Reviravolta - Capitulo 87

- Se você não existisse deveria ser inventada sabia? - Ele disse agora rindo mesmo.
- Por quê? - Fiz a sonsa, mas depois ri.
- Você é terrível, Sophia. - Negou a cabeça. - Simplesmente não sei o que fazer com você.
- Nada, vamos logo procurar sua mãe. - Eu parei de falar e ele apenas dirigiu.


Nós paramos em uma padaria e tomamos café da manhã, logo depois seguimos com a nossa viagem. Nós conversávamos sobre assuntos aleatórios até que eu decidi ligar pra casa outra vez, pra ver se Alycia tinha acordado.

- Que mãe chata essa! - Minha mãe disse ao atender o telefone e me assustou, logo depois ela riu.
- Que isso mãe! - Eu falei um pouco irritada com a brincadeira.
- Você ligando toda hora. - Ela falou ainda rindo.
- Quero saber como está a minha filha. - Falei direta e seca.
- Calma Sophia, eu só estou brincando. - Ela percebeu que não gostei. - Alycia está aqui,  está comendo agora.
- Passa o telefone pra ela por favor?! - Falei ainda com uma pitada de irritação na voz.
- Oi mamãe! - Ela disse após eu esperar alguns segundos na linha.
- Filha! - Eu sorri. - Como você está?
- Estou com saudades de você e do papai! - Ela falou e me fez ampliar mais meu sorriso. - Quando vai chegar?
- Á noite eu chego amor! - Eu disse e senti que o entusiasmo dela se foi.
- Só a noite. Pensei que já estavam vindo.
- Vamos fazer uma coisa importante, filha. - Tentei explicar. - Mas vai passar rápido o dia, você vai ver.
- Tá bom mamãe. Te amo! - Ela disse e me deu vontade de apertar ela.
- Também te amamos filha. - Micael me olhou e viu que eu tinha lagrimas nos olhos. - Fica com Deus.

- Você vai chorar? - Ele rolou os olhos assim que eu desliguei o telefone.
-  Não ri de mim. - Falei e respirei fundo. - Nunca fiquei tanto tempo longe dela.
- Sophia, você saiu de casa ontem de manhã. - Ele me olhou como se eu fosse idiota.
- E vou voltar a noite, praticamente dois dias longe da minha filha, é muito tempo. - Eu falei e ri, realmente eu estava exagerando.
- Ok, nem falo mais nada. - Ele negou com a cabeça rindo e voltou a se concentrar na estrada.

Demoramos mais de uma hora na estrada até chegarmos a um lugar bem diferente do que eu estava acostumada, era uma favela muito provavelmente. Eu estava com um pouco de medo a cada centímetro que o Micael avançava com o carro. Estava com vontade de voltar e então ele parou e eu o olhei assustada, ele sorriu.

- Nunca veio em um lugar assim né? - Ele perguntou com um sorriso no rosto e eu apenas neguei com a cabeça. - Pois bem, vamos a sua primeira vez. - Ele saiu do carro e eu hesitei um pouco até ter coragem. Fiquei agarrada nele observando aquele lugar. Casas mal acabadas, uma ao lado da outra, rua sem asfalto ou pavimentação, sem contar que carro não passava. Onde eu olhava eu via alguns meninos parados nos olhando como se fossemos uma ameaça e prontos pra alertar alguém.
- Micael eu estou com medo. - Falei e me agarrei mais forte a ele.
- Não fica. Eu morei aqui até meus sete anos, se minha mãe estiver viva, estamos quase chegando.
- Não fala "se". - Ele me olhou e eu pude reparar que ele tinha pouca esperança.
- Se passaram vinte anos, Sophia. - Deu de ombros. - Estou preparado para tudo.

Continuamos subindo até que ele parou em frente a uma casa. Uma bem simples, parecia ter só uns dois cômodos, tinha uma outra casa em cima dessa. Nenhuma das duas eram embolsadas, estavam apenas no tijolo. Deu pra ver que não tinha vidro na porta e no poste em frente a casa, muitos fios embolados.
- Chegamos. - Ele sorriu para a casa, percebi que tinha  um certo medo de chamar. Um rapaz chegou perto de nós.
- Posso ajudar? - Ele nos olhou de cima a baixo, logicamente estranhando o jeito bem vestido que estávamos.
- Estamos procurando pela dona Antônia. - Micael focou no rapaz.
- É minha mãe. Será que eu posso ajudar? - Ele era muito simpático, Micael ficou sem reação ao falar com o irmão mais novo, que provavelmente não conhecia.
- Só com ela mesmo, ela esta em casa? - Eu falei, já que ele estava sem palavras.
- Vou dar uma olhadinha. Esperem aqui. - Ele então entrou na casa.
- Eu tenho um irmão, Sophia. - Ele sorria pra mim. - E minha mãe está viva.
- Eu disse pra você ter um pouco de esperança. - Eu o abracei.
- Eu ainda não estou acreditando. - Ele estava com uma expressão espantada no rosto. E então interrompendo nossa conversa, saiu um senhora de dentro daquela casa.
- Pois não?

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Pessoal, uma amiga escritora mudou o endereço do blog dela, O Blog Escrito nas estrelas agora se chama Magia e Sonhar, só clicar ali no nome e acompanhar as mudanças!!

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