Inevitável - Capitulo 88

Luiza foi embora assim que o jantar acabou e Marlon se trancou no quarto. Eu me despedi de Jorge, e fui dar um beijinho na testa de Felipe antes que ele dormisse. Por conta dessa barriga imensa, Micael tinha dado banho nele essas ultimas semanas.
Quando me deitei na cama ao lado de Micael, ele não disse nada, apenas ficou acariciando a minha barriga.


- Ela nos deu um susto né. - Quebrei o silencio e ele me deu um beijo na testa.
- Eu confesso que estou ansioso pra ela nascer logo. - Deu de ombros. - Esses últimos dois meses não passam nunca.
- Eu também estou ansiosa... - Suspirei - E com um pouco de medo.
- Medo de quê? - Ele tirou a mão da minha barriga e começou a fazer carinho em meu rosto.
- Medo de não ser boa o suficiente, de não ser uma boa mãe.
- Mas amor, você já é uma boa mãe. - Ele me disse num sussurro. - Você cuida do Felipe desde os oito meses e ele te ama como uma mãe.
- Mas é diferente. Não sei explicar. - Olhei em seus olhos. - Eu amo o Felipe de todas as formas possíveis, mas eu sei que se eu falhar em alguma coisa, ele tem a mãe dele.
- Que não vale de nada. - Ele rolou os olhos e me fez rir.
- Sophia, quando a mãe dele falhou, você estava aqui. - Meu sorriso se ampliou. - Você é a melhor mãe possível e não deveria ter essa insegurança, seremos a familia mais feliz que já existiu. - Me deu um beijo. - Assim que nós nos livrarmos da sua irmã.
- Impossível. - Gargalhei. - Agora ela vai ficar vindo aqui, não duvido nada.
- Quando eu penso nisso já da vontade de esganar o Marlon. - Apesar de suas palavras, o tom era leve, ainda estávamos num clima bom.
- Ela só está usando ele. Daqui a pouco ele percebe. - Me olhou desconfiado.
- O pior de tudo é que ele sempre ficou me enchendo porque eu tava casado, porque eu namorava e agora ele resolveu namorar justamente com ela, dentre todas as pessoas que existem nesse Rio de Janeiro.
- Está com ciumes é? - O olhei de lado.
- Não, estou com raiva. - Deitou olhando para o teto.
- Talvez ela comece a gostar mesmo dele, ai deixa a gente viver em paz. - Levei a mão a seu cabelo para fazer um cafune
- Não né, eu quero ela longe, não com o meu irmão. - Ele estava começando a ter raiva.
- Só que os dois são livres, você tem que aceitar. - Deitei minha cabeça em seu peito. - E acho melhor a gente dormir, porque senão vamos acabar em briga.
- Não vamos brigar. - Beijou o topo da minha cabeça. - Te amo.
- Nós também te amamos. - Respondi com um bocejo e deixei o sono me levar pra um mundo de sonhos.

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Nos dias que se seguiram nós não tivemos mais muitos problemas com o casal ternura. Eles estavam muito na deles, o que me deixava tranquila. Micael praticamente não falava com Marlon e a Luiza tinha retirado o pedido da guarda do Felipe após ter sido convencida por Marlon. O que ao meu ver, torna um pouco mais aceitável o relacionamento deles. Ele faz bem a ela. Ela não vem aqui todos os dias, mas umas duas vezes na semana dorme aqui. E hoje é um dia desses. Sexta-feira. Eu não perdia mais meu tempo discutindo com ela. Faltavam duas semanas pra Emily nascer e eu estava preocupada demais com isso pra dar alguma atenção pra isso.
Montamos o berço dela, no quarto de hospedes em que Felipe estava. Estávamos vendo a nossa casa, mas acredito que vamos ficar aqui por mais alguns meses até que Micael consiga juntar todo dinheiro da entrada. Já que ele era exagerado.

- Não vai buscar a namorada? - Perguntei a Marlon que estava comendo batata em frente a TV. Me sentei no outro sofá, ele estava assistindo um episodio de Friends e eu obviamente adoro.
- Não. Ela falou que ia vir sozinha. - Franzi a testa estranhando. Se tem uma coisa que ela odiava era andar de ônibus. - Sai mais cedo pra buscar, mas ela me mandou mensagem.
- Que estranho. - Dei de ombros.
- Pois é, mas em uns quinze minutos ela chega. - Sorriu pra mim. Obviamente ele gostava dela. Coitado.
- Fico feliz com essa relação de vocês. - Sorri de volta e ele rolou os olhos. - Nunca tivemos chance de conversar sobre isso.
- Fica feliz por que assim ela largou do pé do Micael? - Debochou enquanto mordia outra batata, espalhando farelos pelo sofá.
- Por isso também. - Ri sem graça. - Mas mais porque eu percebi que a Luiza tem um parafuso a menos. E você é uma pessoa boa. Ta tornando ela melhor. - Me olhou desconfiado.
- Tá falando isso pelo lance do Felipe né? - Dei de ombros.
- Tô falando isso porque é verdade. Ela nem arruma mais briga. - Ri e ele concordou com um sorriso. - É verdade o que dizem sobre gente feliz não encher o saco. - Dessa vez ele riu de verdade.
- Obrigada, cunhada! - Se levantou pra me abraçar, eu fiz a mesma coisa. Micael chegou bem na hora. Que droga, se fosse combinado não aconteceria.

- O que ta acontecendo? - Perguntou desconfiado jogando a pasta no sofá.
- Um abraço, tá cego? - Marlon foi grosso e eu vi Micael ficar roxo de raiva

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