Inevitável - Capitulo 107

- Olha o lado positivo, pelo menos ela não fingiu estar morta. - Ele riu com o nível da piada.
- Você tem um humor absurdo. - Ele negou com a cabeça.
- Melhor rir do que chorar. - Dei de ombros e então observei Sophia vindo com a neném. - Olha, o neném do papai. - Falei com a voz fina e a Sophia me entregou com um sorriso.

- Que caras são essas? - Ela alternou olhares entre nós dois.
- Tua irmã que não vale nada. - Falei como se fosse simples e ela me olhou feio.
- Micael. - Repreendeu. - O que aconteceu? - Ela perguntou pra Marlon que apenas deu de ombros.
- Sei lá né, ela saiu correndo, vai saber.
- Vocês estão exagerando. - Ela rolou os olhos. - Ela se arrependeu de tudo o que fez, merece uma segunda chance.
-  Nem vou responder, amor. - Eu comecei a brincar com Emily e ela sorriu pra mim. - Não quero mais brigar por causa dela.
- Relaxa Marlon, não vai ser nada demais. - Ele assentiu. - Gente, Jorge ainda não voltou com o Felipe? - Já estava começando a escurecer e nada deles aparecerem.
- Não, mas ele ligou. - Marlon disse desanimado. - Está na casa do Daniel, ali do lado.
- Quem é Daniel? - Sophia perguntou e eu ri.
- Tu mora aqui há meses e não conhece a vizinhança? - Dei um beijinho na ponta do nariz dela. - É um amigo do meu pai, ele mora umas casas pra esquerda. Tem uma neta da idade do Felipe, Isabela.
- E eu já disse que o Felipe vai pegar quando crescer. - Marlon riu e eu assenti.
- Ai, vocês são terríveis, as crianças tem cinco anos. - Ela brigou com a gente, mas apenas rimos. Ouvimos batidas na porta, mas ninguém levantou.
- Vai sobrar pra mim né? - Ela falou rindo e já levantando. - Deve ser é a Luiza.
- Até parece que ela vai voltar aqui hoje. - Marlon disse desanimado. Sophia foi até a porta e a abriu, fez questão de dizer "Luiza" bem alto e eu ri com a forma que Marlon se ajeitou na cadeira. Elas vieram até nós e eu nem encarei aquela mulher.
- Micael, será que a gente podia conversar? - Ela falou com uma voz suave, mas eu senti que ela tinha medo da minha provável grosseria.
- Não. - Eu falei ainda sem a olhar, preferi me concentrar na minha filha no meu colo.
- O que quer com ele? - Sophia falou antes de vir sentar ao meu lado, marcando seu território. Sorri com isso. Gostava que ela tivesse ciume, não que realmente precisasse.
- Vai surtar? - Ela perguntou a irmã. - Eu pensei que agora a gente se dava bem.
- Não custa nada saber. - Então eu levantei a cabeça ao ouvir a voz do Marlon. Quando eu olhei pra Luiza, ela parecia bem chateada.
- Será que ninguém pode confiar em mim por cinco minutos? - Ela tinha a voz de quem ia começar a chorar. Sophia suspirou e Marlon não respondeu.
- Fala, Luiza. - Antes que ela começasse a chorar né. - O que quer comigo?
- Queria mais uma vez, pedir desculpas pra você por tudo que te fiz passar. - Eu rolei os olhos, ela mexeu na bolsa e pegou um pedaço de papel, finalmente me surpreendendo. - Eu sai daqui mais cedo e fui em casa, precisava procurar isso, sempre foi seu, eu precisava te devolver.
- O que é isso? - Ela se aproximou e me entregou o papel, todos olhavam curiosos e eu arregalei os olhos quando percebi que ela estava me devolvendo o cheque que eu dei a ela. - Por que está me dando isso?
- Porque agora você e a sua familia não tem casa por causa de mim, na hora eu achei que estava fazendo a coisa certa, mas eu sinceramente, vejo hoje que essa princesa precisa crescer longe de toda a confusão que eu causei.
- Luiza, isso não vai fazer ninguém te perdoar pelas inúmeras coisas horríveis que você fez. - Disse forçando a grosseria e nem era o que eu estava sentindo agora.
- Eu não fiz por isso. - Deu de ombros. - Eu quero tentar redimir meus erros, mas não tem muito o que eu fazer em relação ao Felipe e em ter fingido que morri, mas você e a Sophia podem criar os dois numa casa de vocês.
- Acho que nunca na vida esperaria uma coisa dessas de você. - Eu a encarei. - Tá armando o quê?
- Nada, meu Deus. Eu estou arrependida, eu sei que é difícil acreditar, mas estou. Sei que vamos ter muito estresse com o que vem por ai, sei que a culpa foi minha, mas infelizmente não posso voltar no tempo. - Ela estava com os olhos cheios de lagrimas. - Bom, vou embora. Espero que eu possa visitar meu filho na casa nova de vez em quando. - Ela apenas se virou pra porta e eu olhei Marlon parado no mesmo lugar.
- Você não vai atrás dela? - Perguntei com a voz urgente, ele não se mexeu, parecia atordoado. Antes que ela saísse, a porta se abriu e meu pai passou por ela com Felipe.
- Mamãe. - Ele disse feliz. Era incrível como tinham se aproximado de uns tempos pra cá. - Tá chorando por quê?
- Oi, filho! - Passou a mão no rosto. - Não é nada, não. - Ela deu um beijo em sua bochecha. - Mamãe já estava indo embora.
- Na verdade a gente estava indo comprar uma pizza. - Marlon enfim levantou e foi até ela, passando um braço pela sua cintura.
- Oba! - Ele disse e eu ri. - Deixa eu ir também?!
- Teu pai que tem que deixar! - Ela falou agora um pouco mais feliz, já que Marlon estava ali.
- Acho que eles querem conversar, Felipe. - Eu disse sem saber muito bem o que eles queriam.
- Que nada, vamos lá garotão; - Marlon o colocou na carcunda e os três saíram de casa.

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