Reviravolta - Capitulo 101

- Não estamos brigando, mãe. - Ele falou sem olhar na minha direção, eu dei um beijinho na cabeça de Alycia e suspirei.
- É, não estamos. - Completei.
- Por que você nunca fez nada? - Ele voltou o assunto, claramente se dirigindo a Matheus.

- Ele me ameaçava, dizia que ia matar nós três. - Ele falou e logo depois abaixou a cabeça. - Conversei com a Bruna e ela me disse pra não fazer nada, nós dois temíamos pela nossa mãe! - Ele terminou a frase o encarando.
- Eu sei como é isso. - Seu tom de voz foi diminuindo até sobrar um Micael pensativo.
- Quando a Bruna vai pra casa? - Antônia quebrou o silêncio.
- Ela está tomando soro, depois deve ir, visto que não teve nada demais, graças a Deus. - Falei e então vimos o Micael estressado novamente.
- Vocês não podem voltar pra lá.
- Quer que eu more na rua? - Antônia disse também nervosa.
- Mãe, aquele cara está lá. - Seu olhar era preocupado. - Acabei de encontrar vocês, não quero que nada de ruim aconteça.
- Filho, nada vai acontecer. - Se aproximou e colocou as mãos no rosto do filho.
- Vai, eu nunca confiei nesse homem. - Ela negou com a cabeça e fez Micael suspirar.
- Vocês três vão pra minha casa! - Falou sem pensar duas vezes e eu adorei a ideia.
- Claro que não, vocês estão pra se casar, não podemos tirar a privacidade de vocês. - Negou na hora.
- Sem chance de dizer não, dona Antônia. - Eu falei e eles olharam pra mim. - Não vai tirar nada e eu vou adorar ter a Bruna pertinho pra ver a gravidez dela. - Falei e ela sorriu.
- Meu filho, onde você achou essa mulher? - Micael também abriu um sorriso e eu fiquei vermelha.
- O destino me deu muito mais do que eu merecia. - Me olhava abobalhado.
- Vocês estão me deixando sem graça. - Ri e olhei minha filha.
- Ih, tá fazendo charme. - Alycia falou e riu sapeca com as cosquinhas que fiz nela.
- Ah sua danadinha. - Se divertia.
- Para mamãe. - Falou entre risos e então eu parei. - Quando levantei a cabeça percebi que eles ainda me olhavam.
- Ih.- Falei com vergonha - Vamos ver a Bruna?! - Mudei o foco.
- Será que ela está acordada? - Matheus falou.
- Quando eu sai tinha mandado ela dormir, não sei se dormiu. - Dei de ombros. - Podemos ficar no quarto com ela, uma hora ela vai acordar.
- Vamos sim. - Antônia falou e andou na frente, nós a seguimos. Entramos no quarto e ela ainda estava acordada.
- Oi pessoal. - Ela sorriu fraco.
- Pensei que estivesse dormindo. - Falei e coloquei Alycia no chão, ela estava cada dia mais pesada.
- Não consegui, só pensando no que vai ser da vida agora. - Ela deu de ombros.
- Vocês vão lá pra casa assim que você receber alta. - Micael falou e ela levantou os olhos.
- Vamos? - Olhou pra mãe que assentiu.
- Me desculpa mãe. - Falou com os olhos cheios de lagrimas. Antônia se aproximou e pegou a mão dela com cuidado.
- Nada disso é culpa sua meu amor. - Ela deu um beijo na mão da menina.
- É sim, se eu tivesse falado o que ele estava fazendo não teria chegado a isso tudo. - Ela disse entre soluços.
- Nem você, nem Matheus sabiam se ele ia realmente cumprir as ameaças. - Ela estava contendo as lagrimas. - Nem Micael quando fugiu de casa por um motivo parecido. Se alguém tem culpa sou eu que não vi o que estava acontecendo na minha própria casa, debaixo do meu nariz.
- Vamos parar com a choradeira, senão até eu estarei chorando daqui a pouco. - Disse e eles riram. - Vocês vão pra pertinho de mim, pra eu poder cuidar de você e de você. - Disse colocando a mão na barriga dela que sorriu com carinho pra mim.
- Me desculpa também pelo jeito que eu tratei você ontem...- Ela ia continuar a falar, mas eu a interrompi.
- Não peça desculpas, você teve seu motivo. - Sorri novamente.
- Você não existe. - Falou rindo,
- Existe sim, é minha mamãe. - Alycia falou do baixo arrancando risada de todos ali. Um médico entrou na sala acompanhado de um enfermeiro e nós fizemos silêncio na hora.
- Ola, como está esse nossa paciente danadinha? - Brincou.
- Doida pra ir embora. - Bruna completou e ele riu.
- Tá chegando sua hora, vim te dar alta. - Levantou uma prancheta com papéis. - A enfermeira vai tirar seu soro e vocês podem leva-la. - Falou assinando e preenchendo algumas lacunas na folha. - Se sentir qualquer coisa você volta, seja uma tontura qualquer ou uma dor de cabeça forte. Entendido?
- Sim! - Respondeu animada, provavelmente por ir embora. Ela fez uma careta com a enfermeira puxando a intravenosa, mas logo se levantou pra irmos embora.
- Quero só ter paz. - Ela falou enquanto caminhávamos para o estacionamento, Ela estava apoiando-se no Matheus.
- Vai ter irmã, acabou. - Os dois pareciam estar bem mais leves agora que sabíamos de tudo.
- Mãe, vamos buscar as coisas de vocês lá agora. - Micael se virou pra nós pra falar.
- Mas já? - Ela se surpreendeu.
- Vocês não passam nem mais um dia debaixo do mesmo teto que aquele homem. - Falou determinado.
- Sophia, leva a Bruna lá pra casa e junto a Alycia, que eu vou com a minha mãe e o Matheus buscar as roupas e objetos pessoais deles, ok amor? - Perguntou e eu assenti com a cabeça, ainda bem que estavamos em carros separados, o pensamento me ocorreu rapidamente.
Então Matheus ajudou Bruna no banco de trás e Alycia na cadeirinha e eu fui dirigir, claro.
- Coloquem o cinto crianças. - Brinquei e coloquei o meu também. - Vamos pra casa.

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