- A raiva tira a percepção da fome. – Saiu da cama. – Eu vou
tomar um banho e você esquenta a comida e coloca a mesa, pode ser? – Sophia
assentiu e ele pegou o primeiro short que viu e saiu rumo ao banheiro.
A primeira semana que Sophia e Micael moravam juntos passou
sem mais fortes emoções. Ela tinha aproveitado que já não trabalhava mais pra
ir no apartamento e buscar boa parte de suas coisas. O armário de Micael estava
entulhado.
Os dois pareciam estar vivendo numa lua de mel eterna,
exceto pelo fato de Micael ainda estar trabalhando em turno dobrado por conta
da falta de funcionário, mas isso não era um real problema aos dois, visto que
se entendiam muito bem no pouco tempo que lhes restava.
Sophia e Lua não tinham feito as pazes ainda. Nenhuma das
duas procurou a outra e isso já estava deixando Arthur e Micael de cabelo em
pé, porque sobrava pra eles escutarem reclamações.
Naquela segunda feira, Micael estava de folga e Sophia
precisava ir à agência dar baixa na carteira. Ele prometeu acompanha-la, mas
ainda assim ela não queria voltar naquele lugar.
- Era pra dar pra enviar a carteira por correio. – Resmungou
quando Micael estacionou o carro e eles desceram. – Daria tudo pra não voltar
nesse lugar.
- Nem parece a menina que amava o emprego. – Ele brincou e
lhe deu um beijinho, logo os dois entraram. Não demoraram até chegar perto da
mesa de Lua, ela os viu, mas Sophia não fez questão de olhar pra amiga. – Ei,
Luinha, como você está? – Micael foi até ela lhe dar um abraço.
- Estou ótima. – Ela alisou um pouco a barriguinha, eram
três meses e já estava começando a aparecer. – Estamos.
- Micael, você vai ficar ai? – Ela chamou e ele soltou um
suspiro indo pra perto da namorada e seguindo pra sala de Elizabeth. – Pensei
que nunca mais ia vir.
- Eu não fiquei nem cinco minutos parado perto da Lua, você
tem que fazer as pazes com ela de uma vez! – Rebateu para Sophia e ela rolou os
olhos. – Nem adianta rolar os olhos pra mim. Essa briga idiota de vocês já deu.
- Não foi idiota, você não sabe o que ela disse pra mim. –
Ele deu de ombros.
- Claro que sei, já sei faz tempo. – Eles estavam parados no
meio da agência. – Mas de que importa, nós estamos bem e pronto. Vocês foram
desagradáveis uma com a outra, mas já passou. Não tem porque ficar nessa,
Sophia!
- Muito fácil pra você falar. – Ela não esperou a resposta e
foi logo batendo na porta da ex-chefe. Ouviu um entre baixinho e não hesitou.
Do lado de dentro, a cara de Beth não foi das melhores ao
ver a ex funcionaria ali parada. Ela ficou de pé num pulo pronta pra indagar a
Sophia o motivo de ter botado os pés ali novamente.
Sophia varreu a sala com o olhar e encontrou Douglas sentado
na cadeira à frente da mesa de Beth. Ele olhou com surpresa para o casal parado
perto da porta. Sophia entrou na sala seguida por Micael.
- O que você está fazendo aqui na minha agência? – Ela
reclamou de pé ainda atrás da mesa.
- Vim trazer minha carteira pra dar baixa. – Ergueu o
documento. – Infelizmente eu não pude mandar pelo correio. – Debochou e se
aproximou da mulher.
- Pode deixar que eu faço questão de levar no RH agora. –
Pegou o documento da mão de Sophia. – Você espera que vai ser rápido, aqui, lá
fora ou se quiser fazer um favor pra nós duas, lá sentada na calçada. – Ela
saiu pisando duro da sala e Sophia respirou fundo.
- Eita, ela realmente ficou com raiva de você. – Micael
disse com os braços cruzados. – Você deve ter aprontado uma confusão.
- Eu teria matado aquela infeliz se ninguém tivesse me
segurado. – Ela tinha um bico e fez com que Douglas riu.
- Ah, é. – Concordou. – Eu devia ter deixado né, ai agora
você estaria presa. – Ele tinha a expressão divertida. – Beth está com raiva
porque ela acabou tendo que pagar indenização pra Fernanda, pra evitar ir pra
justiça e perder ainda mais dinheiro. Porque ela foi atacada por uma
funcionária e aqui dentro.
- Essa mulher é rica, ela pode pagar quantas indenizações
quiser, não é como se fosse mudar alguma coisa na vida dela. – Bufou.
- Ninguém gosta de gastar dinheiro atoa né, Sophia. – Micael
comentou. – Ela tem razão.
- E também graças a você, o cliente da propaganda de perfume
desistiu de fazer aqui, já que soube de toda confusão. Ou seja, prejuízo duas
vezes. – Douglas terminou de contar e Sophia olhou incrédula pra Micael que riu
descaradamente.
- O que é tão engraçado? – Franziu a testa.
- Eu queria muito ver o que você fez na cara da Fernanda. –
Ele se manteve rindo. – Deve ter feito um real estrago. – A loira bufou
irritada com aquela conversa.
- A Sophia arrancou a pele da cara da Fernanda. – Douglas
falava diretamente com Micael. – Quando você olha, é difícil acreditar que
aquilo tudo foi feito apenas com a unha. Ela está horrorosa.
- Sophia do céu. – Micael seguia rindo. – Eu sei que você me
contou, mas ainda assim eu não consigo imaginar o estrago.
- Tomara que fique cheia de cicatriz na cara. – Encostou na
parede emburrada. – Tomara que nunca mais consiga um trabalho na vida.
- Agora me tira uma dúvida. – O casal olhava atentamente
para o moreno sentado com as pernas cruzadas e um rosto divertido. – Você
realmente cuspiu na água que deu a ela? – E então Sophia gargalhou com a cara
de surpresa dos dois.
- Claro que sim! – Estava orgulhosa de si. – Eu estava
tentando me controlar, mas foi muita palhaçada dela mandar eu buscar um copo de
água. Cuspi e ela bebeu tudinho, que nem nas novelas.
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