Inevitável - Capitulo 48

- O que aconteceu com ela? - Luiza perguntou aos pais que não sabiam responder e apenas negaram com a cabeça. - Vou lá falar com ela. - Eu a segurei.
- Deixa que eu vou, curte o Felipe aí, porque daqui a pouco vamos pra casa. - Ela sorriu pra mim.
- E desde quando você "fala" com ela? - Ela riu e eu fiquei sem graça.

- Nós meio que nos entendemos depois que você morreu. - Eu fiz uma cara de dor, mas ela caiu na gargalhada.
- Ah, então o problema era eu? - Disse ainda rindo.
- Senti falta desse seu bom humor! - Suspirei e fui em direção as escadas, ela tinha ficado com um sorriso bobo nos lábios e acredito que eu também.

Bati na porta de Sophia repetidas vezes até ela gritar um "vai embora daqui" pra mim, sem ao menos saber que era eu. Continuei insistindo e logo ela abriu a porta. Sophia estava com uma cara de choro que partiu meu coração e quando dei um passo para entrar, ela simplesmente bloqueou minha passagem.

- O que quer? - Perguntou grossa.
- Não vai me deixar entrar? - Perguntou e ela sorriu, parecia deboche.
- Se é pra terminar comigo, nem precisa. Eu entendo. - Tentou bater a porta na minha cara, mas eu segurei.
- Sophia, deixa de paranóia e vamos conversar como dois adultos. - Ela suspirou e então finalmente me deixou entrar.
- O que tem pra dizer, Micael? - Ela falou e se sentou na cama.
- Sophia, para de drama. - Falei e ela me encarou.
- O que está pensando em fazer agora? - Continuava me encarando. - Levar a Luiza pra casa, cuidar e continuar o amor de vocês de onde nunca devia ter parado?
- Por que você tá falando assim? - Perguntei confuso e passei uma das mãos no cabelo.
- Porque eu vi, Micael. - Eu empalideci.
- Se você tá falando do beijo, eu não tive culpa... - E foi a vez dela empalidecer. Mais lágrimas descontroladas escaparam de seus olhos sem fim.
- Teve beijo? - Perguntou com a voz embargada e me deixou confuso.
- O que você viu? - ignorei sua pergunta.
- Teve beijo? - E ela ignorou a minha.
- Sim, mas foi coisa rápida, e eu disse logo depois que não podia. - Me apressei a explicar, ela parecia que ia entrar em colapso de tantas lágrimas que tinham em seu rosto. Dei um passo a frente.
- Você foi mais rápido do que eu imaginei que seria. - Ela deu de ombros.
- Sophia, foi ela! - Dei outro passo.
- Isso diminui a sua culpa? - Passou as costas de uma mão, mas não adiantou muito.
- Claro, eu disse que tinha namorada. - Ela me olhou surpresa e então fungou.
- Disse o quê? - Ainda sem acreditar.
- Ela disse que me amava, mas eu falei que tinha se passado muito tempo e eu tinha encontrado outra pessoa. Não pretendo voltar com ela, sabe que eu amo você. - Consegui por fim dizer e ela soltou um sorriso.
- Sabe que isso é mentira né? - Falou ainda rindo.
- Não é. - Reforcei, me aproximando mais.
- Você ainda vai voltar com ela, Micael. - Disse com convicção. - Vocês se amam.
- Ai meu Deus, Mulher. - Botei as mãos na cabeça em um gesto de indignação. - Eu acabei de dizer que amo você!
- E vai me dizer que não ficou nem um pouco balançado? - Ela mais uma vez questionou.
- Fiquei Sophia, mas já passou. Porque só existe você na minha vida.

E então eu a beijei antes que pudesse falar mais alguma besteira, ela tentou resistir no começo, mas logo se entregou. Nosso beijo ficou mais intenso e parou só por falta de ar.

- Eu te amo. - Ela sussurrou.
- Eu te amo também. - Respondi e beijei sua testa. - Mas precisamos descer, temos que ir pra casa.
- Não vou com você. - Ela disse fria.
- Claro que vai, você mora lá. - Eu soei desesperado.
- Se eu for, ela vai saber que estamos juntos. - Eu ergui a sobrancelha.
- Não que eu queria confusão, mas pra quê esconder? Ela estava debilitada mais cedo, entendo. Mas ela está claramente bem. - Disse e ela sorriu.
- Claro, já até te agarrou. - Falou enciumada.
- Você é linda com ciúmes. - Dei mais um selinho e nós descemos as escadas, juntos, mas não de mãos dadas.