Depois do Para Sempre - Capitulo 52

- Me desculpa vai... – Ele entrou no banheiro depois de um tempo. Sophia tinha deixado a porta aberta. Já tinha tomado banho, estava enrolada numa toalha penteando os cabelos. – Eu exagerei no drama.

- Milagre divino você perceber isso.

- Também não força, comidas prontas fazem mal. – Deu de ombros. – Você sempre soube que eu penso isso, não é nenhuma novidade.

- Mas precisava daquilo tudo. -  Apontou pra porta com a escova. – Você age como se a menina fosse só sua filha. Um drama sem fim.

- Eu já pedi desculpas. – Se aproximou e abraçou a esposa por trás. – Acabamos de ficar bem, por favor, não vamos brigar.

- Tudo bem, não vamos brigar. – Sorriu pra ele pelo espelho. – Eu estou cansada de tanta briga, parece que a gente só sabe fazer isso...

- Ah, a gente tem uns pensamentos bem diferentes sobre o certo e o errado. – Deu de ombros e se afastou pra pegar a escova de dentes. – Deve ser normal brigar tanto nesses casos.

- Normal? – Se virou e escorou na pia, encarou o marido. – Lua disse que a gente só sabe fazer duas coisas, uma delas é brigar e a outra é sexo. – Ele deu uma gargalhada. – É tão engraçado assim?

- Não deixa de ser uma verdade, são as duas coisas que a gente faz de melhor. – Continuou rindo.

- Está muito bem humorado pra quem estrava estressado minutos atrás.

- Prefere que eu esteja irritado? – Ergueu uma sobrancelha. – Porque eu prefiro assim, tudo de boa, muito amor e carinho. – Começou a dar beijos no pescoço de Sophia e ela se arrepiou, logo se esquivou... – Que foi?

- Primeiro de tudo, eu estou pelada aqui, isso é perigoso. – Apertou um pouco mais a toalha. – Segundo que você nem os dentes escovou. – Ele rolou os olhos. – E terceiro...

- Ainda tem terceiro? – Interrompeu a loira.

- Terceiro e mais importante de tudo, Mirella vai acordar e chamar a gente. – Piscou. – Eu odeio ser interrompida, então, só lamento por você.

- Me esnoba mesmo, vai lá. – Se virou pra frente e pegou a escova com pasta. – Depois vai querer meu corpo e eu não vou deixar você usar.

- Eu duvido. – Deu risada e deixou Micael resmungando no banheiro.

Vestiu sua roupa calmamente e quando saiu encontrou a menininha deitada no sofá, a televisão estava ligada no canal que ela já tinha decorado o botão que devia apertar. Sorriu ao ver a mãe, que se abaixou de frente a ela.

- Eu achei que a mocinha estivesse dormindo ainda. – A menininha ainda sonolenta balançou a cabeça negativamente. – Vamos lá escovar os dentinhos e tomar um banho pra acordar, ai o papai vai fazer um café da manhã bem gostoso pra gente.

- Eu não quero tomar banho não. – Cruzou os braços. A menina acordava mal humorada que nem Sophia. – Quero ficar aqui.

- Mas tem que se lavar, tem que pentear o cabelo. – Continuou falando. – Além de ser linda, tem que ser cheirosa.

- Tá bom. – Disse ainda contrariada, levantou do sofá e foi batendo pé para o banheiro.

- Meu amor, o que você acha de ter um irmão? – Sophia perguntou enquanto dava banho na menina, que arregalou os olhos. Sophia até achou que era uma reação positiva, mas em seguida, ainda sem falar nada, ela começou a chorar. – Ei, Mirella!

- Eu não quero dividir o meu papai com ninguém. – Disse brava. Sophia achou graça, mas prendeu o riso.

- E você não gostaria de ter uma companhia pra brincar durante o dia não?

- Não! – Disse birrenta e Sophia deixou o assunto morrer ali. Tirou a menina do banho e a secou pra vestir. Logo as duas estavam de volta a sala. Micael já tinha comprado pão e preparava o café. – Bom dia, papai. – A menina gritou, com a voz bem mais simpática.

- Essa menina tem a minha personalidade quando acorda. – O moreno deu risada e observou a loira se sentando no balcão a frente. – Um mau humor que só Jesus na causa, como você aguenta isso de mim há tanto tempo?

- Chega uma hora que acostuma. – Deu de ombros. – Mas eu achei o bom dia dela muito simpático.

- Pra mim não foi nem um pouco. – Fez uma careta. – E eu perguntei se ela queria um irmão, sabe o que ela respondeu? – Ele a olhou curioso. – Que não, porque ela não quer dividir o papai dela com ninguém, olha a petulância. – Ele soltou uma gargalhada.

- Que isso, está com ciúme? – Achou graça. – Você vive viajando, Sophia, se ela tivesse preocupada em não dividir você, eu estaria revoltado. Afinal, ela já divide com meio mundo.

- Tá legal, eu já entendi. – Bufou. – Deixa meu filho nascer que vocês vão ver só quem vai ser a preferida dessa casa. – Disse em tom de brincadeira e fez Micael rir novamente.

- Você já está disputando preferência comigo de uma criança que ainda nem decidimos ter ou não? – Ergueu uma sobrancelha. – Muito maduro da sua parte. – Ela mandou língua e ele voltou a rir. – Vamos a praça juntos hoje, levar a Mi?

- Vamos, agora eu sou uma dona de casa sustentada pelo marido. – Deu de ombros. – Você que lute.

- Você sempre foi, eu sempre paguei tudo. – Colocou café nas xicaras.

- Joga na cara mesmo. – Ficou de pé e começou a levar as coisas pra mesa. – Muito bem.

- Você trabalhou esses anos todos pra gastar o dinheiro com a multa que a Beth vai meter nas suas costas. – Ele dava risada, realmente estava bem humorado. – Ela vai meter a mão.

- Eu sei que vai, já estou preparada pra isso.

- Você sabe que se precisar de ajuda, pode falar comigo né?

- Será que vem tão alta assim? – Arregalou os olhos. – Ninguém merece. – E ouviram o som do telefone de Sophia ecoar, ela foi até o quarto correndo pra buscar, era Beth.

- Oi, Soph, tudo bem? – Disse extremamente simpática. – Precisamos conversar.