Amor Demais - Capítulo 91

Ele olhou pra mim e estendeu o celular. – Ricardo te ligou, você deveria retornar. – Eu assenti e peguei o celular, sorri pra Jéssica antes de me retirar do quarto.

Respirei fundo antes de retornar para Ricardo, com tanta coisa acontecendo eu realmente nem me lembrava do que ele ia querer. Atendeu no segundo toque.

- Sophia, finalmente! – Disse com a voz alterada.

- Oi, Ricardo. – Suspirei. – Micael disse que me ligou.

- Claro né Sophia, temos um comercial marcado pra amanhã, você por um acaso se lembra? – Disse irritado.

- Ricardo é amanhã a campanha, por que todo esse desespero? – Eu disse cínica, afinal eu lembrava da campanha, não desse maldito comercial.

- Sophia, eu não estava conseguindo confirmar com você. Olha a hora. Você sabe que está marcado para as oito da manhã né? – Eu respirei fundo

- Ricardo, tive um problema com o meu pai. Ele está doente e tive que vir ao hospital. Estou há tanto tempo fora de casa que meu celular descarregou. Fora que cheguei de viagem hoje.

- Sinto muito pelo seu pai, mas não podemos desmarcar o comercial, Soph. É importante. – Sua voz agora estava calma, porem continuava urgente.

- Tá bom, me manda o endereço pelo whatsapp que estarei lá amanhã. Vou voltar pro quarto do meu pai agora! – Disse e já ia desligar na cara dele.

- Durma, não quero você aqui com cara de morta. – Falou e eu bufei antes de dizer um "tchau" baixo e desligar. Respirei fundo algumas vezes antes de entrar no quarto novamente. Eu tinha realmente esquecido dessa droga. Dificil conseguir um segundo de paz.

- Micael, vou voltar pro quarto do meu pai. – Eu disse atraindo os olhares pra mim.

- Aconteceu alguma coisa? Você não parece bem! – Seu olhar estava preocupado.

- Ricardo estava me cobrando um comercial amanhã. – Rolei os olhos.

- Você disse que não tinha nenhum compromisso amanhã. – Franziu a testa e eu dei de ombros.

- Esqueci completamente. – Estava cansada dessas confusões na minha vida. – Vou dizer ao meu pai que vou embora. Se eu chegar lá sem dormir ele vai me matar!

- Quer que eu te leve? – Ofereceu espontaneamente, mas eu olhei pra Jéssica.

- Faz companhia pra ela, ela tá precisando. – Dei de ombros. – Além do que vou lá pra minha casa! – Ele assentiu.

- Até amanhã. – Mandei um beijo pra ele, sorri pra Jéssica e ignorei a mãe dela. Fui pro quarto do meu pai avisar que ia embora, o encontrei dormindo.

- Mãe, estou indo. – Sentei ao lado dela no pequeno sofá.

- Ué, por quê? – Perguntou espantada.

- Tenho um comercial amanhã de manhã. – Rolei os olhos. – Eu volto depois que gravar. – Me deu um beijo no rosto e eu sai de fininho do quarto.

Chamei um Uber que não demorou a chegar e eu finalmente pude ir pra casa. Mandei uma mensagem pra Lua no caminho e ela disse que estava com Laura no apartamento dela, e que minha filha já dormia. Decidi não atrapalhar.

Subi para meu apartamento, tomei um banho e cai na cama, já eram quase três da manhã e eu acordaria as sete. Cai na cama e não demorei muito a dormir.

O barulho do despertador infelizmente me acordou de manhã, a claridade ofuscou meus olhos e tive que piscar algumas vezes para me acostumar. Me espreguicei e enfim me levantei, não tinha muito tempo para me arrumar, fui direto para o banho, sem enrolar.

Sai do banho, vesti uma roupa simples, peguei minha bolsa, uma maçã e enfim sai de casa. Eram sete e meia, teria que correr pra chegar á tempo, mas mesmo assim, parei na casa da Lua pra ver se Laura precisava de alguma coisa.

- Você me acordou, sabia? – Lua descabelada atendeu a porta.

- Só queria saber se a Laura precisa de alguma coisa!! – Ela rolou os olhos

- Sim, precisa. – Eu sorri.

- O quê?

- Precisa dormir, Sophia. – Eu bufei.

-Tá, já estou indo, manda um beijo pra ela quando acordar. – Ela sorriu e bateu a porta na minha cara, Lua e esse mau humor matinal. Sai correndo pro meu carro, assim que entrei, disquei o numero de Micael, coloquei o celular no suporte e no viva-voz. Dei partida no carro e ele finalmente atendeu.

- Oi, meu amor, dormiu bem?

- Oi, lindo. – Bocejei. – Dormi, mas ainda estou morrendo de sono.

- Eu também estou, já estou até aqui no trabalho.

- Foi pra casa ontem ainda? – Perguntei já sabendo a resposta.

- Que nada, fiquei lá com a Jéssica, ela estava bem triste. – Eu podia saber que ele estava dando de ombros.

- Você não parece...

- É porque eu acostumei com isso. – Falou sem sensibilidade nenhuma. – Essa é a terceira criança que ela perdeu...

- Micael, espero que você não tenha dito isso pra ela. – Disse brigando. – Eu não consigo nem imaginar a dor dela.

- Não disse né Soph. – Bufou. – É só que...

- É só que? – Ele suspirou.

- Que agora que estamos juntos seria estranho ter um filho com ela. – Desabafou.

- Eu sei que seria. – Suspirei. – Amor, tenho que desligar.

- Tudo bem, vou trabalhar um pouco também. Juízo aí hein. – Ele disse me arrancado risadinhas.

- Pode deixar que tenho de sobra. Te amo. – E o ouvi dizer que me amava e desliguei o telefone ainda sorrindo. Não demorei muito até chegar no local onde seria gravado o comercial. Eu não tive tempo para ler minhas falas, mas graças a deus não era muita coisa. Consegui decorar enquanto fazia meu cabelo e minha maquiagem.

Gravei quase o dia todo até que finalmente fui liberada, troquei de roupa e sai em direção ao hospital novamente.

Cheguei por volta de quatro da tarde e fui direto pro quarto do meu pai. Minha mãe tomou um susto quando entrei, logo depois sorriu.

- Oi, filha. – Meu pai falou antes dela,

- Oi gente. – Fui até eles e lhes dei um beijo no rosto. – Como está pai?

- Estou bem, Soph. Na medida do possível.

- Eu não tive tempo de marcar a sua cirurgia. Farei isso agora. – Ele assentiu e eu sai do quarto rumo a recepção. Por coincidência, encontrei a mãe da Jéssica lá. – Ei, a Jéssica já está bem? – Aquela mulher me olhou com sangue nos olhos.