Reviravolta - Capitulo 10

A nossa tarde foi maravilhosa, eu amei a reação dele a cada pedacinho da casa que eu mostrava. Estava feliz e era possivel ver isso. Terminamos na sala, deitados no chão.
- Tô com fome. - Falei em um tempo que ficamos em silencio.
- Pior que eu também, tem comida aqui? - Ele perguntou coçando a cabeça.

-  Claro que sim, você acha que eu te deixaria passar fome, vamos ver o que vamos fazer. - Me levantei e dei a mão para ajuda-lo, mas ele me puxou para baixo, me fazendo cair em cima dele. Ficamos naquela posição e nós olhando nos olhos, estava rolando um clima absurdo e eu estava com muita vontade de beijar-lo, mas não o fiz. Apenas virei o rosto e me levantei sem graça. - Vamos logo, tô morrendo de fome.

Sai em disparada para a cozinha sem nem olhar para trás, mas sabia que ele também viria. Eu sentia minhas bochechas queimarem e sabia que a essa hora teria uma concentração de sangue ali.

- Ei, não precisa fugir de mim não, nem ficar com vergonha... Eu te puxei para brincar com você. - Ele se explicou e eu continuei de costas.
- Tudo bem, só estou procurando o que comer - Disse enquanto abria os armario escolhendo a comida.
- Então olha para mim. - Eu respirei fundo e virei com um saco de pipoca nas mãos
- Que tal pipoca? - Sorri.
- Você fica linda sem graça! - Ele passou a mão no meu rosto e então assentiu. - Pipoca.

Preparamos a pipoca entre brincadeiras e risos. Era tão bom estar com ele que me surpreendia. E eu com certeza não queria ir embora nunca. Nossa pipoca estourou e nos voltamos para a sala, a televisão estava ligada e nenhum dos dois assistia ao que estava passando.

- Me conta um pouco de você. - Pedi pondo um pouco de pipoca na boca.
- Já te disse, não tem mais nada para dizer.
- Eu não sei nada sobre você, e você já sabe sua vida toda. - Fiz biquinho.
- Sophia, saber que você foi traída e que não se da muito bem com seus pais não significa que sei tudo da sua vida. - Levantou uma sobrancelha.
- Ah sabe mais que eu de você. Me conta mais um pouco vai. - Fiz dengo.
Ele respirou fundo - Eu vivia feliz, com a minha mãe e o meu pai, até que o meu pai faleceu. Eu tinha quatro anos e sofri muito por ser apegada demais a ele. Quando estava para completar cinco anos minha mãe se casou novamente e o meu padrasto me odiava. Ele tratava a minha mãe super bem, mas a mim ele não suportava, então me batia e ameaçava sempre que podia. Fiz seis anos e sem aguentar mais aquilo eu fugi de casa, desde então eu nunca mais vi a minha mãe e nem ninguém da minha familia. Aprendi a me virar sozinho, de uma forma ou de outra. Vivi por muito tempo num orfanato, e lá que eu fui a escola e pude me formar pelo menos no segundo grau. Mas quando fiz dezoito anos, e sai do exercito eu não tinha mais onde ficar e nem emprego, então eu voltei para rua outra vez. Não é fácil achar um emprego hoje em dia, então eu me viro como dá. - No final ele deu de ombros.
- Mas que historia... - Eu não tinha palavras.
- Nunca contei para ninguém, sempre disse que não tinha familia, você é a primeira pessoa que sabe disso. - Me olhou nos olhos.
- Obrigada por confiar em mim. - Dessa vez não desviei o olhar.
- Obrigado você por fazer isso tudo por mim. Ninguém nunca me ajudou.
- Para, eu só fiz o que meu coração mandou. - Sorri para ele.
- Posso fazer o que o meu está mandando? - Não tirava os olhos dos meus.
- Pode...

E então ele se aproximou e me beijou. Foi um beijo diferente de todos os que eu já recebi na vida. Foi um beijo calma, um beijo aproveitando cada momento um do outro. Um beijo com sentimento, foi carinhoso. Nós ainda estávamos deitados no chão, o que não atrapalhou em nada o nosso momento.
É talvez eu fosse louca mesma, mas eu estava completamente apaixonada por aquele homem.

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