Inevitável - Capitulo 99

- Ué, pensei que era sem briga, Micael! - Marlon debochou do canto.
- Cala a boca, Marlon. - Ele disse com raiva. - Continua. - Lucas estava com a mão no queixo e um sorriso no rosto. Se divertindo, claramente.

- Olha, eu acreditei que você não ia querer saber. - Ele riu. - Aquele acidente, foi a desculpa perfeita. Não que eu tenha contratado alguém pra bater no carro de vocês, até porque acho que seria muito difícil achar alguém disposto a morrer, mas quando vocês chegaram no hospital, Luiza estava acordada e então eu dei a brilhante ideia dela se passar por morta e ir embora comigo.

Micael estava de boca aberta, eu olhei pra Luiza e ela tinha a cabeça baixa, eu realmente não sabia o que fazer. Eu sabia que cada palavra dele, magoava ainda mais o Micael, que tinha essa ferida, toda vez que estava cicatrizando, alguém voltava e colocava o dedo.

- Ela obviamente topou. Armei tudo, inventei pra familia dela que a cerimonia teria que ser de caixão fechado, dei um jeito dela sair do hospital e logo depois pedi demissão.
- Por quê? - Sua voz era baixa e calma, a qualquer momento ele ia explodir.
- Porque nós nos amávamos e tinha você atrapalhando. - Ele conseguiu falar de forma tão cruel que o Micael precisou de tempo pra raciocinar. - Eu sei que eramos amigos e tudo, mas você realmente acha que eu passava aquele tempo todo na sua casa por causa de você? - Ele arqueou uma sobrancelha e riu. Micael não respondeu, parecia estar juntando as evidencias.
- Por que você voltou agora? - Marlon perguntou no canto.
- Porque ela é minha mulher e vai embora comigo. - Ele respondeu sério.
- Ela é minha namorada e vai ficar aqui. - Eu sorri com a resposta dele, mas Lucas negou com a cabeça.
- Você sabe que quando vocês começaram a namorar ela tava na minha cama, dia sim e dia não né? - Aquele homem era horrível, ele falava cada palavra com satisfação.
- Vai embora daqui! - Eu levantei e o encarei. - SOME.
- Que bonitinha, achando que manda em alguma coisa. - Como eu estava próxima, ele levantou um dedo e passou na minha bochecha.
- Não encosta em mim, seu nojento. - Micael estava abalado demais pra falar alguma coisa, esse homem precisava sair daqui.
- Que isso gracinha. - Ele riu.
- Sai! - Eu praticamente gritei, então Jorge apareceu.
- O que está acontecendo? - Disse bravo olhando pros filhos. Nenhum dos dois respondeu.
- Esse homem não quer sair daqui, eu vou ligar pra policia. - Respondi e ele me olhou sem entender.
- Ele não é amigo do Micael?
- Não se preocupem, eu já estou indo, acho que vocês tem muito o que conversar. - Olhou pra Luiza. - Beijos amor, depois a gente se fala. - Ele caminhou pra porta tão seguro de si, mas antes de sair se virou e despejou pra Micael a pior coisa que ele poderia falar. - Ah, tenho uma noticia pra você sobre o Felipe... - Micael se levantou na hora. - Ele é meu filho. - Eu vi Micael sair correndo atrás dele, mas ele bateu a porta e tomou a dianteira, quando Micael chegou, ele já estava dentro do carro. Ele se sentou no quintal e eu tinha certeza que estava chorando. Amava Felipe mais que qualquer coisa.
Ali na sala ninguém falava nada, só se ouvia o soluço de Luiza e as nossas respirações, ficamos assim por um bom tempo, até Micael voltar. Ele estava confuso, andava de um lado para o outro e eu sabia que tinha muita coisa pra falar.
- Como você pôde? - Começou e Luiza não conseguiu responder. - Como você pôde? - Ele gritou.
- Micael, as crianças! - Eu o repreendi e ele respirou fundo.
- Responde, Luiza! - Ainda estava bravo, mas seu tom de voz era mais baixo.
- Aconteceu, Micael. Não foi nada premeditado. - Ela conseguiu responder.
- Ah, ainda bem que não foi. - Ele debochou. - Pelo amor de Deus, você estava transando com um dos meus melhores amigos. Na minha casa, na minha cama. - Lagrimas escorriam por seu rosto, eu só queria abraça-lo, mas sabia que com toda raiva que ele estava sentido, ele me rejeitaria.
- Ele me seduziu, eu era jovem e imatura Micael. Nunca tinha estado com outro homem alem de você. - Tentou se justificar, mas parecia que ele só estava ficando com mais raiva.
- Nem eu Luiza, isso não justifica nada, porque eu sempre te respeitei. Eu estava no meu trabalho ansioso pra chegar em casa e ver você, e você estava fodendo com meu amigo, porra! - Emily começou a chorar depois desse grito de Micael. Eu olhei para Jorge que assentiu e foi ficar com ela sem nem eu precisar falar.  - O que mais me deixa com raiva é que você engravidou e disse que era meu, eu fiquei feliz, eu amei nosso filho todos esses anos, pra agora um desgraçado dizer que é filho dele. Como você pode ter certeza?  - Arqueou uma sobrancelha.
- Eu só tenho! - Não tinha coragem de encara-lo.
- Você não tem nada, Felipe é meu filho, eu que fiquei com ele esse tempo todo. Eu e a Sophia. Porque você é um fracasso como esposa e como mãe, e por incrível que pareça, como namorada também. - Ele apontou pro Marlon no canto da sala, mudo e com o olhar distante. - Você não vale nada.
- Micael, você está pegando pesado. - Tentei defender, queria que aquilo acabasse logo.
- Ah, eu tô pegando pesado? - Ele riu. - Ela me traiu por mais de um ano antes de resolver fugir com o amante, deixando pra trás o filho que é deles dois pro otário aqui cuidar. Apareceu e infernizou a nossa vida, não sei pra quê, e eu que to pegando pesado?
- Eu sei que você está com raiva, mas... - Tentei apaziguar mais uma vez.
- Raiva? Eu tô com vontade de matar, raiva deve estar o Marlon. - Respirou fundo.

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