Inevitável - Capitulo 58

Um mês passou e eu não tinha esclarecido aquela situação com Micael e sinceramente não queria nem olhar na cara dele, quem dirá falar. Lua tinha me arrumado um emprego e assim eu não precisava ficar em casa olhando pra minha mãe e pra filha preferida dela. Meu pai não tinha muita opinião mesmo, não fazia diferença.

Eu queria era conseguir juntar dinheiro pra sair daquela casa o mais rápido possível. Porque ficar ouvindo historias do casal ternura não rolava.
Eu estava morrendo de saudades do Felipe e não podia vê-lo, já tinha pedido a Luiza para trazer ele, mas ela dizia que o Micael não deixava, o que me deixava ainda mais triste.

- Sophia, o que está fazendo aqui hoje menina? - Lua chegou perto de mim e perguntou.
- Trabalhando! - Rolei os olhos e ela bufou.
- Que eu saiba te dei folga hoje por conta das milhares de horas que você tem no banco.
- Ai, luinha! - Botei a mão na testa. - Esqueci, eu adoro trabalhar.
- Mas você também tem que descansar.
- Sabe que eu odeio ficar em casa. - Fiz bico.
- Sabe que meu chefe me mata se souber a quantidade de horas que você tem e que eu não te dispensei. - Colocou as mãos em meus ombros. - Tenta dormir, assistir um filme ou até mesmo ir passear. Você já melhorou muito desde a historia com o Micael e a Luiza, falta só começar a viver de novo. - Me deu um beijo no rosto e saiu dali. Eu me sentei na cadeira, suspirei e logo me levantei pra ir pra casa.

Ao chegar em casa eu vi o que menos queria ver: O carro de Micael estava parado na frente. Meu coração disparou e eu cogitei não entrar e esperar ele sair dali, mas aquela era a minha casa e eu não precisava temer nada. A ideia era passar despercebida por eles e ir pro meu quarto o mais rápido que eu conseguisse. Sem sucesso. Assim que passei pela porta, ainda na ponta dois pés, Felipe deu um grito.

- Titia! - E veio correndo me abraçar. - Titia!
- Meu amorzinho! - Eu abaixei pra dar um abraço apertado nele e sorri. - Titia estava com tantas saudades!
- Eu também tia, pensei que nunca mais ia te ver! - Ele falou com voz de choro.
- Ei - O afastei para olhar seu rosto. - Não chora, titia tá sempre aqui! - Ele assentiu.

Era observada por todos naquela sala enquanto levantava com Felipe no colo. Vi então Micael sentado com Luiza em um sofá, ela viu que eu olhava e segurou sua mão, isso embrulhou meu estomago. Minha mãe sentada no outro sofá e meu pai não estava a vista.

- Perderam alguma coisa? - Disse ignorante.
- Sophia! - Minha mãe me repreendeu. - É assim que fala?
- Jura mãe? - Rolei os olhos. - Ninguém aqui nessa sala merece a minha educação. - Virei as costas e fui pra cozinha, deixei Felipe sentado na cadeira enquanto fazia um lanche.
- Eu quero também, tia! - Ele disse rindo.
- O senhor não comeu não é? - Eu passei o dedo na ponta do nariz dele.
- Eu quero danone. - Eu ri, como esse menino amava danone. Abri a geladeira e dei um pra ele. Peguei meu sanduíche e meu suco e me sentei também.
- O que seu pai veio fazer aqui? - Eu perguntei como quem não quer nada.
- Acho que ele vai sair com a minha mãe e vai me deixar aqui. - Ele deu de ombros e eu senti meus olhos encherem de lagrimas.
- Ah, entendi.
- Fica triste não titia. - Forcei um sorriso.
- Não estou amor. - Eu tentei comer, mas aquela noticia fez com que tudo dentro de mim quisesse sair. Eu sai correndo dali da cozinha para o banheiro mais próximo, fiquei lá por mais tempo que o necessário e realmente não queria sair e encarar aquele pessoal de novo. Todas aquelas tonturas e enjoos já estavam me deixando preocupada.
Sai devagar e novamente todo mundo olhava pra mim, dessa vez eu tentei ignorar. Menos Felipe que estava no colo de Micael chorando. Ele me olhou ainda triste.
- O que eu fiz tia? - Partiu meu coração. Eu o chamei com as mãos e ele veio pra perto de mim.
- Nada meu amor, a titia que tá dodói. - Ele me lançou o que parecia um olhar preocupado.
- Tá doendo onde?
- Tá machucado por dentro amor, mas já já a tia fica boa. - Ele assentiu e eu me levantei, nisso, fiquei tonta mais uma vez.