- Amor, vamos deixar isso pra lá, por favor. – Pediu e
voltou a se deitar no colo de Sophia. – Eu não quero mais falar dela e nem do
meu pai.
- Tudo bem. – Deu um beijo em sua cabeça. – Tudo o que você
quiser. – Confortou o namorado por bastante tempo até que ele estivesse
dormindo, não demorou pra pegar no sono junto com ele.
Na manhã seguinte Micael acordou cedo e foi trabalhar no seu
horário correto, chegou até um pouco antes, surpreendendo seu pai. Foi direto
pro estoque fazer a lista do que deveria comprar ou não para o próximo dia e o
que deveria comprar para o restante da semana. Jorge apareceu atrás dele e
colocou a mão em seu ombro.
- Está tudo bem? – Perguntou ao filho. – Acho que nunca vi
você aqui tão cedo. – Brincou.
- Agora vai brigar comigo porque eu cheguei cedo? – Micael ergueu
uma sobrancelha.
- Você ou é oito ou oitenta. – Riu junto com o filho.
- Pai, me desculpa pelas coisas que eu disse ontem. – Ele tampou
a caneta e a colocou junto com a prancheta em cima de uma caixa que tinha ao
seu lado. – Eu fico nervoso e acabo sendo inconveniente.
- Está tudo bem, foi uma surpresa pra todos nós a sua mãe
voltar a ligar. – Ele deu de ombros como se pouco se importasse, mas Micael
sabia a verdade.
- Como assim voltar a ligar? – Ergueu uma sobrancelha. – Ela
nunca ligou pra mim não.
- Mas ela já ligou pra mim. – Deu de ombros. – Muitas vezes.
– Jorge desviou o olhar. – Ela sempre pediu informações de você.
- Ela sempre o quê? – Micael estava em choque. – Como assim
ela ligava pra saber de mim? Por que você nunca me disse uma coisa dessa?
- Ia te fazer bem? – Jorge cruzou os braços. – Você era uma
criança, ia te fazer bem saber que a sua mãe ligou e perguntou “Micael está
bem?” e depois só ligou no outro mês? Você realmente acha que eu devia ter
falado?
- Você não tinha o direito de esconder que ela se preocupava
comigo. – Apontou o dedo pra Jorge, lá estava ele perdendo a razão novamente. –
Eu queria falar com ela quando era criança, eu morria de saudade dela.
- Só que ela não queria falar com você. – Jorge se manteve
firme. – Nós dois concordamos que ia ser muito pior, muito mais difícil de você
se acostumar com a partida dela.
- Ah, vocês dois concordaram. – Ergueu uma sobrancelha. – Ótimos
pais.
- Você era uma criança Micael, eu tinha que decidir o que
era melhor pra você, e nós dois decidimos isso.
- Eu cresci pai. – Rangeu os dentes. – Eu deixei de ser
criança faz muito tempo.
- Eu mantive sua mãe informada sobre você até os seus dezoito
anos. Quando você viajou pra França, acabou todo contato que eu tinha com ela. –
Ele estava descrente, praticamente foi enganado pelos dois. – Ela tinha dito
que falaria com você, mas com os anos passando eu acho que já tivesse
desistido.
- Você me enganou esse tempo todo, você fez eu achar que
tinha sido abandonado!
- Não fale como se a culpa fosse só minha! – Falou um pouco
mais alto. – Nós somos seus pais e decidimos o que era melhor pra você, ponto.
Isso é ser pai, você pode até ter raiva de mim, mas quando tiver seus filhos
você vai entender.
- Será que pode me deixar sozinho? – Falou baixo e
controlado, não queria perder a razão e acabar brigando feio com o pai
novamente. – Eu preciso trabalhar.
- Tudo bem, Micael. – Balançou a cabeça. – A gente continua
com essa conversa depois. – Saiu do estoque sem falar mais nada e deixou ali um
Micael bem pensativo.
- Eiii! – Mel atendeu a porta empolgada. – Faz muito tempo
que você não vem aqui em casa!
- E bota tempo nisso! – Sophia sorriu. – Chay está por ai?
- Não, a essa hora ele está trabalhando. – Ela rolou os
olhos. – Mas me conta, o que você tem de tão importante pra falar?
- Então, ao contrário de você eu odeio essa vida de dona de
casa. – Mel fez uma careta. – Eu estive conversando com a Lua e com o Micael e
os dois me incentivaram a começar uma carreira de modelo. – Mel arregalou os
olhos. – Só que eu preciso da sua opinião, você é do ramo né amiga, pode me dar
umas dicas, ou me trazer pra realidade dizendo que eu não tenho chance.
- Ué, você trabalhava selecionando modelos, você não sabe se
tem chance? – Ela gargalhou. – Deveria saber.
- É que quando o assunto somos nós mesmos a gente perde um
pouco da noção. – Ficou sem graça. – Eu vim pedir ajuda, preciso muito disso.
- É claro que eu te ajudo, essa vida de dona de casa é um tédio
real! – Fez uma careta. – Eu ainda tenho uns contatos, vou mandar o seu book
pra eles e cobrar uns favores, mas logico que depois que a gente fizer o
seu book. – Sorriu. – Um bem maravilhoso.
- Ahhhh! – Estava contente. – Eu amo você, obrigada
Melzinha.
- Eu sei que ama. – Ela brincou. – Ó, eu vou te levar ao meu
fotografo preferido e ele vai tirar fotos de você que você mesma não vai se
reconhecer. – Ela correu até o quarto e pegou o celular. Ligou e não demorou a
marcar uma hora com o fotografo.
- Melzinha, o Chay não vai implicar com isso não né? – Ela soltou
um suspiro pesado. – Eu não quero trazer problemas pra você, mas é que eu acho
um absurdo ver você deixar de fazer algo que tanto ama por causa dele.
- A noite eu converso com ele. – Ainda tinha uma careta. –
Não tem sentido ele implicar com isso sendo que eu não vou fotografar ou fazer
nenhuma campanha publicitaria.
- Depois você me avisa então, se tudo der certo. – Assentiu.
– Agora vamos, você precisa me dar algumas dicas antes da sessão de fotos.
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