Inevitável - Capitulo 120

Comecei a catar minhas roupas pra vestir, mas tive tempo de ver Micael puxando Emily e a balançando demais. Eu sabia que ela ia golfar, mas não adiantava avisar, Micael sempre fazia aquilo.
- Ela acabou de mamar, não a balança assim. - Repreendi mesmo sabendo que seria inútil.

- Relaxa, linda. - Ele disse rindo ainda brincando com ela. Abaixei pra pegar minha camisa e então ouvi seu grito de nojo.
- Bem feito! - Disse rindo e ele colocou nossa filha na cama e saiu correndo pra tomar banho. - Que feio amor. - Falei com ela e ela ria pra mim. - Mas papai mereceu.
- Eu tô ouvindo, Sophia! - Gritou do banheiro.
- Tem que ouvir mesmo, eu já avisei um monte de vezes. - Gritei de volta ainda rindo. Terminei de me vestir e me deitei com a bebê mais linda e fiquei brincando com ela. Micael saiu alguns minutos depois, ainda com cara de nojo.
- O cheiro desse troço não sai! - Resmungou e se jogou na cama.
- Já te falei um milhão de vezes, tinha que acontecer pra você parar de balançar a neném quando ela toma leitinho. - Falei a última frase com voz de neném pra minha filha que ria.
- Agora entendi que não pode. - Disse de olhos fechados.
- Para de drama. - Emily estava sentada apoiada em mim, mas ficava se jogando pra frente pra alcançar o pai. - Papai, deixa de ser ruim e vem pra perto de mim! - Falei novamente com a voz fina e ele abriu o olho e ficou rindo.
- Eu não, você é um monstrinho. - Continuou rindo, mas puxou a filha pra perto dele. - Temos que buscar o Felipe.
- Ah, deixa ele lá, eu pego ele amanhã, ou você pega né, quando sair do trabalho.
- Sophia, amanhã é domingo. - Ele riu. 
- Melhor ainda! - Eu me aproximei e dei um beijo nele, nossa filha resmungou. - Ah, tem que ser um neném bonzinho. 
- Ela vai ser terrível, isso sim. - Ele gargalhou. E ouvimos o telefone dele tocar novamente. Eu fechei a cara na hora enquanto ele atendia aquela mulher. - Oi, Cris. - Mandou um beijo pra mim. - Não, não posso ir amanhã não, amanhã é domingo. - Sua voz era calma. - Eu sei que já fui outras vezes, mas eu tenho que passar um tempo com a minha familia. - Olhou pra mim de novo, mas eu continuava de cara fechada. - Olha, depois a gente conversa, preciso desligar. Tchau, beijos. - Ele desligou o telefone e eu logo vi que aquilo não ia dar certo.
- Conversa depois por quê? Por que não vou estar perto pra ouvir? - Já disse emburrada. 
- Conversa depois porque eu não tô afim de papo com ela agora, estou aqui com você, curtindo a minha familia. - Emily bateu as mãozinhas no rosto dele. 
- Micael, isso não vai dar certo. - Eu não queria mais briga, mas eu sou ciumenta demais. 
- Sophia, nada aconteceu, mulher. - Rolou os olhos. 
-  Eu não suporto essa mulher te ligando, se essa vagabunda é uma medica, deveria falar apenas nas sessões, dai você foi e deu seu celular pra ela e ainda salvou o numero dela como "Cris" - Falei com o maior nojo que podia.
- Nada demais. - Deu de ombros.
- Tá então. - Foi apenas o que eu disse e peguei o meu celular, levantando da cama eu escrevia uma mensagem pra Lua: Me arruma o endereço do consultório da piranha. 
- Sophia, o que está fazendo? - Sua voz era alarmada.
- Olha só, se você não quer largar essa mulher, alguma coisa tem. - Eu praticamente gritei. - Então eu vou conversar com ela. 
- Você não é louca. - Ele riu. 
- Oi? Cansei de você ai achando que manda em alguma coisa. - Ele arregalou os olhos, mas ficou mudo. - Eu sou sua mulher e se não estou confortável com uma situação, você deveria me escutar e resolver nosso problema, não simplesmente achar que eu tenho que aceitar qualquer coisa que você impor pra mim. 
- Sophia, não estou te impondo nada. - Se sentou com nossa bebê no colo.
- Está, assim como você não gostaria que tivesse um homem me ligando e eu chamasse ele de Dani, ou de Rô, ou Gui. Não importa, isso é uma intimidade nojenta e você devia estar se importando com o fato de eu não gostar. 
- Sophia, acabamos de ficar bem, por favor... 
- Micael, não vamos ficar bem enquanto você não acabar com isso. - Ele respirou fundo. - Sabe o que vai acontecer?
- Hã, o que vai acontecer? Você vai ficar boladinha toda vez que meu telefone tocar? - Debochou.
- Não, eu vou começar a deixar de me importar, vou arrumar um homem bem bonito pra eu conversar, ai a gente vai começar a brigar muito, até chegar no ponto em que não vamos mais ligar, ai Micael, eu vou embora de casa e você, com toda certeza vai se arrepender de tudo o que está fazendo agora. - Ele não tinha palavras, eu peguei minha filha do colo dele, meu celular e as chaves do carro de cima da mesa.
- Onde você vai? - Ele disse alto, me seguindo pra entrada da casa. 
- Não se preocupa que eu não vou atrás da sua amiga não. - Falei enquanto prendia minha filha na cadeirinha.
- Sophia, para por favor. 
- Micael, se você não me respeita, você não merece respeito. - Falei olhando bem nos olhos dele. - E não vou brigar com ninguém por você, eu já fiz muito isso na minha vida, chega uma hora que cansa. Talvez você tenha razão, nós nem somos casados né? - Entrei no carro e dei partida ser nem ouvir o que ele tinha pra dizer. 
Dirigi por muito tempo até decidir ir pra casa dos meus pais, eu pensei em ir pra casa de Jorge, mas tenho certeza que Micael apareceria lá, mesmo eu estando com o carro. Aqui seria a ultima opção, de certa forma. Sai e desamarrei minha filha, eu não tinha trazido nada pra ela, e já estava começando a me arrepender. Entrei na casa e minha mãe pareceu surpresa. 
- Sophia, o que faz aqui? - Perguntou vindo ao meu encontro.

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