- Uma roupinha? – Ergueu uma sobrancelha. – Você tem mania
de compras, todo mundo sabe que tem roupas com etiqueta ainda. – Ele continuou
zoando.
- E por um acaso é você que paga por elas? – Ela parou de
rir e o encarou séria com os braços cruzados.
- Graças a Deus não né Sophia, senão já estava falido faz
tempo. – Se manteve rindo e antes que Sophia respondesse, Micael tomou a
dianteira.
- Chay, se você não parar de falar, a próxima pessoa que a
Sophia vai fazer drama é com você. – Ele falou rindo, mas o aviso era real. –
Deixa a Sophia comprar o que ela quiser que eu pago, trabalho só pra isso se
for necessário.
- Viu só Mel? – Ela se aproximou e deu um selinho no
namorado.
- Vai ir à falência junto com o restaurante. – Ele debochou.
- Meu Deus do céu. – Lua interveio. – O que a gente tem a
ver com as coisas que a Sophia compra ou deixa de comprar? – Defendeu a amiga.
– Ela sempre trabalhou pra pagar as contas delas pra ninguém ficar enchendo o
saco.
- Gente, vamos ficar calmos? – Arthur pediu. – O que era uma
brincadeira, tá virando estresse.
- Não está não, eu estou de boa. – Sophia deu de ombros. – Ainda
bem que eu não sou a Mel, Deus me livre ser proibida de trabalhar pra viver com
um namorado que regula o dinheiro.
- Sophia! – Micael arregalou os olhos. Aquilo realmente
estava ficando pessoal.
- Graças a Deus que eu não sou o Micael... – O moreno ergueu
a sobrancelha esperando pelo final da frase do amigo. – Pra ser feito de trouxa
e ficar bancando a mina com tudo o que ela quiser. – O silêncio reinou na
cozinha. Micael respirou fundo e pensou bem antes de falar qualquer coisa.
- Você está pegando pesado demais, Chay. – Foi Mel quem o
repreendeu. – Dá um tempo, como a Lua disse, nós não temos nada a ver com a
vida deles.
- E lá se foi o jantar sem climão que a gente estava
querendo. – Arthur balançando a cabeça. – É Sophia, a quizumbeira é você! – Ele
riu.
- Nem vem, dessa vez eu nem comecei com nada. – Ela disse
baixo. – Quem veio aqui controlar meus gastos foi ele.
- Ok, será que a gente pode se entender? – Lua pediu
encarando Sophia e Chay. – Nosso jantar já era hein.
- Já era nada. – Sophia encarou Micael. – Tá tudo bem, foi
um mal-entendido. – Micael desligou o fogo da comida e suspirou.
- O jantar está pronto. – Deu de ombros, não estava mais tão
animado, todos sentiam. – Vamos comer?
- Sim. – Lua respondeu e começou a ajudar Sophia a botar a
mesa. Mel se juntou a elas pouco depois.
- Sophia, me desculpa pelo que o Chay disse. – Os meninos
estavam um pouco longe, não conseguiam ouvir aquela conversa. – Eu sei que ele
foi um sem noção, mas você sabe que tudo pra ele é uma grande brincadeira né?
Até quando não tem ninguém rindo.
- Está tudo bem, Melzinha. – Sophia suspirou. – Eu sei como
o Chay é e sei que ele não falou por mal, mas ele zoou com uma coisa que não
podia. Ainda é tão recente, Micael ainda é tão inseguro quando o assunto é o
que aconteceu. – Ela olhava o namorado sentado junto com os meninos, ele não
tinha a melhor cara.
- Eu sei disso. – Ela suspirou. – Eu vou conversar com o
Chay quando formos embora, esse tipo de brincadeira não vai se repetir.
- Obrigada. – Abraçou Mel e logo em seguida Lua se juntou as
duas. – Ô vidinha difícil.
- E ainda vem o povo que não facilita. – Rolou os olhos a
morena. – Vamos terminar com isso porque essa comida do Micael está cheirosa e
eu estou morrendo de fome.
O jantar foi servido aos seis e com muita força de vontade
eles conseguiram deixar o clima leve novamente. Conversas descontraídas sobre
assuntos aleatórios foi o que rolou na mesa. Risadas garantidas com as bobeiras
de Chay e Micael.
Sophia estava a porta, se despedindo dos amigos enquanto
Micael estava no banho. Quando ela finalmente saiu de lá, caminhou para o
banheiro e se escorou no balcão. O barulho do chuveiro sendo fechado fez com
que ela olhasse pra direção que Micael sairia. Ele enrolou uma toalha na
cintura depois de se enxugar e foi para o quarto, em silêncio.
- Está tudo bem? – Ela perguntou após segui-lo até o quarto.
- Está sim. – Se virou pra mulher que agora estava sentada
na cama e forçou um sorriso. – Por que não estaria?
- Não está tudo bem, você está estranho. – Soltou um suspiro
carregado. – Está chateado pelo que o Chay falou, não é mesmo?
- Não sei se chateado é a palavra. – Ele vestiu um short de
dormir e foi se deitar. – Ele não falou nenhuma mentira, falou?
- E a história de livro novo? – Ergueu uma sobrancelha ao
homem. – Eu sei que ele pegou pesado na brincadeirinha, mas amor...
- Está tudo bem, eu já disse. – Puxou a mulher pra um
abraço. – Não precisa ficar pensando muito nisso. A gente não vai se
desentender por causa de uma brincadeira de mau gosto do Chay.
- Então, vamos pintar a parede? – Apontou pra parede cinza
que ficada de frente pra cama.
- O quê? – Ele ergueu uma sobrancelha. – A minha parede
cinza incrível?
- Essa casa é muito sem graça. – Ela sorriu. – Paredes e
móveis cinza, parece até que alguém morreu, deprimente.
- E desde quando você sabe pintar parede? – Micael perguntou
a Sophia e ela deu de ombros.
- Eu nunca pintei nenhuma parede, mas também não deve ser
difícil. – Ele fez uma careta. – Você por um acaso já pintou alguma parede?
- Eu já pintei várias paredes. – Se gabou e Sophia o olhou
desconfiada.
- Se você está dizendo, quem sou eu pra discordar! – Estava
animada. – A gente pode fazer aquelas pinturas geométricas com fita crepe,
sabe? Ai a gente pinta de tons diferentes, vai ficar mega legal.
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