No restaurante, momentos antes.
- Micael, preciso conversar com você, vem à minha sala, por
favor. – Jorge pediu e não tinha uma expressão nem um pouco gentil.
- Eu estou bastante ocupado no momento, pai. – Não se deu o
trabalho de encarar o pai. – Estou atarefado.
- Pedi ao Adriano que chegasse mais cedo, então não se
preocupe que ele já está se vestindo e vai assumir o seu lugar. – Micael encarou
o pai e o viu com os braços cruzados.
- Por que outra pessoa vai assumir o meu turno? – Ergueu uma
sobrancelha. – Eu sou completamente capaz de terminar o meu trabalho.
- Você está ouvindo eu te chamar? – O moreno soltou um
suspiro. – Na minha sala, agora. Vou esperar por você lá. – Saiu da cozinha e
deixou um Micael pensativo. Ele rolou os olhos ao ver Adriano entrar em sua
cozinha já com toda autoridade. Começou a desabotoar a dólmã e sair de lá, não
suportava ficar no mesmo lugar que aquele cara.
Caminhou até a sala de seu pai com a maior lentidão possível.
Não bateu na porta ao chegar no escritório e somente entrou. Tomou um susto ao
ver uma mulher sentada de frente a Jorge, ainda não tinha visto seu rosto, mas
sabia perfeitamente quem era.
- Você não sabe o que significa “agora”? – Jorge rolou
os olhos, mas em seguida ficou de pé. – Antônia quer falar com você. – Apontou pra
mulher à sua frente, Micael tinha os olhos arregalados e parecia que a sua língua
tinha sido comida por um gato.
- Oi, filho. – Antônia levantou e sorriu para Micael. – Você
está tão lindo. – Caminhou até a frente do homem, hoje mais alto do que ela. –
Eu...
- O que você está fazendo aqui? – Micael segurou a mão da
mulher quando ela ergueu para passar em seu rosto. – Pensei que você tivesse
entendido que eu não queria papo com você.
- Eu sou a sua mãe, eu vou insistir em falar com você
quantas vezes forem necessárias.
- Que mãe o quê. – Largou a mão dela e se afastou. – Você foi
tudo, menos mãe. Não seja ridícula.
- Micael, pegue leve. – Jorge pediu. – Não precisa tratar
ela assim.
- Eu pensei que você estivesse ciente de que eu não queria
vê-la, mas ai você vai na minha cozinha e me tira de lá como se eu quisesse matar
a saudade dessa mulher.
- Ei, Rael. – Sophia disse sorridente para o garçom amigo de
Micael depois que foram acomodadas numa mesa. – Pode avisar ao Micael que
estamos aqui e pedir a ele que escolha meu prato, porque eu odeio escolher
comida aqui e queria algo diferente dessa vez. – Ela fez uma careta para o cardápio e arrancou risadas do garçom
e de Mel.
- Na verdade nem vai dar, Sophia. – Ela franziu a testa. –
Seu Jorge tirou Micael da cozinha faz uns vinte minutos. Estão trancados no escritório
desde então.
- Puta merda, devem estar se matando. – Sophia abaixou a cabeça
na mesa. – Eu não sei mais o que eu vou fazer com esses dois.
- Ah, Sophia, também não é pra tanto! – Mel deu de ombros
achando que Sophia estava fazendo drama. – Ele sobrevive com o pai dele desde
antes de vocês se conhecerem e nenhum dos dois morreu.
- E o pior você não sabe. – Rael continuou a contar. –
Entrou uma moça bem elegante aqui mais cedo, pediu pra falar com Jorge. Os dois
foram pro escritório e foi logo em seguida que ele foi chamar Micael.
- Puta merda, a mãe dele apareceu. – Ela ficou de pé num
pulo. – Eu não acredito nisso.
- Eu não sei se é a mãe dele, mas até que parece com ele.
- Vamos lá, Mel. – Sophia entrou puxando Mel pela mão. –
Antes que o Micael mate os dois naquela sala. – Correu apressada e bateu a
porta, parecia que ninguém ia abrir, mas ela continuou batendo.
- Sophia isso é um assunto de família. – Mel fez uma careta.
– Será que eu posso esperar na mesa?
- Sozinha? – A mulher assentiu. – Se resolver ir embora, me
manda mensagem! – A morena assentiu e voltou para o salão. Sophia cansada de
esperar por alguém pra abrir a porta, resolveu entrar. Os três olharam pra
mulher instantaneamente.
- Quem é essa mocinha entrando assim na sua sala, Jorge? – A
mulher elegante reclamou. – Se ninguém abriu, significa que não era pra você
entrar. – Sophia se assustou com o passa fora e Micael rolou os olhos pra mãe.
- Eu não sabia que você viria aqui. – Segurou no rosto da
mulher e lhe deu um selinho. – Que bom que apareceu pra me salvar desse
reencontro tenebroso.
- Que exagero, Micael. – Ela soltou uma risadinha. – Quando o
Rael me contou eu confesso que pensei que você estaria a ponto de cometer um homicídio
aqui, estou surpresa com a sua calma.
- Ei, o assunto era comigo. – Ela estalou os dedos chamando
atenção. – Quem é você?
- Não ficou obvio? – Sophia não se deu ao trabalho de tratar
a mulher com educação, já que a mesma não estava fazendo aquilo.
- Se estivesse obvio eu não estaria perguntando. – Fez uma
careta.
- Antônia, se comporte! – Jorge a repreendeu. – Ela é a
namorada do Micael. – Antônia olhou a mulher de cima a baixo. – Faça o favor de
a tratar com o mínimo de respeito, por favor.
- Olha, Sophia. – Micael debochou. – Você o meu pai defende.
- Micael! – Foi a vez de Sophia repreender. – Sem deboche,
por favor.
- Ele me tirou do meu trabalho e colocou o Adriano lá como
se eu quisesse ter algum tipo de reencontro com essa mulher.
- Micael, nós somos adultos, eu aposto que conseguiríamos conversar
como tal. – Antônia se aproximou dele novamente. – Eu sei que eu errei nas
escolhas que fiz, mas você não pode fingir que eu não existo, eu quero me
reaproximar de você.
- Um pouco tarde pra isso. – Falou baixo. – Você perdeu
tanta coisa da minha vida, você não tem direito de querer se reaproximar de mim
agora que eu sou um homem, agora que tenho a minha vida, minha casa, minha família.
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