- Você não acha que está se empolgando? – Ele perguntou
rindo. – Você acha que vai dar certo?
- Ué, pensei que já tinha pintado várias paredes. – Se
levantou e colocou as mãos na cintura. – Tá com medinho?
- E eu lá tenho medo de alguma coisa? – Puxou Sophia de
volta pra cama. – Você vai amanhã e compra tinta branca e aquele corante pra
gente fazer as cores. O resto a gente se vira. Pode ser madame?
- Então vamos marcar a parede! – Ela falou animada. – Não é
possível que você não tem fita crepe aqui.
- Sophia, você está bem empolgada. – Ele riu, pela primeira
vez de verdade desde a brincadeira de Chay. – Precisa ser tudo agora?
- Precisa, porque você trabalha demais e nunca está em casa,
e eu quero fazer isso com você! – Convenceu o namorado com um beijo.
- Ok, eu vou tirar a televisão da parede e você vai procurar
a fita crepe. – Se levantou da cama um tanto quanto desanimado, mas não demorou
a se empolgar junto com Sophia na marcação da parede.
Os dois estavam se divertindo, seria bom deixar a casa com a
cara deles dois, afinal como Sophia tinha dito, parecia que alguém tinha
morrido ali. Os dois estavam deitados no chão já passava de meia noite.
- Meu Deus, eu não sabia que colar fita crepe numa parede
demandava tanto tempo. – Micael fechou os olhos. – Imagina quanto tiver que
pintar.
- Ainda bem que você já pintou várias paredes na vida. –
Sophia ergueu uma sobrancelha. – O que seria da gente sem a sua experiência no
assunto.
- Eu sinto que você está debochando de mim. – Ele riu e
puxou a namorada pra deitar em seu peito. – Você vai ver o meu lado pintor.
- Eu acredito em você, agora o que acha da gente escovar os
dentes e ir dormir? – Se sentou. – Já está tarde à beça.
- Eu concordo com a senhora. – Ambos se levantaram e foram
se deitar na cama. - Até amanhã! – Se aconchegaram um no outro e não demoraram
muito até estarem dormindo.
Os dias seguintes foram de completo tédio para Sophia que já
tinha faxinado a casa trezentas vezes. A vida de dona de casa definitivamente
não era pra ela. Ela já tinha comprado as tintas e algumas partes da parede já
tinham sido pintada, mas ela seguia esperando por Micael, não teria graça sem ele.
Agora, já passava das cinco, estava deitava no sofá com as
pernas pro alto completamente em tédio por conta da solidão daquela casa. Ainda
faltava muitas horas pra Micael chegar e não sabia o que fazer. Respirou aliviada
quando ouviu a campainha tocar, precisava urgentemente interagir com outro ser
humano.
- Luaaaaa! – Ela gritou ao ver a amiga parada na porta. – Eu
estou tão feliz de te ver!
- Gente, que animação é essa? – A loira entrou e tirou os
sapatos pra ficar a vontade. – Eu estou exausta.
- Você devia parar de ir trabalhar de salto. – Sophia se
sentou no sofá e ficou observando enquanto a amiga deitava. – Vai só piorar
daqui pra frente.
- Eu sei. – Bufou. – Vim te visitar, estava com saudades.
- Eu também estava, amiga. – Sorriu. – Como está o trabalho?
- Um tédio sem você lá, eu não consigo aguentar a Beth o dia
todo sozinha não, ela precisa urgentemente contratar outra pessoa. – Resmungou de
olhos fechados. – E o pior é que ela disse que não tem nem previsão, que eu
sozinha dou conta muito bem do serviço.
- Ela vai é te explorar. – Sophia soltou uma risada. – Já explorava
a gente antes, imagina agora.
- Eu só vou aguentar mais um pouco, depois que tiver o meu
bebê eu não volto pra lá de jeito nenhum. Vou ficar em casa cuidando do meu
filho, Arthur que lute pra nos sustentar.
- Como se precisasse lutar né. – Lua a encarou e não demorou
a dar risada junto com a amiga. – Vocês vivem bem até demais só com a empresa
dele.
- Eu sei, mas é que eu acho que não me daria bem vivendo de
dondoca dentro de casa. – Sophia balançou a cabeça, sabia exatamente como se
sentia. – Mas ai com o bebê tudo vai mudar, eu duvido que eu vá querer sair de
perto dele.
- Não te julgo. – Tinha um sorrisinho nos lábios. – Mas eu
não tenho um bebê e o Micael só chega tarde. Juro que estou enlouquecendo aqui
sozinha todos os dias.
- Dramática hein, só tem o que, umas duas semanas? – Ergueu uma
sobrancelha e Sophia assentiu. – Ainda não é o momento de surtar. Por que você
não vai atrás de um emprego?
- E o que eu sei fazer além de ser assistente de uma chefe ridícula
de uma agência? – Lua se sentou e virou pra amiga. – Não é tão fácil achar
emprego.
- Se você nem começar a procurar, fica mais difícil ainda. –
Sophia se sentou também. – Há muitas agências por ai.
- Fernanda deve ser modelo em todas elas, se eu esbarrar com
ela onde quer que seja, eu termino de arrancar a cabeça dela. – Lua rolou os
olhos.
- Ela está afastada, eu soube pelo Douglas, que vive lá
cheirando o cu da Beth. – Sophia fez uma careta. – Dizem que ela está com uma
cicatriz muito feia nas duas bochechas, eu daria tudo pra ver. – Sorriu. – Mas,
eu duvido que ela saia de casa.
- Ela pode não estar trabalhando agora, mas uma hora vai
voltar.
- Sophia, você precisa virar a página, você não pode ficar
querendo voar nela toda vez que a ver. Não tem cabimento. – Brigou e Sophia fez
bico. – Eu sei que foi doloroso demais o que ela fez, eu não consigo sequer
imaginar a raiva que você sente, mas amiga, você precisa reagir.
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