Inevitável - Capitulo 91

Eu já estava na sala de parto, mas não tinha nenhuma noticia de Micael. Eu realmente não queria dar a luz a nossa filha sem que ele estivesse aqui, mas não tinha como segurar isso. Como eu cheguei aqui sem dor e minha bolsa já tinha estourado, eles me deram um remédio pra ajudar nas contrações e agora eu estava praticamente chorando.


- Força, Mãezinha. - A médica dizia e eu queria socar ela. - Quando vier a contração você precisa empurrar. - Eu não tinha como responder, meus dentes estavam cerrados e a dor parecia insuportável. Eu não tinha mais força pra empurrar. - Estou vendo a cabecinha, começou a coroar. - Ela provavelmente disse pra me incentivar.
Já estava conformada com o fato do Micael não ver a nossa neném nascer, uma coisa que a gente planejou há meses. Mas então, eu só ouvi uma respiração acelerada de alguém que entrou na sala por ultimo. Micael apareceu no meu raio de visão com um sorriso que era tanto de força, tanto de desculpa. Ele segurou a minha mão.

- Força amor! - Deu um beijo na minha testa e então veio a ultima contração antes de Emily nascer. Quando seu choro invadiu o quarto, eu deixei meu corpo descansar na cama e meus olhos fecharem. Estava exausta. - Olha amor, como ela é linda! - Então eu abri meus olhos e vi o meu bebê.
- Deixa eu pegar um instante. - Estendi os braços e ele colocou no meu colo. - Oi, meu amorzinho! - Afinei a voz e ela parecia reconhecer, ficou calminha no meu colo. Logo veio uma enfermeira e pegou de mim para levar ao banho, Micael foi expulso do quarto e eu levei alguns pontos antes de ser encaminhada para o quarto, onde finalmente pude descansar.
Abri os olhos e não sabia quanto tempo tinha se passado, mas parecia ainda estar de noite, já que as luzes estava acesas. Eu fui acordada por uma enfermeira, não acordei sozinha, ela disse que a minha filha precisava mamar e que depois eu poderia dormir novamente. Ela saiu e quando voltou tinha a Emily nos braços. Eu não tirava o meu sorriso do rosto enquanto a enfermeira me passava minha filha e eu fiquei a observando. Ainda não tinha aberto os olhinhos, eu estava ansiosa pra saber qual seria a cor deles. Ela tinha a pele clara e era toda cabeludinha, um cabelo do mesmo tom que o de Micael. Era a bebê mais linda de todas.
- Onde está o meu marido? - Perguntei a enfermeira.
- Na sala de espera. Quer que eu chame? - Era muito simpática, eu apenas assenti. Aquele sorriso bobo atrapalhava a minha resposta. - Antes, sabe como amamentar? - Então eu a olhei, sabia fazer isso? Não, não sabia.
- Não... - Disse insegura e ela se aproximou ajeitando meu bebê numa posição favorável e eu botei o peito pra fora. Ela me ensinou técnicas pra não me machucar e algumas pra sair mais leite, mas eu só conseguia prestar atenção na força com que aquele pequeno ser humano sugava leite de mim. Eu estava definitivamente apaixonada.
A enfermeira cujo nome eu nem imaginava, saiu do quarto e eu nem percebi. Apenas reparei quando a porta se abriu, foi quando olhei Micael passando por ela com um sorriso parecido com o meu.

- Ela é tão linda. - Eu disse baixinho. - Parece com você.
- Ela é linda sim, mas eu acho que parece com você. - Ele ergueu a mão e fez carinho nela. - Me desculpa... - Ele começou, mas eu fiz "shh"
- Acho que agora o momento é de felicidade! - Seu sorriso se alargou muito mais.
- Eu te amo tanto! - Ele me deu um selinho.
- Não tanto quanto eu. - Ficamos ali parados olhando nossa filha mamar.
- Amor, nossa familia toda está lá fora esperando pra te ver. - Ele falou depois de um tempo. - Até o Felipe.
- Mas o Felipe não ia dormir na casa de um amiguinho? - Perguntei confusa.
- Ia, mas meu pai trouxe ele. - Deu de ombros. - Preciso da sua permissão pra deixar eles entrarem.
- Tudo bem, pode deixar. - Ele saiu por um breve momento e voltou acompanhado de um monte de gente, até a minha mãe estava ali. O que me deixa ainda mais sem saber por quanto tempo estive dormindo.
- Oi, gente. - Eu levantei o olhar, eles chegaram mais perto.
- Mas ela é linda. - Minha mãe tinha um tom de adoração na voz. - Linda demais.
- Claro que é. - Assenti, mais uma vez adorando minha bebê com os olhos.
- Parabéns, Sophia. - Luiza estava ali também. O que sempre me deixar sem saber qual é a dela.
- Obrigada, Luiza.
- Eu quero ver também! - Felipe disse do chão e eu ri, assim como todo mundo ali. Micael pegou ele do chão e ele olhou assustado. - Titia, isso não tá doendo?
- Não, amor. Isso é normal. - Sorri pra ele. - Você também mamou assim um dia.
- Eu não, credo. - Ele disse com nojo nos fazendo rir.
- Ah, agora fala credo né? - Luiza disse lá do fundo. - Mas na hora de acordar de noite querendo mamar não falava. - Ela também ria.
- Eu não fazia isso! - Ele respondeu sem nem olhar pra ela. - Fazia titia?
- Ué, não era em mim que você mamava né, tu mamava na sua mãe. - Expliquei e ele pareceu triste.
- Por que você não é a minha mãe? - E o clima ficou tenso no ar. Ninguém sabia o que responder e eu senti que por mais que Luiza não ligasse pro menino, isso a deixava triste.
- Chega né Felipe. - Micael disse e colocou ele no chão. Graças a Deus uma enfermeira entrou ali.
- Preciso levar a Emily pra alguns exames. - Disse num tom simpático.
- Mas por quê? Ela tem alguma coisa? Vocês suspeitam de algo? - Falei já desesperada.
- Calma, mamãe. - Sorriu de forma calorosa. - Sua bebê nasceu prematura por algumas semanas, só vamos nos certificar de que esteja tudo bem. - Então eu soltei o ar que não tinha nem percebido que estava prendendo.
- Tá bom. - E aquela mulher levou minha filha. Eu guardei meu peito e senti meus braços extremamente vazios. Ela encaixava tão bem ali...
- Vamos embora. - Ouvi Luiza cochichar pra Marlon e ele assentir. - Sophia, sei que não sou muito bem-vinda aqui, vou indo embora. - Ela falou mais alto.
- Não fica chateada. - Não que eu me importe. - Ele não falou por mal. - Ela só deu um sorriso forçado e então foi embora com Marlon. Aos poucos todos se despediram. Minha mãe e meu pai levaram o Felipe pra casa e o ultimo a sair foi o Jorge. Micael ainda estava ali.
- Você não vai embora? - Agora um pouco da raiva por ele não atender as minhas ligações estava voltando sem Emily no meu braço.
- Quer que eu vá? - Perguntou num tom chateado.
- Se não queria ficar na minha presença algumas horas atrás, vai querer agora por quê? - Alfinetei e ele suspirou.

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