- Puta que pariu, Sophia! – Douglas rachava o bico. – Você é
inacreditável. – Micael também ria. Era estranho pra Sophia ver os dois no
mesmo ambiente e rindo. Elizabeth voltou com a carteira de Sophia e os papeis
da demissão para que ela assinasse. Sophia nem se sentou pra assinar, queria
sair daquele lugar.
- Faz favor de não pisar mais aqui. – Beth pediu ao ver o
casal saindo da sua sala.
- Você ainda vai me implorar pra voltar. – Olhou bem no fundo
dos olhos da ex chefe que deu uma gargalhada irônica. – Passe bem. – Os dois
saíram dali. Sophia parou em sua mesa pra pegar as coisas que não tinha
conseguido levar no dia da confusão.
Lua a olhou por alguns instantes, mas logo voltou a se
concentrar nas fotos da modelo que tinha de frente ao computador. Sophia abriu
a segunda gaveta e começou a tirar de lá os inúmeros cartões de Micael, levaria
todos consigo. A foto dos dois em cima da mesa também.
- Você guardou tudo isso? – Ele pegou um dos cartões e leu.
– Eu achei que você jogava fora.
- É claro que não né! – Franziu a testa. – Por que achava
uma coisa dessa?
- Porque eu nunca vi você em casa com eles. – Deu de ombros.
– Achei que estavam no lixo faz tempo.
- Não, eu os guardava aqui na gaveta. – Ele sorriu e Lua
bufou.
- Não se ilude não, metade desses cartões ela nem sequer
abriu pra ler. – Lua falou com raiva e a careta do Micael instantânea. – “Ah,
mais um cartão” – Afinou a voz na falha tentativa de imitar Sophia. – E jogava
na gaveta. Não é à toa que quando você largou ela, ela ficava ai chorando lendo
esses cartões inéditos.
- Qual é a porra do seu problema, Lua Maria? – Rangeu os
dentes, mas não falou alto.
- Você se fingindo de boa namorada ai. – Respondeu no mesmo
tom. – Falsa.
- Eu não sou falsa! – Micael soltou um suspiro ao ver as
duas brigando novamente. – Eu nunca fui falsa com você.
- E como eu vou saber, se você enganou o Micael pode ter me
enganado também, não é mesmo? Vai saber se não já falou mal de mim por ai. –
Lua alfinetou.
- Você está insuportável. – Foi apenas o que a loira
respondeu. – Insuportável.
- Chega vocês duas. – Micael se meteu. – Vocês são melhores
amigas, não estou entendendo porque esse estresse todo tá rolando se ninguém
aqui fez nada de errado.
- Ela começou a me tratar mal porque eu fui dar um toque,
agora ela aguenta. – Lua resmungou.
- Muito obrigado, Lua. – Micael respondeu. – O seu toque
funcionou, quando cheguei em casa a Sophia me contou tudo o que aconteceu e as
coisas ficaram bem. Então, vamos lá de novo, porque é que vocês não se entendem
mesmo?
- Ela acabou de me chamar de falsa, Micael. – Sophia tinha
os braços cruzados e um bico que nem uma criança.
- E você acabou de chamar ela de insuportável. Está tudo em
casa. – Ele defendeu. – Vamos, peçam desculpas.
- É claro que não. – Lua tinha um bico igual ao de Sophia. –
Não vem agir como se eu fosse uma criança não.
- Mas vocês estão parecendo duas crianças. – Ele balançou a
cabeça. – Vamos logo com isso! Somos todos amigos e vocês duas sabem disso.
- Eu devia ter feito isso com vocês então. – Se manteve
resmungando.
- Você sabe muito bem que a situação era bem mais
complicada. – Alternou olhares entre as duas. – Quem começa? Vamos logo,
Sophia!
- Ok. – Fez uma careta e se virou pra Lua. – Me desculpa
pelas coisas que eu disse na semana passada. – Micael sorriu.
- Muito bem, meu amor. – Ele olhou pra amiga. – Agora vai
Lua, sua vez.
- Me desculpe por ter insinuado aquelas coisas. – Rolou os
olhos. – Mas eu estava preocupada com você caramba!
- Parabéns, agora se abracem pra selar essa amizade linda
que vocês tem. – Ele pediu e Sophia deu um leve sorriso antes de manter os
olhos fixos nos de Lua. – Andem. – Logo elas se abraçaram. – Ótimo, agora que
já está tudo resolvido. Sophia pega suas coisas e vamos embora. Eu vou armar um
jantar lá em casa pra comemorar que agora a gente mora junto, vou falar pro
Arthur te obrigar a ir, e ai vocês terminam de fazes as pazes.
- Eu acho que você está muito mandão pro meu gosto. – Sophia
resmungou, mas agora já não estava mais tão revoltada.
- E eu sei que você gosta. – Ele sorriu. – Vamos! – Sophia
seguiu juntando as coisas. – Tchau, Luinha. – Sophia só balançou a cabeça pra
amiga.
Os dois seguiram pra casa, conversaram sobre coisas
aleatórias no caminho. Sophia não estava mais tão triste por sair do emprego,
mas ainda estava longe de estar feliz. Eles resolveram passar no mercado para
comprar ingredientes para um pato com laranja. Chegaram em casa e já passava de
meio dia.
- Eu estou exausta. – Ela se jogou no sofá enquanto ele
passava com as compras pra cozinha. – Passamos a manhã toda na rua.
- Mas teremos canard hoje. – Ele gritou da cozinha. – Olha
que lucro pra você!
- Pra mim? – Ela levantou e foi até a cozinha com as mãos na
cintura.
- Logico, eu estou de folga e terei que cozinhar uma coisa
que eu faço todo dia. – Ele falou rindo. – E de graça.
- Se quiser eu faço hein. – Ela brincou e Micael ergueu uma
sobrancelha. – Nem me olha com essa cara!
- Eu estou imaginando você fazendo. – Começou a rir. – Você
é péssima na cozinha.
- É uma receita, só seguir o que está escrito, bobalhão. –
Cruzou os braços. – Não deve ser tão difícil assim!
- “Só seguir o que está escrito” – Ele debochou. – Você
ofende os meus anos de estudo. Tem toda uma técnica, ô bocuda. – Guardou o pato
na geladeira.
- Então não reclamar que vai fazer. – Ela deu de ombros. –
Já que você não quer que eu faça.
- Eu quero que você faça outra coisa... – Ele sorri com
maldade. – Nem todo pagamento precisa ser com dinheiro, sabia?
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