Medo de Amar - Capitulo 103


- Amor, vamos deixar isso pra lá, por favor. – Pediu e voltou a se deitar no colo de Sophia. – Eu não quero mais falar dela e nem do meu pai.

- Tudo bem. – Deu um beijo em sua cabeça. – Tudo o que você quiser. – Confortou o namorado por bastante tempo até que ele estivesse dormindo, não demorou pra pegar no sono junto com ele.

Na manhã seguinte Micael acordou cedo e foi trabalhar no seu horário correto, chegou até um pouco antes, surpreendendo seu pai. Foi direto pro estoque fazer a lista do que deveria comprar ou não para o próximo dia e o que deveria comprar para o restante da semana. Jorge apareceu atrás dele e colocou a mão em seu ombro.

- Está tudo bem? – Perguntou ao filho. – Acho que nunca vi você aqui tão cedo. – Brincou.

- Agora vai brigar comigo porque eu cheguei cedo? – Micael ergueu uma sobrancelha.

- Você ou é oito ou oitenta. – Riu junto com o filho.

- Pai, me desculpa pelas coisas que eu disse ontem. – Ele tampou a caneta e a colocou junto com a prancheta em cima de uma caixa que tinha ao seu lado. – Eu fico nervoso e acabo sendo inconveniente.

- Está tudo bem, foi uma surpresa pra todos nós a sua mãe voltar a ligar. – Ele deu de ombros como se pouco se importasse, mas Micael sabia a verdade.

- Como assim voltar a ligar? – Ergueu uma sobrancelha. – Ela nunca ligou pra mim não.

- Mas ela já ligou pra mim. – Deu de ombros. – Muitas vezes. – Jorge desviou o olhar. – Ela sempre pediu informações de você.

- Ela sempre o quê? – Micael estava em choque. – Como assim ela ligava pra saber de mim? Por que você nunca me disse uma coisa dessa?

- Ia te fazer bem? – Jorge cruzou os braços. – Você era uma criança, ia te fazer bem saber que a sua mãe ligou e perguntou “Micael está bem?” e depois só ligou no outro mês? Você realmente acha que eu devia ter falado?

- Você não tinha o direito de esconder que ela se preocupava comigo. – Apontou o dedo pra Jorge, lá estava ele perdendo a razão novamente. – Eu queria falar com ela quando era criança, eu morria de saudade dela.

- Só que ela não queria falar com você. – Jorge se manteve firme. – Nós dois concordamos que ia ser muito pior, muito mais difícil de você se acostumar com a partida dela.

- Ah, vocês dois concordaram. – Ergueu uma sobrancelha. – Ótimos pais.

- Você era uma criança Micael, eu tinha que decidir o que era melhor pra você, e nós dois decidimos isso.

- Eu cresci pai. – Rangeu os dentes. – Eu deixei de ser criança faz muito tempo.

- Eu mantive sua mãe informada sobre você até os seus dezoito anos. Quando você viajou pra França, acabou todo contato que eu tinha com ela. – Ele estava descrente, praticamente foi enganado pelos dois. – Ela tinha dito que falaria com você, mas com os anos passando eu acho que já tivesse desistido.

- Você me enganou esse tempo todo, você fez eu achar que tinha sido abandonado!

- Não fale como se a culpa fosse só minha! – Falou um pouco mais alto. – Nós somos seus pais e decidimos o que era melhor pra você, ponto. Isso é ser pai, você pode até ter raiva de mim, mas quando tiver seus filhos você vai entender.

- Será que pode me deixar sozinho? – Falou baixo e controlado, não queria perder a razão e acabar brigando feio com o pai novamente. – Eu preciso trabalhar.

- Tudo bem, Micael. – Balançou a cabeça. – A gente continua com essa conversa depois. – Saiu do estoque sem falar mais nada e deixou ali um Micael bem pensativo.




- Eiii! – Mel atendeu a porta empolgada. – Faz muito tempo que você não vem aqui em casa!

- E bota tempo nisso! – Sophia sorriu. – Chay está por ai?

- Não, a essa hora ele está trabalhando. – Ela rolou os olhos. – Mas me conta, o que você tem de tão importante pra falar?

- Então, ao contrário de você eu odeio essa vida de dona de casa. – Mel fez uma careta. – Eu estive conversando com a Lua e com o Micael e os dois me incentivaram a começar uma carreira de modelo. – Mel arregalou os olhos. – Só que eu preciso da sua opinião, você é do ramo né amiga, pode me dar umas dicas, ou me trazer pra realidade dizendo que eu não tenho chance.

- Ué, você trabalhava selecionando modelos, você não sabe se tem chance? – Ela gargalhou. – Deveria saber.

- É que quando o assunto somos nós mesmos a gente perde um pouco da noção. – Ficou sem graça. – Eu vim pedir ajuda, preciso muito disso.

- É claro que eu te ajudo, essa vida de dona de casa é um tédio real! – Fez uma careta. – Eu ainda tenho uns contatos, vou mandar o seu book pra eles e cobrar uns favores, mas logico que depois que a gente fizer o seu book. – Sorriu. – Um bem maravilhoso.

- Ahhhh! – Estava contente. – Eu amo você, obrigada Melzinha.

- Eu sei que ama. – Ela brincou. – Ó, eu vou te levar ao meu fotografo preferido e ele vai tirar fotos de você que você mesma não vai se reconhecer. – Ela correu até o quarto e pegou o celular. Ligou e não demorou a marcar uma hora com o fotografo.

- Melzinha, o Chay não vai implicar com isso não né? – Ela soltou um suspiro pesado. – Eu não quero trazer problemas pra você, mas é que eu acho um absurdo ver você deixar de fazer algo que tanto ama por causa dele.

- A noite eu converso com ele. – Ainda tinha uma careta. – Não tem sentido ele implicar com isso sendo que eu não vou fotografar ou fazer nenhuma campanha publicitaria.

- Depois você me avisa então, se tudo der certo. – Assentiu. – Agora vamos, você precisa me dar algumas dicas antes da sessão de fotos.

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