Inevitável - Capitulo 75

Passei a manhã sem grandes casos, só dando uma estudada e me preparando porque logo teria uma audiência de um cliente e eu não estava com a menor cabeça pra aquilo. Sai do escritório ás 15 horas. Não vi meu pai e nem meu irmão na saída pra me despedir, mas mesmo assim sai.

Respirei fundo dentro do carro algumas vezes antes de descer e tocar a campainha. Eram 16:44 e eu realmente não tinha a menor ideia do que dizer aquela maluca. Bom, acho que começar chamando ela de maluca não ia ser bom.
Peguei a caixa de fotos, e então fui tocar a campainha. Branca atendeu.

- Micael? - Sua expressão era preocupada. - Aconteceu alguma coisa com a Sophia ou com meu neto?
- Não, tá tudo bem. - Disse sem graça.
- Então o que veio fazer aqui? - Confusão tomou conta de seu olhar.
- Por incrível que pareça, falar com a Luiza. - Ela negou com a cabeça. - Ela está?
- Está, mas você não pode ficar trocando de irmã sempre que quer. - Seu olhar de reprovação estava sobre mim e eu suspirei.
- Não vou trocar de irmã, Branca. Preciso conversar com ela. - Rolei os olhos e ela com um suspiro me deu passagem.
- Senta ai no sofá que eu vou chama-lá. - Assenti e agora estava me sentindo nervoso. Depois de minutos, ouço aquela voz debochada vinda do topo da escada.
- Eu acho que alguém aqui errou de casa. - Rolei meus olhos e a olhei caminhando pra perto de onde eu estava.
- Será que a gente consegue conversar sem fazer joguinhos um com o outro? - Ela deu de ombros e se sentou na poltrona a minha frente.
- O que você veio fazer aqui? Terminar de me matar? - Seus olhos estavam amedrontados. - Por que não bastou o que fez ontem?
- Luiza, eu só queria conversar com você. - Ela ficou quieta me olhando. - Mas antes, por que você tá com esse cachecol menina, tá calor. - Ela estava de regata e com um cachecol, nada a ver, mas sempre linda.
- Tu ainda me pergunta o motivo? - Riu sarcasticamente e então tirou o cachecol devagar. Eu vi em seu pescoço, marcas dos meus dedos e arregalei os olhos. - Satisfeito com o motivo?
- Eu... - Eu realmente não sabia o que dizer, estava me sentindo mal.
- Não se importe, você já me magoou de todas as formas possíveis, essa só foi mais uma, na verdade a menor delas.
- Me desculpa, nunca foi a intenção. - E não era mesmo, eu apenas me descontrolei porque ela ficou falando aqueles absurdos.
- Essa foi a sua intenção desde que voltei. - Deu de ombros e conseguiu realmente me fazer sentir culpado. Ela colocou o cachecol de volta e eu agradeci mentalmente. - Não foi sobre isso que veio falar.
- Não, não foi. - Mordi o lábio inferior sem jeito e peguei a caixa. - Achei isso no meu guarda-roupa e resolvi trazer pra você. - Estendi a caixa e ela pegou apreensiva. - Fica tranquila que não tem uma bomba ai. - Sorriu pra mim e eu suspirei. Ela abriu e quando viu o que era, seus olhos encheram de lagrimas e isso cortou meu coração. Não ia conseguir dizer o que precisava.
- Nossas fotos... - Dentro da caixa não tinha só o álbum do casamento, tinha todas as fotos que já tiramos na vida. - Por que você não simplesmente jogou fora?
- Sophia queria fazer isso. - Dei de ombros. - Mas são suas, você faz o que quiser. - Ela abriu nosso álbum de casamento e as lagrimas que estava prendendo, agora escorreram, mas ela tinha um sorriso ao virar as paginas e lembrar daquele dia, o antigo dia mais feliz da minha vida.
- O que você realmente quer vindo aqui, sendo legal e trazendo isso? - Me olhou desconfiada e então eu juntei todas as minhas forças.
- Eu pedi a Sophia em casamento, preciso que você assine o divorcio. - Não pude encará-la, mas ao ouvir os soluços, soube que aquelas lagrimas tinham piorado.
- Não acredito que você vem na minha casa, traz esse monte de fotos só pra me pedir o divorcio, Micael. - Ela gritou e eu enfim preferia essa Luiza, pelo menos eu podia gritar de volta e não ficaria com pena.
- Sim, eu preciso dela. O bebê vai nascer e a Sophia queria estar casada quando isso acontecesse.
- Ah, queria? - Debochou e eu revirei os olhos. - Pois ela vai ficar querendo, Micael.
- Ai Luiza, não complica as coisas. - Respirei fundo. Ela já tinha parado de chorar e seu olhar era furioso. - Por que você simplesmente não me deixa ser feliz ou deixa a sua irmã ser?
- Porque vocês me sacanearam. Não era pra estarem juntos. Sempre naquela de se odiarem, Micael. - Respirou fundo. - Era um sacrifício fazer você vir aqui e quando vinha, só ficavam discutindo. E tudo isso pra quê? Me diz, pra quê Micael? Pra eu não descobrir que no fundo você queria comer ela? É isso?
- Luiza, não da chilique. Você sabe muito bem que eu nunca gostei dela. Nós fomos obrigados a conviver, porque após o acidente eu vim morar aqui. Já contamos essa historia mil vezes.
- Não entra e nunca vai entrar na minha cabeça, vocês são dois traidores.
- Luiza, pelo amor de Deus, assina os papeis. - Supliquei e ela sorriu.
- Se eu puder atrapalhar o máximo possível esse "casamentinho" de vocês. - Fez sinal de aspas com as mãos. - Eu vou atrapalhar.
- Tudo bem então, eu sabia que não ia conseguir nada de você. Sinceramente não sei pra que tentei. - Levantei e sai caminhando lentamente em direção a porta.
- Micael, eu nunca vou te deixar em paz. - Ela gritou e eu então sai de vez e entrei no carro. Peguei o celular e disquei o numero de Sophia.

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