Inevitável - Capitulo 83

- Tchau, mãe. - Me despedi na porta e suspirei. Voltei pro sofá e ver Micael e Felipe brincando não tinha preço. - Você deve ser o melhor pai do mundo, sabia?
- Devo ser? - Arqueou uma sobrancelha e me encarou. - Eu sou, mulher! - Eu cai na gargalhada e me sentei junto deles.

- Papai, hoje a Emily chutou a mamãe! - Denunciou depois sorriu. - Ai eu falei que ela não podia, ela fez de novo. Eu senti. - Eu olhei pra ela com adoração, tinha me chamado de mãe e nem tinha reparado.
- Ela só se mexeu. - Micael explicou. - Tá apertado ali pra ela.
- Mas não pode machucar a titia né?! - Disse bravo.
- Não sabendo que está machucando, ela não sabe. - Explicou mais uma vez e meu coração se derreteu ainda mais.
- A Emily está ouvindo vocês, viu. - Coloquei a mão na minha barriga e sorri com a pontada.
- Ah, eu quero sentir também. - Micael não tirou o sorriso do rosto enquanto esperava ela se mexer. - Filha, se mexe pro papai. - Disse com uma voz fofa de criança e me fez rir. Então, ela se mexeu. - Que linda.
- Como você sabe que ela é linda? - Perguntei ainda rindo e ele me olhou.
- Olha a mãe que ela tem! - Bufou expressando o quanto era obvio.
- Eu adoro a forma como você me faz rir. - Eu me aproximei e ele veio me beijar., mas Felipe ali no meio nos separou.
- Ah, não né, que nojo. - Fez uma carinha muito bonitinha.
- Eu e sua tia precisamos conversar. - Micael disse sério.
- Ah, claro. Conversar. - Se levantou batendo o pé e pegou a bola, saindo assim correndo pro quintal.
- Credo, Micael. - Adverti. - Tadinho.
- Quero conversar mesmo. - Estava sério. - O que nós vamos fazer?
- Hã? - Perguntei confusa.
- Sophia, nós temos que vender essa casa, pelo menos anunciar, o prazo é de apenas alguns dias.
- Eu imaginei. Não sei o que vamos fazer. - Dei de ombros. - Talvez alugar até conseguir comprar uma.
- Sabe que mesmo assim, a casa tem que ser vendida com todas as coisas dentro, menos as que nós compramos recentemente. Então, a mobília da nossa casa é a nossa cama. - Ele riu.
- E o berço da Emily né. - Disse chateada. - Ainda bem que não comecei a montar o quarto dela. Poderia estragar ficar desmontando e montando as coisas.
- Eu sei, mas vamos superar isso. Ai nunca mais teremos ela atrapalhando a nossa vida.
- Deus queira que sim!

Micael narrando. 

Uma semana se passou e eu já tinha anunciado a casa e já tinha um cliente interessado, o que não tinha era pra onde ir com a minha familia ainda.
- Ouviu, Micael? - Senti o dedo do meu pai me cutucando e levei um susto.
- Aham. - Menti.
- Então repete. - Desafiou.
- Ah, dá um tempo, pai. - Tirei a tampa da caneta que estava mordendo da boca e a coloquei sobre a mesa.
- Dá um tempo não, você está trabalhando, eu preciso que preste atenção. - Ele esbravejou. - O que aconteceu?
- Tenho que vender a casa e provavelmente vou ter que alugar outra pra ficar até conseguir dar entrada em uma nova.
- E por que não fica lá em casa? - Eu levantei o olhar e o encarei.
- Talvez porque você não tivesse oferecido. - Tentei debochar.
- Talvez porque você não tivesse dito que precisava. - Ele debochou ainda mais e eu rolei os olhos.
- De qualquer forma, tenho que ver com a Sophia! - Dei de ombros. - Não posso tomar essa decisão sem ela.
- Claro, porque tem muitas opção, tipo qual ponte escolher. - Eu o olhei feio.
- Até parece que isso ia acontecer. - O encarei sério.
- Bom, a minha neta precisa de tranquilidade quando nascer. Dei a opção, vocês decidem. - Suspirei.
- Tá bom, falo com ela a noite e amanhã te digo. - Ele assentiu e antes de sair.
- Foca no trabalho, porque não vai ser legal alem de ser um sem-teto, ser um desempregado. - E saiu da minha sala rindo. Eu bati a cabeça na madeira da mesa respirando fundo, as vezes o deboche dele me irritava.

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