Depois do Para Sempre - Capitulo 51

 - Eu claramente exagerei no vinho ontem. – Sophia resmungou na cama. Estava deitada sobre o peitoral de Micael e sabia que ele estava acordado, pois fazia carinho em seus cabelos. – Estou com dor de cabeça.

- Você bebeu o quê? Quatro taças? Acho que nem isso tudo. – Deu uma risadinha. – Completamente fraca pra bebidas.

- Pelo menos sobre isso eu nunca menti. – Bufou. – Mas pelo menos a noite foi boa.

- E a noite é ruim sem álcool?

- Você sabe que as coisas são bem diferentes. – Sorriu de lado, ainda não tinha se mexido pra levantar. – Tudo fica mais leve, eu sei que você gosta também.

- Você fica dez vezes mais safada, eu gosto sim. – Sorriu.

- Viu só, outro sem vergonha. – Os dois riram. – E qual o cronograma do dia de hoje? Não quero fazer nada, só ficar deitada aqui com você.

- Até parece, daqui a pouco Mirella aparece aqui com o José. – Balançou a cabeça, achava graça do nome que a menina tinha dado ao unicórnio de pelúcia com que ela dormia.

- E a culpa é sua, você que quis filhos. – Brincou. – Você que lute.

- Você disse ontem que devíamos ter outro filho. – Ela levantou a cabeça e o encarou como se não lembrasse. – Não me olha com essa cara, as palavras saíram da sua boca.

- Bêbada? Você não devia nem levar em consideração. – Se sentou na cama. – Não lembro nem de ter dito isso.

- Você não parecia desmemoriada agora pouco. – Cruzou os braços. – Ficou rapidinho né?!

- Nós vamos entrar em guerra de novo por causa de algo que eu disse bêbada? – Seguia sustentando a expressão de seriedade. – Você quis um filho e nós temos um filho, você não vai me obrigar a ter outro, vai?

- Eu te obriguei? – Arregalou os olhos. – Larga de ser cara de pau. Não te obriguei a nada.

- Chantagem emocional, você saiu de casa, claramente me obrigou. – Micael estava realmente ficando irritado logo cedo. – Ou vai me expulsar de novo?

- Para de falar besteira, a gente ficou bem tem dois dias. – Respirou fundo e desfez a careta. – Eu não vou te obrigar a nada, se é o que importa. Eu só comentei o que você disse.

- Eu disse e você ficou todo animadinho né? – Deixou escapar um sorrisinho. – Deve até ter sonhado com isso.

- Deixa de ser besta. – Sorriu também. – Eu nem dei ideia pra você quando disse isso, eu sabia que era mais o vinho do que você falando.

- Sei... – Voltou a encarar o marido. – Mas o que você pensa da ideia?

- Está realmente me perguntando isso? – Debochou. – É melhor a gente deixar esse assunto pra lá, vamos acabar brigando.

- Eu lembro muito bem de quando eu disse. – Confessou e Micael se surpreendeu. – Não foi do nada, eu estive pensando sobre o assunto.

- Esteve?

- A tarde brincando com a Mirella, depois fiquei um tempo vendo ela dormir... Fiquei pensando que talvez fosse legal ela ter um irmão.

- Sophia, para de palhaçada. – Bufou. – Tem coisas que não é pra brincar.

- Não estou brincando. – Rolou os olhos. – É tão surreal assim eu pensar em ter um filho?

- Claro que é. – Disse como se fosse obvio. – Você odiou estar grávida, você odiou o parto, você odiou amamentar... Não pode estar pensando em passar por isso tudo de novo por livre e espontânea vontade. – Sophia deu risada.

- Tem razão, eu passei meses reclamando de tudo, mas eu estava sentindo dor, poxa. – Fez um bico. – Eu estava irritada por não querer estar grávida, não me abri pra oportunidade de curtir as coisas.

- Você não curtiu nada, Sophia. – Rolou os olhos. – Nem quando a bebê nasceu.

- Ok, eu estou concordando com isso, eu não estava pronta pra isso, claramente fiz pra você não ir embora de casa. – Micael deu risada e Sophia lhe deu tapinhas. – Não ri não, chantagista.

- Você mentiu pra mim na cara de pau, ai eu fui embora e o errado sou eu? – Bateu palmas. – Você está de parabéns.

- Larga de ser idiota. – Riu. – Vamos pensar sobre o assunto, quem sabe mais pra frente.

- Eu já me vejo com setenta anos esperando esse seu mais pra frente. – Implicou. – Você me enrola fácil demais.

- A ideia foi minha, como que estou te enrolando?

- Você deu a ideia, ai eu me permito ficar animado, faço vários planos e você desiste. O golpe tai, cai quem quer. Por que será que eu sempre escolho cair?

- Eu não vou nem te responder mais. – Olhou pra porta. – Ela já devia estar aqui reclamando de fome, não é possível que um macarrão instantâneo sustenta ela esse tempo todo. – Micael parou e pensou um pouco naquela frase.

- Você está me zoando. – Rangeu os dentes e Sophia novamente prendeu a risada. – Você não deu miojo pra minha filha não.

- Ué, dei. – Seguia séria. – Comprei quando estava voltando da casa de Lua, a menina tem que conhecer as coisas boas da vida.

- Aquilo é sódio puro, não é bom pra ninguém. Cheio de comida na geladeira e você fez um miojo, eu ainda sigo sem acreditar nesse absurdo.

- Mas que drama. – Rolou os olhos. – Ninguém morre por comer miojo uma vez na vida. Você devia abrir um pouco a mente. Próximo passo é dar a ela lasanha pronta.

- Sophia, pelo amor de Deus. – Ela se divertia. – Conservante puro. Melhor chamar a babá do que deixar ela com você né.

- Ei, eu sou mãe dela, tenho tanta autoridade quanto você. – Cruzou os braços.

- Quer ter outro filho pra dar miojo de janta pra ele? – Ela até que ficou com uma pontada de raiva então parou de brincar.

- Não gostei do tom. – O olhou sério, agora de verdade. – Eu estava só implicando com você, não dei miojo a ela e mesmo se tivesse dado, não precisava desse escândalo todo.

- Virou brincadeira do nada, não pareceu brincadeira. – Um tinha o bico maior que o outro.

- Ela é uma criança. – Saiu da cama. – Uma vez ou outra tem que ser feliz comendo uns doces, comendo umas porcarias. Não vai impedir isso pra sempre. Vou escovar meus dentes. – Caminhou até o banheiro que tinha ali mesmo no quarto e Micael ficou na cama, pensativo.

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