Inevitável - Capitulo 66

- Filha? - Eu ouvi uma voz tímida me chamar de longe e respirei fundo antes de responder, me ajeitando melhor no sofá.
- Oi, mãe! - Ela se aproximou cautelosa e passos lentos

- Ér... eu queria te pedir desculpa por tudo. - Disse tímida, parecia que estava lhe custando muito estar ali. - Eu não me orgulho de ter acobertado Luiza nesse bando de mentiras.
- Você sempre acobertou a Luiza. - Rolei os olhos. - Não é como se fosse alguma novidade pra mim.
- Mas dessa vez eu sinto que fui longe demais, não era pra ter chegado a esse nível. - Ela fez uma careta. - E eu não acobertava Luiza, sempre amei as duas.
- Ah, para né mãe. - Rolei os olhos e ri. - Sempre que Luiza fazia merda quem apanhava era eu.
- Você estava metida também mocinha.
- Eu sou mais nova, ela me mandava fazer as coisas e eu inocente fazia. - Ri com as lembranças de um passado distante e percebi que ela sempre me manipulou.
- Tudo bem, eu deveria ter pensado nisso. - Ela deu de ombros e se sentou no sofá ao meu lado. - A questão é, filha, eu amo você também e me desculpe se eu te tratei mal ou escondi alguma coisa de você.
- Tá tudo bem, mãe. Sem a senhora a Luiza ia continuar me confundindo. - Ela sorriu.
- E eu quero que saiba que eu no começo não apoiava a sua relação com Micael, não era porque eu sou racista como ele disse. - Ela rolou os olhos como se fosse a coisa mais idiota. - Não sei nem como ele chegou nessa conclusão.
- Talvez porque você infernizou quando ele começou a namorar Luiza e fez a mesma coisa comigo? - Disse sarcasticamente e ela passou a mão por seu cabelo.
- Ele foi o primeiro namorado dela. É normal que os pais não gostem. - Disse como se fosse obvio. - E quando ele começou com você, eu acreditei que era só pra ter alguém como ela por perto.
- Eu nem me pareço com ela. - Bufei.
- Mas de qualquer forma é irmã. - Seus olhos pareciam graves. - Filha, eu amo você e me desculpa por dificultar a sua vida desde que Luiza voltou.
- Tudo bem, mãe. - Sorri pra ela e ela meio tímida me abraçou.

- Olha, que bonitinho! - Ouvi a voz debochada de Luiza e larguei minha mãe, estava prestes a voar em cima dela de novo, mesmo ela estando no alto da escada.
- Ah, Luiza, cala sua boca. - Disse revoltada e ela desceu rindo.
- Não se entendeu com o amor não? Por que ainda esta aqui? - Ela veio descendo e destilando todo seu veneno.
- Acho que você não tem nada a ver com a minha vida. - Ela nem vacilou e seu sorriso se ampliou ainda mais. - Como você pode ter duas personalidades? Mais cedo estava toda preocupada no hospital, agora esta ai, querendo meu mal.
- Nunca vou querer seu mal, Sophia. - Rolou os olhos como se fosse obvio. - E logico que estava preocupada com você, mas a briga pelo Micael é outro historia.
- Deixa de ser maluca, não existe briga pelo Micael, ele não quer você. - Agora sim o sorriso dela se fechou um pouco.
- Sei, claro. - Deu de ombros.
- Você ainda não desistiu? - Ela negou com a cabeça. - Tô começando a acreditar que você é realmente louca. - Eu ri, agora nem um pouco ameaçada por ela.
- Não sou louca, sei o que quero. - Ela sorriu de volta e eu simplesmente ignorei porque meu telefone começou a tocar. Atendi com um sorriso.

- Oi amor! - Ouvi assim que atendi.
- Oi, meu lindo! - Respondi e olhei pra cara da Luiza.
- Eu já comprei nossa cama. - Disse eufórico.
- Mas que menino rápido! - Ri e me levantei pra ir para o quarto, mas fiquei tonta e fui amparada pela minha mãe.
- Sophia, - Ouvi a voz alarmada de Micael antes de tirar o telefone do ouvido pra me apoiar no braço do sofá.
- Você precisa comer, Sophia. - Minha mãe disse e eu assenti. O medico já tinha mandado. - Vamos pra cozinha que vou preparar algo pra você comer.

Eu assenti e quando finalmente a tontura passou eu coloquei o telefone no ouvido e ouvi Micael desesperado falando um monte de coisas que não entendi.

- Menino, calma. - Disse com uma risadinha e eu ouvi seu suspiro. - Eu tô bem, foi só uma tontura.
- Eu já estava quase indo de volta praí. - Disse já mais calmo e me fez rir.
- Relaxa, eu estou bem. Agora vai pra casa porque eu vou comer aqui. Mais tarde a gente se fala.
- Tá bom, se acontecer qualquer coisa, me avisa, pelo amor de Deus. - Eu sorri com a sua preocupação.
- Te amo! - E ele disse "te amo" de volta e enfim desligamos, meu sorriso não saia do rosto.

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