Reviravolta - Capitulo 9

No caminho de volta eu me sentei em um banco que tinha ali perto do estacionamento. Tirei meu celular e fiquei ali olhando a tela inicial sem  saber o que fazer para encontra - lo.
Senti mãos taparem os meus olhos e me assustei, nem sabia que tinha ninguém ali sentado comigo.


- Quem é? - Coloquei a mão e pude sentir que eram mãos de homem. - Micael? - Perguntei quando ele não respondeu.
- Ah não vale, você nem errou! - Ela destapou e estava sorrindo, sentado ao meu lado.
- Não tem muito como errar né, nesse lugar eu nem conheço ninguém. - Eu ri
- É verdade, tinha esquecido disso... - O sorriso dele de repente se fechou. - Pensei que não viria hoje.
- Como não? Eu disse que viria. - Falei dando explicações. - Eu pensei que você que tinha sumido. - Foi minha vez de fazer cara de triste.
- Eu sai de manhã, mas fiquei por aqui. - Ele abaixou o olhar sem graça - Esperando para ver se você aparecia.
- A mesma coisa que eu - Corei.

Ficamos uns dois minutos de silencio... Um silencio constrangedor, que estava incomodando tanto a mim, quanto a ele, isso era visível. Eu não sabia o que dizer para quebrar aquele momento e pelo visto nem ele.

- Ér... isso é muito estranho né - Disse sem me encarar.
- Isso o que? - Me fiz de desentendida.
- Eu querendo ver você, você querendo me ver, a gente sem graça um com outro. - Ele respirou fundo - É tudo muito estranho.
Ri sem graça daquela situação - Pois é, muito estranho mesmo.
- É muito bom ter a sua amizade, ninguém nunca me ajudou antes... Obrigada Sophia! - Ele me abraçou e me deu um beijo na bochecha. Quando ele disse amizade, eu meio que desanimei, mas foi muito involuntário.
- Ér... de nada, muito bom ser sua amiga também. - Falei baixo. - Onde você está?
- No momento só aqui nesse banco! - Sorriu com simplicidade - Se não chover tá beleza.
- Credo, claro que não. - Disse indignada. - Já arrumei um lugar pra você ficar, e um curso para você fazer. Você daqui por diante só não vai ter uma vida digna se não quiser. - O encarei com esperança, ele por sua vez tinha um olhar de medo.
- Sophia eu não posso ir para um lugar que você arrumou. Olha imagino os outros dizendo que estou me aproveitando de você.
- Olha Micael, eu nunca tive vontade de ajudar ninguém, mas você é diferente, então por favor aceita, vai me fazer bem. - Sorri.
Ele respirou fundo e pareceu pensar por um instante que demorou uma eternidade para passar. - Tudo bem. Desde que você não me deixe sozinha nesse lugar ai - Me olhou nos olhos. - É o que? Um abrigo?
- Não Micael - Falei alto e rápido - É uma casa, meu pai tem vários imóveis.
- Sophia eu...
- Você nada! - Coloquei um indicador em sua boca. - Vai ficar na casa amarela, vai fazer o curso técnico e vai estagiar na empresa com o meu pai.
- Nossa que mandona. - Ele riu. - Sabe nem se eu quero. - Ele me olhou com expressão divertida.
- Olha ai já é com você. - Eu estava séria. - Como disse antes, te ajudei, você só fica nessa vida se quiser.
- Calma linda, eu vou fazer de tudo. Quero ser um homem. - Me deu um beijo na bochecha. - E mais uma vez obrigada por me ajudar.
- Eu já disse que não me custa nada. - Sorri com a mão onde ele tinha beijado. - Vamos conhecer sua casa?
- Vamos! - Falou animado. E nós entramos no carro.

Eu dirigia e ele olhava para a frente quieto, sem nem respirar as vezes parecia. E a medida que entravamos naquele bairro chique, que só tinha casarão e gente metida eu o via mais nervoso.

- A casa é por aqui? - Disse baixo.
- Sim, é mais ali na frente. - falei encorajadora.
- Aqui é um lugar de gente com grana. - Desabafou - Não posso ficar por aqui.
- Você não só pode, como deve. - Mas uma vez o encorajei assim que paramos na garagem. - Vamos, precisamos conversar!

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