só fiz um comentário, maninho. - Ela debochou e começou a colocar comida em seu prato.
- Você parece seu pai. - Falou com nojo.
- Você não sabe nada sobre meu pai. - Ela gritou e levantou, nos olhando.
- Sei muito mais do que você, com certeza. - Seu tom era frio.
- Você some sei lá quantos anos e quando volta é pra falar mal do meu pai? Não precisamos e nem queremos você aqui. - Ela falou e saiu batendo pé pro quarto. Eu tinha os olhos arregalados, assim como Micael. Antônia parecia acostumada com aquilo.
- Ela odeia que falem mal do pai dela. - Antônia deu de ombros e começou a comer.
- Eu nem falei nada. - Micael se defendeu.
- Eu sei. Ela não era assim, desde os treze que começou a ser rebelde dessa maneira. Antes era tão calma e doce, sinto falta da minha garotinha....

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