- Achei que estivesse dormindo. – Ele riu e foi até o
armário procurar um short pra vestir depois do banho. – Me desculpe pelo
horário, acabei ficando muito atarefado e não pude deixar o restaurante antes.
– Ele se explicava, mas Sophia pouco ouvia. – Eu tentei te mandar algumas
mensagens, mas você não respondeu, o que houve com seu celular? – Ainda estava
de costas pra mulher, vasculhando o armário. Sorriu ao ver a mala da mulher no
chão, ainda sem ter guardado uma peça de roupa. – Essa mala vai ficar aqui pra
sempre é? – Se virou pra namorada.
Ele não demorou a perceber que tinha algo de errado com ela.
Sophia não chorava, mas ele conseguia perceber em seus olhos que tinha chorado
bastante. Preocupado, ele deixou a busca por um short de lado e se juntou a
mulher na cama.
- Ei, o que foi que aconteceu com você depois que foi embora
do restaurante? – Ele deu uma leve olhada nas partes expostas do corpo dela, queria
ver se estava machucada. – Meu amor, fala comigo.
- Deu tudo errado. – E as lagrimas recomeçaram. – Eu tentei,
Micael. Eu juro que tentei, mas aquela mulher me provocou de tal forma que eu
não consegui aguentar.
- Você brigou com a Fernanda, é isso? – Fez carinho no rosto
dela. – Está tudo bem, deixa essa maluca pra lá.
- Eu cravei minhas unhas no rosto dela. – Sophia mostrou as
mãos com as unhas curtinhas e Micael sorriu.
- Que brava. – Deu um beijo em sua testa. – Mas não precisa
chorar por isso, suas unhas vão crescer de novo!
- Não estou chorando por causa das minhas unhas, pelo menos
não dessa vez. – Ele riu, sabia o quanto Sophia gostava das unhas grandes. – Eu
acabei brigando com a Lua no meio da rua, dissemos coisas desagradáveis e agora
eu estou super arrependida.
- Mas por que você brigou com a Lua? – Franziu a testa. Não
conseguia imaginar um motivo para que as duas tivessem se desentendido.
- Eu tenho algo pra contar, mas por favor não briga comigo.
– Ele ficou apreensivo, mas ainda assim assentiu algumas vezes.
- Quando a briga começou com aquela sem noção, estávamos eu,
ela e Douglas. – E ali Micael já sabia que ia se estressar com a história,
soltou um suspiro pesado, mas Sophia continuou contando, precisava falar. Não
queria nenhum tipo de segredo entre eles, precisava construir confiança na
relação. – Ele me puxou de cima dela e ficou me segurando para que eu não
terminasse de matar aquela vadia.
- E o que mais...? – Ele sabia que tinha mais.
- E quando todo mundo chegou perto e eu já não tinha mais
como acertar ela de maneira nenhuma, eu comecei a chorar e abracei o Douglas. –
Ela sabia que não tinha sentido nada por ele, mas estava se sentindo muito
culpada por aquele abraço depois do que Lua tinha dito a ela.
- Você ficou com ele de novo, Sophia? – Micael se levantou
da cama, seu olhar era triste. – É isso que está tentando me dizer?
- Não! – Ela quase gritou. – Foi só esse abraço. – Tentou
secar as lagrimas. – Mas não foi por mal, eu juro. Eu estava chorando e abalada
por causa de toda a confusão. Eu o abracei porque estava perto de mim, como
abraçaria qualquer pessoa que estivesse em seu lugar. Eu juro.
- Sophia...
- Amor, por favor, acredita em mim. – Ela juntou as mãos,
quase que implorando. – Eu não estava no meu melhor estado emocional pra fazer
distinção de quem estava ali perto de mim, eu só precisava de um abraço.
- Por que está me contando isso tudo? – Voltou para a cama.
- Porque não quero esconder nada de você, nem uma virgula do
que acontece na minha vida! – Fungou. – Eu não quero dar a oportunidade de
alguém ir fazer uma fofoca e transformar isso em algo bem maior do que foi. Não
teve nada, eu juro!
- É difícil...
- Eu sei que é difícil. – Sophia o interrompeu. – Vindo do
meu histórico com ele, imagino que seja, mas eu estou aqui te contando, eu não
quero segredos, eu quero que conquistar a sua confiança de volta e a melhor
forma de fazer isso é te contando as coisas. Eu amo você, não suportaria te
perder novamente. – Ele puxou a namorada para seus braços.
- Tudo bem, eu acredito em você. – Ela chorou ainda mais. –
Agora para de chorar, por favor. – Lhe apertou um pouco mais. – Eu fico feliz
que você tenha me contado. Eu amo você, minha linda. Não precisa ficar assim.
- Me desculpa, não foi de proposito esse abraço. Eu juro que
não foi. – Continuava a se explicar.
- Calma, Sophia. – Ele deu um beijo na cabeça da mulher. –
Não precisa disso tudo, eu estou dizendo que está tudo bem. Se acalma, por
favor.
- A Lua disse que eu ia perder você de novo, eu não quero
que aconteça. – Ele sorriu por cima da cabeça dela.
- E foi por causa desse abraço que vocês brigaram? – Sophia
se aconchegou em seu colo, a respiração mais concentrada, mas as lagrimas
seguiam caindo. – Liga pra ela e conversa.
- Ela entendeu tudo errado, amor. Eu tentei fazer ela
entender, mas ela me disse coisas horríveis, disse que estava tentando me
alertar como antes. Ao invés dela me dar o apoio que eu estava precisando, ela
estava lá, brigando comigo no meio da rua.
- E você brigando com ela, eu te conheço muito bem. – Soltou
uma risadinha. – Vocês vão se entender, vocês são melhores amigas e brigas
acontecem. Como já aconteceram outras vezes.
- Eu estou me sentindo mal por ter brigado com ela daquela
forma, mas estou tão chateada pelas coisas que ela jogou na minha cara.
- E depois cada uma vai pedir desculpas e tudo vai ficar
bem. – Ele a afastou um pouco para olhar em seus olhos. – O que acha da gente
comer? Eu trouxe comida do restaurante.
- Eu não tinha percebido que eu estava com fome. – Ela riu.
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