Inevitável - Capitulo 32

- Está tudo bem? – Ouvi uma voz suave atrás de mim e então seus passos. Não me virei e ela sentou ao meu lado passando os dedos pelo meu cabelo. Eu fechei os olhos aproveitando aquele carinho.
- Está. – Respirei fundo. Está? Meu subconsciente me pergunta.

- Você tem certeza? Não me parece muito bem. – Sua voz estava preocupada, eu deitei a cabeça no espaço entre o ombro e sua cabeça. Ela tirou os dedos do meu cabelo e me abraçou.
- Meu pai quer que eu volte a trabalhar pra ele. – Dei de ombros e ainda não a encarei.
- E o que isso tem de tão horrível? É a empresa da sua família. – Então eu levantei pra olha-la e dei de ombros.
- Não sei, meu pai consegue ser insuportável como chefe. – Ela fez uma careta. – Tô bem onde estou.
- Não parece ser só o que te incomoda. – Ela me examinava com os olhos.
- Meu pai disse para eu não me envolver com você. – Confessei e não consegui olhar nos olhos dela.
- E você? – Seu tom de voz agora era diferente, parecia chateada. – O que respondeu? – Se afastou de mim e eu podia sentir seus olhos em meu rosto.
- Não respondi e ele foi embora. – Ela deu de ombros e então eu a olhei nos olhos.
- E aí? – Eu pude reparar que ela mordia o lábio inferior, sua expressão parecia ser de quem estava prestes a chorar se não estivesse se segurando tanto. – Vai seguir o conselho do pai do ano?
- Eu não disse nada Sophia, calma. – Me aproximei, mas ela se afastou um pouco. – Eu sei que ele não é o melhor pai, mas é o único que eu tenho.
- Esse é seu problema, você não diz nada. Deixa sempre as pessoas darem opinião sobre o que não deve. – Ela se levantou e subiu as escadas rapidamente. Eu coloquei as mãos no rosto e bufei. Acho que não tenho tanta paciência assim pra esses dramas de namoro adolescente.

Uma hora depois eu levantei e subi as escadas, tinha que conversar com a Sophia antes que tudo piore. Tinha ficado na sala repensando a vida e adiando ao máximo a conversa que teríamos que ter, mas acho que já deu. Subi me arrastando e bati três vezes na porta do quarto. Ela gritou um entra.
Ao entrar, dou de cara com ela deitada de lado, abraçada com as pernas, em posição fetal. Ouvi um soluço e a vi levantar um braço e levar ao rosto, supus que estava limpando. Respirei fundo antes de me aproximar e sentar na cama.

- Onde está Felipe? – Resolvi começar essa conversa de forma amena.
- No quarto dele dormindo. – Ela responde sem olhar pra mim e limpa novamente o rosto com as costas da mão.
- Sophia, por que está chorando? – Ela  apenas deu de ombros e não se deu ao trabalho de responder. – Essa conversa não vai funcionar se você não falar também, Soph.
- O que eu tenho pra falar? – Ela então se sentou e ficou me encarando.
- Primeiro o que você está pensando. – Ela deu de ombros de novo e soltou um suspiro pesado.
- Que isso nunca vai dar certo. – Eu arregalei os olhos. – Você se importa muito com a opinião e a aceitação das pessoas a sua volta.
- Não é isso. – Eu me encolhi um pouco sem saber exatamente o que responder. – É só que...
- O que Micael, você acredita que a Luiza vai voltar e ficar chateada se perceber que a gente transou? – Suas palavras sempre duras em relação a irmã me deixam frustados.
- Não sei qual seria minha reação se sua irmã voltasse, mas com certeza não ia ligar se ela ficasse chateada porque a gente fez sexo.
- Você voltaria com ela? – Seus olhos pareciam desesperados por uma resposta que eu não sei dar, então fiquei em silencio. – Responde Micael!
- Não sei de nada Sophia, não penso que ela voltaria mesmo se estiver viva. – Dou de ombros. – Nem quero pensar, eu prefiro que esteja morta, a dor da perda nesse sentido é mais reconfortante do que ela ter forjado tudo só pra se livrar de mim e do filho, então para de tocar nesse assunto, que droga! – Me exaltei e então quando a olhei ela estava com os olhos arregalados, eu nunca tinha gritado com ela e essa não era a intenção. – Me desculpa por gritar, esse é um assunto doloroso, mesmo após meses.
- Me desculpa também. – Ela disse timidamente. – Eu não vou mais tocar nesse assunto. Eu só tenho medo de que ela apareça amanhã e você nem lembre que eu existo.

- Olha, não vamos discutir isso. Não é nosso problema e Luiza está morta. 


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Desculpa pessoal, eu estava sem internet aqui em casa.

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