Micael saiu do escritório sem nem sequer dar chance pra sua
mãe falar. Sophia suspirou olhando os dois, sentiu pena de Antônia quando olhou
em seus olhos.
- Ele tem uma personalidade difícil mesmo. – Jorge se
aproximou e abraçou Antônia carinhosamente. – Mas vai ceder.
- Ele não vai ceder, ele não deu um sorriso desde que me
viu. – Ela tinha lagrimas nos olhos. – Ele nunca vai me perdoar.
- Ele é muito orgulhoso, é difícil fazer ele admitir algo e
perdoar. Experiência própria. – Sophia bufou. – Mas eu vou tentar conversar com
ele. – Antônia assentiu. – Passem bem. – Saiu do escritório e encontrou com
Micael no estacionamento, ele andava de um lado para o outro, estava bem
nervoso. – Amor, se acalma.
- Eu não quero me acalmar, eu estou com raiva daqueles dois.
– Rangeu os dentes e não encarou a namorada.
- Amor. – Parou de frente a ele, o forçando a encará-la. –
Se você não se acalmar pra dirigir, eu vou ter que dirigir.
- Você não tem carteira. – Ele sorriu. – E toda vez que
tentou aprender, bateu o carro em algum lugar, não quero que bata meu Audi.
- Eu ter batido no seu antigo Audi foi o destino que quis. –
Conseguiu fazer seu sorriso se abrir mais. – Eu precisava chamar a sua atenção
de alguma forma.
- Você nem sabia que eu existia.
- Você já era meu, a gente só não tinha essa informação
ainda. – Ela gargalhou. – E eu não bateria o seu carro, pelo menos não de propósito.
- De proposito nunca é. – Ele abraçou a namorada. –
Obrigado!
- Pelo quê? – Ela franziu a testa sem sair do abraço.
- Obrigado por me acalmar. – Deu um beijo na cabeça dela. –
Você consegue fazer isso muito bem!
- Que ótimo, agora você pode dirigir e me levar pra casa. –
Se afastou e piscou o olhos. – Era tudo estratégia pra ganhar carona.
- Cara de pau. – Deu um selinho na mulher e logo destravou o
alarme e entrou no carro. Sophia olhou o telefone e viu mensagem de Mel
avisando que iria embora. Ela foi conversando e contando de seu dia para
Micael, conseguiu distrai-lo de tudo.
Ele tomou um banhou e relaxou completamente depois de todo
aquele estresse que tivera tido mais cedo. Sophia estava na cozinha passando
geleia no pão, já que tinha saído do restaurante sem comer nada.
- Por favor, me diz que esse ai não é o seu almoço?! – Ela ergueu
uma sobrancelha.
- Claro que não. – Ele pareceu aliviado, pelo menos até a próxima
frase dela. – Meu almoço foi uma coxinha. – Gargalhou com a careta de Micael.
- Sophia! – A repreendeu. – Sabe que eu não gosto que você
não coma direito.
- O dia estava corrido, só tivemos tempo pra um lanche. –
Deu outra mordida no sanduíche. – Não precisa fazer drama, eu não vou morrer
porque deixei de almoçar um dia.
- Sei. – Bufou. – E você não vai poder comer essas coisas
mais não hein, não vai poder engordar nenhuma grama.
- Eu sei, vou até me matricular na academia. – Micael riu. –
Ih, o que foi?
- Você sempre teve preguiça de malhar, já te chamei pra me
acompanhar muitas vezes.
- Agora a Mel está me obrigando. – Fez uma careta. – Diz ela
que é importante, mas eu continuo tendo muita preguiça de malhar.
- Puta merda, você vai ficar ainda mais gostosa do que já é.
– Ele pareceu pensar um pouco. – Será possível?
- Você é muito bobo quando quer. – Deu uma risadinha e
voltou a se concentrar no sanduíche. – E olha, não pode brigar comigo por conta
de não ter almoçado, eu fui até o restaurante pra isso.
- Ou seja, com preguiça de ajeitar comida em casa, foi comer
de graça. – Ele olhou a geleia e decidiu fazer um sanduíche pra si. – Errada
não está, eu faria exatamente a mesma coisa.
- Você não imagina o susto que eu levei quando falei com o
Rael. – Micael sorriu de lado, olhava interessado a namorada falar. – Sai puxando
a Mel pelo restaurante.
- A Mel estava lá? – Franziu a testa. – E nós a deixamos lá?
- Que nada, ela mandou mensagem dizendo que ia embora. –
Balançou a cabeça. – Disse que era um assunto de família.
- Hum, entendi. – Mordeu seu sanduíche, bebeu um pouco do
suco que tinha no copo de Sophia.
- Tem mais na geladeira, sabia? – Ele ergueu uma sobrancelha
e recebeu um olhar debochado da namorada.
- Está me negando um golinho de suco? – Fingiu indignação. –
Egoísta.
- Só comuniquei que na geladeira tem. – Piscou um olho e foi
até a geladeira pegar a jarra do suco. – Como eu sou a melhor namorada do
mundo, eu vou até servir você.
- Você está muito engraçadinha. – Pegou o copo com suco da
mão de Sophia. – Palhaça.
- Que você ama. – Lambeu os dedos sujos de geleia ao chegar
no final do sanduíche. – Amor, que horas nós vamos realmente conversar sobre o
que aconteceu?
- Você sabe que eu não quero falar sobre nada, não é?! –
Desviou o olhar e largou o sanduíche na bancada, aquele assunto embrulhava seu
estomago. – Eu estou muito bem pra voltar a me estressar com aqueles dois.
- Micael, você é um adulto, precisa encarar as coisas. – Ela
cruzou os braços. – Fugir não é uma opção.
- Eu não estou fugindo de nada. – Bebeu um pouco do suco. –
Só não quero conversar sobre isso.
- Isso não é fugir? – Bufou. – Encara isso, encara sua mãe,
seus traumas de infância. – Deixou o copo na bancada junto com o sanduíche e
saiu da cozinha. – Eu vou confessar que até fiquei com pena dela depois que
você saiu, só faltou ela chorar.
- E você sabe quantas noites eu fui dormir chorando por
conta que ela não estava aqui? – Era difícil pra Sophia argumentar. – Ela não
teve pena de mim ao ir embora e escolher não falar comigo.
- Você acha que foi fácil pra ela não falar com você? – Por incrível
que pareça, dessa vez Micael se mantinha calmo. – Se afastar de um filho assim
de uma hora pra outra e não ter mais contato?
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